62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM RELAÇÃO À DIVERSIDADE SEXUAL NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN.
RAYANNA CATARINA RÊGO DA COSTA 1
DANIELE DA SILVA MACÊDO 1
DAYARA ALVES FERRO 1
PÂMELA KATHERINE NELSON CAMPERO 1
ROSANE SILVA DE OLIVEIRA TEIXEIRA 3
ROBINSON DIAS DE MEDEIROS 1, 2
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2. Departamento de Toco-ginecologia
3. Universidade Federal de Campina Grande
INTRODUÇÃO:
A diversidade sexual representa as várias formas de expressão da sexualidade em sua complexidade. Trata do aspecto biológico representado pelo homem/mulher e seus sistemas reprodutores, das diferentes orientações afetivo-sexuais do desejo (heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade), de gênero e diferentes identidades de gênero (masculino, feminino, travestilidade e transexualidade), de papéis/comportamentos sociais de homem e mulher, independente do sexo biológico, sendo a identidade de gênero formada ao longo da vida através da imagem física, de como a pessoa é tratada e de como ela se sente.Assim, a partir da década de 1970, ocorreu inclusão do debate sobre a diversidade sexual e de gênero no espaço acadêmico devendo-se, historicamente, à pressão dos grupos feministas, gays e lésbicos que denunciaram a exclusão de suas representações de mundo nos programas curriculares das instituições escolares. A constituição garante por lei a igualdade de direitos e o direito a um atendimento de saúde adequado e sem nenhuma discriminação. Nessa perspectiva o presente trabalho visa traçar um perfil acerca do conhecimento dos profissionais de saúde de nível superior do Sistema Único de Saúde - SUS, sobre sexualidade, gênero e desafios na atenção à saúde.
METODOLOGIA:
Através da formação obtida na disciplina de Saúde Reprodutiva, do departamento de toco-ginecologia da UFRN, e discussão em uma Mesa Redonda sobre Diversidade Sexual e os Novos Desafios na Atenção à Saúde promovida pelo departamento, estruturou-se um estudo sobre o nível de conhecimento dos profissionais da Saúde com nível superior acerca da temática sobre sexualidade, gênero e desafios na atenção à saúde. Solicitou-se a cada profissional a apreciação do termo de Consentimento Livre e Esclarecido e com a sua concordância e assinatura foi convidado a responder um questionário estruturado pelos pesquisadores deste grupo. Este foi dividido em duas partes, a primeira relativa à identificação e a segunda composta por doze perguntas relativas ao nível de conhecimento acerca da temática, abrangendo termos específicos, informação de políticas públicas voltadas a essa categoria e o nível de formação, como também sua opinião relativa ao preconceito e a sua postura em lidar com essa clientela. O estudo foi realizado na rede do SUS de Natal RN, contemplando profissionais escolhidos aleatoriamente, com a prerrogativa de possuírem nível superior e atuarem na rede SUS de Natal-RN. Os dados coletados foram consolidados e analisados através da freqüência simples dos resultados.
RESULTADOS:
Participaram da pesquisa 97 profissionais de diversas áreas da saúde do SUS de Natal-RN com 18,47 anos em média de atuação profissional. Quando levados a fazer uma análise do seu grau de informação sobre as questões éticas, legais e sociais da sexualidade humana, 61% consideram-se pouco informados, 20% desinformados, apenas 18% bem informados e 1% não respondeu. Tal falta de informação tem um impacto importante na prática profissional, pois 39% precisou fazer orientação sexual e reprodutiva para clientes não-heterossexuais, mesmo não trabalhando em serviço destinado a este público, e desses, 37% não se sentiu preparado para lidar com a situação. Quando questionados sobre a existência de preconceito dos profissionais da saúde no atendimento 70% dos participantes acreditam que há preconceito enquanto apenas 30% afirma não haver preconceito. Foi feito um breve questinamento para se investigar o conhecimento e opinião dos profissionais sobre diversidade sexual e sexualidade, em relação termos aplicados na designação de diferentes apresentações e práticas. Um questionamento referiu-se sobre o conhecimento de algum serviço no SUS que prestava atendimento à população GLBTS (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros e Transexuais), 91% responderam que não conheciam nenhum serviço.
CONCLUSÃO:
A pesquisa mostrou o despreparo da maioria dos profissionais para o atendimento dos pacientes gays, lésbicas, bissexuais e transgênero. A maioria não foi instruída na graduação tampouco durante a sua prática profissional com cursos de atualização em relação à diversidade sexual encontrada na prática, de suas apresentações e conceitos. O desconhecimento dos profissionais em relação às políticas públicas direcionadas aos não-heterossexuais retrata a realidade brasileira uma vez que só possui programas para esse público, voltados à epidemia da AIDS. Isso requer dos gestores o desenvolvimento de estratégias que promovam a capacitação e o envolvimento dos profissionais com as questões relativas à prevenção dos agravos à saúde dessas pessoas e aos desafios que se apresentam hoje para a promoção da saúde sexual e reprodutiva da população.
Palavras-chave: Diversidade Sexual, Profissionais da Saúde, SUS.