Diante de tantas campanhas acerca da alfabetização de jovens e adultos, criadas e extintas no Brasil criou-se pela Lei nº 5.379 em 1967 o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). Está pesquisa é importante uma vez que preenche lacunas no vazio historiográfico, pois não tem-se conhecimento de estudos cientificas referente as ações do MOBRAL em Patos de Minas/MG nesse contexto. Portanto é através da história local que pode-se compreender as relações entre o local e o nacional. Neste sentido, os estudos realizados em âmbito local propiciam a compreensão histórica do fenômeno educativo, já que tem-se a oportunidade de fazer leituras mais aprofundadas acerca de suas singularidades. A partir de tais pressupostos, surgiu a necessidade de compreender e analisar as especificidades do MOBRAL como também suas influências em Patos de Minas entre 1970 e 1980, período este em que o projeto se estruturou como instância política e pedagógica da qual objetivava erradicar o analfabetismo. O MOBRAL tinha como meta prioritária erradicar o analfabetismo em dez anos de atuação já que o índice de analfabetismo da população se encontrava elevado. Esta pesquisa tem como objetivo analisar o ideário, o desenvolvimento e as práticas pedagógicas do MOBRAL, em Patos de Minas/MG, entre 1970 e 1980.

Dentre as fontes deste estudo, são privilegiados o referencial teórico específico: Correa (1979), Paiva (1987), Haddad (1991), Soares (1995), Beisiegel (1974) e Jannuzzi (1979), os documentos oficiais, a história oral (entrevistas com ex-supervisora de área, ex-professoras e ex-alunos), os anuários do IBGE de 1970 e 1980, os manuais pedagógicos e a imprensa local.

O MOBRAL foi criado em 15 de dezembro de 1967, pela Lei n. 5.379, no entanto, sua implantação em Patos de Minas ocorreu apenas em  17 de setembro de 1970, demorando portanto quase três anos para que este fosse desenvolvido. Tal Movimento foi uma das expressões político-educacionais do período da ditadura militar e a concepção, que o informava, compreendia a educação como qualificação de mão de obra, e visava integrar a massa de analfabetos ao processo capitalista. Os princípios como conscientização e participação não prevaleciam, posto que poderiam levar a uma transformação social e, no momento, o que importava era represar os interesses democráticos. O MOBRAL foi um projeto de caráter ideológico-político, embora pretendesse ser alfabetizador. Nesse sentido, pouco privilegiou os interesses democráticos em favor de uma parcela significativa, a dos analfabetos. O MOBRAL em Patos de Minas não alcançou o objetivo central o de erradicar o analfabetismo de adolescentes e adultos até 1980, pois os dados do IBGE mostram que em 1980 ainda havia cerca de 23,7% de homens e 25,8% de mulheres sem escolaridade, índice este, considerado elevado diante do discurso desenvolvido no decorrer da década de 1970 por este movimento.

Ao analisar a educação após  dez anos de atuação do MOBRAL verificou-se que as mudanças não foram significativas, já que os índices de pessoas sem escolaridade e ou apenas com as séries iniciais ainda continuam elevados. Os dados obtidos acerca da atuação do MOBRAL em Patos de Minas demonstrou que esse projeto não saiu do papel, uma vez que o seu discurso oficial não condiz com as suas ações em termos práticos. No projeto MOBRAL a proposta de educação era baseada nos interesses políticos do regime militar, por isso era necessário o jogo ideológico, do qual pregava-se o discurso de que seus alunos saiam capacitados para o mercado de trabalho, o que propiciaria a estes melhor qualidade de vida, além de prepará-los para o exercício da cidadania. No entanto, sabe-se que dificilmente haveria a melhoria na renda da população carente, uma vez que o modelo de desenvolvimento era excludente e concentrador de renda. Quanto a participação social não seria possível, pois o MOBRAL desenvolveu-se no período da ditadura que reprimiu as massas populares. O MOBRAL, partiu de uma visão de mundo predeterminada, uma vez que seus objetivos eram previamente definidos não dando oportunidade a população para discutir o caminho mais viável para executar o projeto.