62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 5. Oceanografia
PRÁTICA OCEANOGRÁFICA: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR DO BAIXO ESTUARIO DO RIO Mundaú
Daysiane Barbosa Brandão 1
Pedro Henrique Lima Silva Morais 1
Diego Holanda Pereira de Souza 1
Thiago Holanda Basílio 2
Lidriana de Souza Pinheiro 3
Maria Oziléa Bezerra Menezes 4
1. Universidade Federal do Ceará/UFC, Instituto de Ciências do Mar/Labomar
2. Estudante de Mestrado de Engenharia de Pesca da Universidade Federal doCeará
3. Profa.Dra. Instituto de Ciências do Mar/Labomar - UFC
4. Profa. Dra./Orientadora, Instituto de Ciências do Mar/Labomar - UFC
INTRODUÇÃO:

O estuário do rio Mundaú, pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio Mundaú, que se localiza no Litoral Oeste do estado do Ceará, na cidade de Traíri, a aproximadamente 165 km de Fortaleza (SEMACE, 2010). Esta região é de meso-maré semi-diurna. O presente trabalho está vinculado à realização de aulas práticas da disciplina de Introdução à Oceanografia, do curso de Oceanografia do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Tendo como objetivo a caracterização ambiental da área do baixo estuário do rio Mundaú, através de levantamentos preliminares, determinando in situ alguns parâmetros, tais como a temperatura da água, pH, oxigênio dissolvido, salinidade, profundidade, condutividade e profundidade de transparência da água. Este local foi escolhido, por ser uma área de preservação ambiental (APA), mas que sofre degradações por conta de alguns impactos antrópicos, como o turismo, a pesca e a carcinicultura. Esta prática tem ainda como objetivo incentivar os estudantes do curso de Oceanografia a procurar medidas de conscientização e preservação ambiental para região.

METODOLOGIA:

No dia 23 de março de 2010, inicio do período chuvoso no nordeste brasileiro, em maré de quadratura vazante, foram coletados alguns dados físico-químicos em duas estações ao longo do perfil vertical (superfície, meio e fundo) da coluna d'água do estuário do rio Mundaú.

A atividade pratica foi realizada a bordo de um catamarã que realiza atividades turísticas no estuário, contando com a participação de 30 estudantes do 1º semestre do curso de Oceanografia. Foi utilizado um GPS para determinação da localização; disco de Secchi (DS) para determinação da profundidade de transparência da água; uma sonda Horiba para obtenção de salinidade (S), temperatura (T), turbidez (t), condutividade (C), Oxigênio dissolvido (OD) e profundidade (P). A fim de comparar os dados obtidos pela sonda Horiba, usou-se um CTD SAIV SD204 para coleta da salinidade (S'), temperatura (T') e profundidade (P'). Com uma Van veen, foram coletados sedimentos nas duas estações. Os estudantes participaram da coleta dos dados. Além disso, foram feitas observações acerca dos impactos ambientais, da flora e da fauna da região e das atividades sócio-econômicas desenvolvidas na região.

RESULTADOS:

Na estação 1 (W - 39o 22' 41,4" e S - 03°10' 5,2") às 14:10h. Dados coletados: 1) na superfície: S: 35, T: 30,3ºC, t: 2 UNT, 2, pH: 7,37, C: 5,1 e OD: 8,55g/L. DS: 1,5m. Sedimento arenoso. Nesta estação só foi possível coletar dados de superfície, pois a corrente era forte e o equipamento derivou, por estar com pouco peso.

Na estação 2 (long: W - 39° 24' 9,3" e lat: S - 03° 11' 26,4") às 15:11h. Dados coletados: 1) na superfície: S: 30, T: 30,7ºC, t: 0,6 UNT, pH: 7,61, C: 4,7, OD: 8,15 g/L, P: 0,30 m, S': 30,87, T': 29,24°C, P':0,34 m. 2) no meio: S: 30, T: 30,71ºC, t: 0,8 UNT, pH: 7,66, C: 4,7, OD: 8,11 g/L H2O, P: 1,7 m, S': 30,87, T': 29,21°C, P':1,71 m. 3) no fundo: S: 31, T: 30.56ºC, t: 0,4 UNT, pH: 7,7, C: 4,8, OD: 8,41g/L H2O e profundidade de 3,5m. DS 1,4m. S': 31,56, T': 29,13°C e P': 3,35 m. O sedimento de fundo é caracterizado por lama areno-argilosa. Os dados de temperatura, salinidade e pH coletados na aula prática corroboram com os obtidos pelo ZEE 2005.
CONCLUSÃO:
Conclui-se assim que a estação 1 e 2 tiveram valores de salinidade turbidez e oxigênio dissolvido diferentes, sendo maiores na estação 1. Isso se deve ao fato da estação 1 localizar-se na foz do rio, tendo assim, uma maior influência das águas salinas na salinidade, o encontro das águas, doces e salinas, geram uma maior turbidez e isso gera uma maior mistura nos gases dissolvidos, explicando a taxa de oxigênio dissolvido. Nos dados de CTD e Horiba, na estação 2, percebe-se que a salinidade mantém-se semelhante, contudo a temperatura varia. As concentrações dos parâmetros de pH, oxigênio dissolvido se enquadram na categoria de água salobra, na classe 1, da resolução 357 de 2005 do CONAMA. Ainda de acordo com essa resolução observou-se que o valor de oxigênio dissolvido esta na faixa de ambiente não eutrofizado. Os estudantes puderam perceber nessa atividade a metodologia de coleta dos parâmetros físico-químicos, sendo uma experiência positiva no aprendizado a partir da apresentação dos conteúdos abordados na atividade prática. Portanto, a relevância deste trabalho encontra-se no conhecimento adquirido na realização desta prática e na obtenção de dados científicos para uma caracterização preliminar do estuário analisado.
Instituição de Fomento: UFC- Labomar - Programa de Educação Tutorial/PET - Oceanografia
Palavras-chave: Parâmetros físico-químicos, Caracterização ambiental, Estuário.