62ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais |
AVALIAÇÃO ANTI-Candida DE EXTRATOS OBTIDOS A PARTIR DO RESÍDUO DESCARTADO DO SISAL (Agave sisalana) |
Jener David Gonçalves dos Santos 1 Alexsandro Branco 1 Alice Ferreira da Silva 2 Ana Paula Trovatti Uetanabaro 3 |
1. Lab. de Fitoquímica,Depto de Saúde, Univ. Estadual de Feira de Santana - UEFS/BA 2. Laboratório de Pesquisa em Microbiologia (LAPEM), - UEFS 3. Centro de Biotecnologia, Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC/BA |
INTRODUÇÃO: |
A resistência contra algumas drogas sinalizam a necessidade de descobrir novos agentes antifúngicos com novos mecanismos de ação. Candida albicans é um patógeno que pode causar infecções locais e sistêmicas em pessoas predispostas, como imunocomprometidos. Terapia com corticóides ou antineoplásicos e o uso de dispositivos intravenosos contribuem para a ocorrência de candidíase. A aderência da levedura à superfície celular, a formação de tubo germinativo com conseqüente desenvolvimento da forma filamentosa, a variabilidade fenotípica switching, a produção de toxinas e enzimas extracelulares constituem os fatores mais importantes para o desencadeamento de infecção por C. albicans. A planta Agave sisalana, popularmente conhecida como sisal, apresenta importância econômica para a região nordeste do Brasil como fornecedora de fibras duras. Atualmente, o Brasil é responsável por mais de 44 % da produção mundial de sisal. Neste processo o aproveitamento da planta pela indústria de fibras é de aproximadamente 5 %, sendo o restante descartado na forma de resíduo. Neste sentido, pesquisadores têm descrito os aspectos positivos do uso do resíduo de sisal como adubo, praguicida e como alimento para animais. Neste trabalho verificou-se a atividade anti-Candida de extratos do resíduo do sisal. |
METODOLOGIA: |
O resíduo de sisal (7Kg) foi submetido à extração com água destilada (90 ºC) /1 hora) e após a filtração foi adicionado solução hidroalcoólica (80 %) permanecendo em repouso por 18 horas. Em seguida, verificou-se a formação de precipitado que foi separado e o sobrenadante submetido à partição com acetato de etila e isobutanol para fornecer os extratos acetato de etila (EAC), butanólico (EBU) e aquoso (EAQ). Em seguida, alíquotas dos extratos foram analisadas em RMN de ¹H, utilizando dimetilsulfóxido deuterado como solvente. Os EAC, EBU e EAQ foram fracionados em coluna aberta recheada com sílica. As frações com mesmo perfil químico para saponinas esteroidais foram reunidas e fracionadas em sucessivas permeações |
RESULTADOS: |
As análises de RMN ¹H dos EAC, EBU e EAQ apresentaram sinais característicos de saponinas esteroidais quando comparadas com uma saponina semi-purificada. As análises, em CG-MS, da fase apolar da FRSE de cada extrato, após hidrólise ácida, revelou que todos os cromatogramas apresentaram pico em 8,13 minutos (min) e outros dois picos entre 6 e 7 min. Entretanto, a FRSE do EAC apresentou um pico majoritário em 8,13 min em relação aos outros extratos. Os picos eluidos entre 6-7 min, em todos os cromatogramas, apresentaram o íon molecular de m/z 416 [M]+ e os pico em 8,13 apresentou íon molecular de m/z 430 [M]+. Todos os espectros de massas apresentam o fragmento m/z 139 [M]+ característico para sapogeninas espirostanas. A diferença de massas (14 Daltons) entre os compostos eluidos foi atribuída a esteróides não carbonilados e carbonilados em C-12, respectivamente. A atividade do EBU (CIM = 190 μg/mL) apresentou forte inibição quando comparado com o EAC (CIM = 50000 μg/mL) e EAQ (CIM =100000 μg/mL) segundo classificação descrita por Duarte e colaboradores (J Ethnopharmacol, 97, 305, 2005) para atividade biológica de produtos vegetais. Esse dado indica que houve concentração dos componentes bioativos no EBU. |
CONCLUSÃO: |
Considerando os resultados nota-se que há potencial antifúngico no extrato butanólico, e por esse motivo novos ensaios devem ser efetuados visando à melhor exploração desse extrato na busca de uma alternativa promissora contra infecções causadas por Candida albicans, a partir de resíduos agro-industriais de Agave sisalana. |
Instituição de Fomento: CNPq; FAPESB; CAPES. |
Palavras-chave: Agave sisalana, resíduo do sisal, Candida albicans. |