62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA DE SEMENTES DE Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong. - LEGUMINOSAE
Iohana Weber Both 1
Fernanda Féboli Mansano de Abreu 1
Tatiane Gonçalves de Carvalho 1
George Adriano De Lamônica 1
Aílton Augusto Fagundes Silva 1
Joana Maria Ferreira Albrecht 1
1. Depto. de Engenharia Florestal, Fac. de Engenharia Florestal - UFMT
INTRODUÇÃO:

A dormência é um mecanismo de sobrevivência das espécies caracterizado pela incapacidade de germinação de sementes mesmo quando são expostas a condições ambientais favoráveis. (Vieira e Fernandes, 1997).

Em laboratório, diversos métodos têm sido testados na superação desse tipo de dormência, sendo os mais utilizados, a escarificação mecânica e a escarificação química, principalmente com ácido sulfúrico (Popinigis, 1977; Ramos & Zanon, 1985; Willan, 1990; Brasil, 1992, apud MIRIAN et al,1993) e a  embebição em água (Willan, 1990, apud MIRIAN et al,1993). A escarificação mecânica consiste em esfregar as sementes contra superfícies abrasivas, tais como lixas ou pedras e a escarificação química consiste na imersão das sementes em soluções como a de ácido sulfúrico, por períodos de tempo variáveis a cada espécie.

Enterolobium contortisiliquum é uma espécie propícia para reflorestamento de áreas degradadas de preservação permanente em plantios mistos, principalmente por seu rápido crescimento inicial. Suas sementes apresentam germinação de forma lenta e irregular, devido à impermeabilidade do tegumento.

Este trabalho teve como objetivo determinar a melhor metodologia de superação da dormência de sementes de Enterolobium contortisiliquum.
METODOLOGIA:

Os frutos de E. contortisiliquum foram coletados no campus da Universidade Federal de Mato Grosso - Cuiabá, adequado a um modelo de árvore matriz. Foi determinado o grau de umidade das sementes em estufa sob temperatura de 105±3ºC por 24h, conforme as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992).

Os procedimentos foram: imersão em água à temperatura ambiente por 24h, 48h e 72h; imersão em água fervente por dois min., três min. e até o resfriamento; imersão em ácido sulfúrico 75% por 15 min., 30 min., 60 min.; e por 90 min. e tratamento testemunha. As sementes tratadas com ácido foram lavadas em água corrente até completa remoção. As sementes foram organizadas em papel germitest, sendo duas folhas embebidas em água destilada por baixo e uma por cima.

O teste de germinação foi realizado com 4 repetições de 25 sementes, em rolos de papel, sob temperatura constante de 25°C +/- 2°C com fotoperíodo controlado, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado. As avaliações foram realizadas diariamente no mês de novembro de 2009, considerando-se como germinadas as sementes que emitiram radícula. Durante as avaliações os rolos foram re-umedecidos quando necessário. Para análise estatística usou-se a ANOVA com aplicação do Teste Tukey a 5% com auxilio do programa estatístico SisVar.

RESULTADOS:

O teor médio de umidade em base úmida de sementes de E. contortisiliquum foi de 42,75%.

Os tratamentos com maior taxa de germinação foram os escarificados quimicamente com ácido sulfúrico 75%, sendo 100%, 98% e 96% respectivamente para os tratamentos por períodos de 90, 60 e 30 min., não diferindo estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey. Resultados semelhantes foram encontrado por Eira et al (1993) e Malavasi e Malavasi (2004).

A imersão das sementes em água resultou em 8% de germinação para a imersão durante 24h, 5% para 48h e 2% para 72h, sem diferença estatística entre si e do tratamento testemunha (14% de germinação), sendo as menores taxas de germinação encontradas entre todos os tratamentos. Para os tratamentos com água fervente foram obtidas taxas de germinação de 26% (3 min.), 25% (2 min.) e 20% (até esfriar), não diferindo estatisticamente entre si e nem da testemunha.

Considerando-se apenas as sementes germinadas, o tempo médio de germinação foi menor nos tratamentos com ácido por 90 e 60 min. (3,01 e 3,12 dias) e maior no tratamento com água fervente até esfriar (12,59 dias). Já o ácido sulfúrico 75% por 30 min. teve desempenho semelhante ao tratamento com água por 48h.

CONCLUSÃO:
O melhor método para a superação de dormência de Enterolobium contortisiliquum testado, diferindo estatisticamente dos demais ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey, foi o tratamento das sementes com Ácido Sulfúrico 75% durante 30, 60 e/ou 90 minutos, promovendo a escarificação química das sementes, permitindo a permeabilidade do tegumento e conseqüentemente sua germinação.
Palavras-chave: Dormência, Sementes, Enterolobium contortisiliquum.