62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural
ESTUDO DE CASO DO ENSINO PARA PRODUÇÃO DE MILHO PARA PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICÍPIO DE PLANALTINA-GO
Ananda Lorena Silva Gomes 1
Igor Alberto Silva Gomes 1
Fernanda de Oliveira Nascimento 2
1. Depto. de Ciências Mecânicas, Universidade de Brasília - UNB
2. AIT, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA
INTRODUÇÃO:
Quando se discute a sustentabilidade de pequenas propriedades rurais um dos pontos mais relevantes está relacionado com a tecnologia empregada na exploração agropecuária. Para que o pequeno produtor possa, além de manter sua família no meio rural, melhorar as condições de produção, sem causar danos ao meio ambiente, é fundamental que ele utilize as tecnologias mais adequadas de forma socioeconômica. Com essa situação procurou-se encontrar uma maneira de aprimorar as formas de plantio agrícolas locais para que esse pudessem se tornar apropriados e competitivos, assim observou-se que o uso do Sistema de Plantio Direto traria diversos benefícios como diminuição no custo da produção e nos impactos ambientais, maior retenção de água no solo, menos erosão, menor perda de nutrientes e menor número de operações (aração e gradagem). O sistema de Plantio Direto ainda contribui para viabilidade da propriedade agrícola e a permanência ou sobrevivência do pequeno produtor rural. O objetivo deste projeto é informar, qualificar e ampliar os conhecimentos da comunidade rural de Planaltina de Goiás para o uso e os benefícios do Sistema de Plantio Direto, especificamente do milho crioulo, além de promover assistência e acompanhamento aos agricultores que manifestarem interesse.
METODOLOGIA:
A primeira parte do trabalho foi a obtenção de dados sobre os cultivos agrícolas de milho já existente, através de questionários. Além disso, foram realizadas entrevistas, conversas informais, que permitiram obter informações relevantes para a pesquisa. A segunda parte foi realizada uma capacitação através de leituras sobre o tema, palestras, seminários e dias de campo, que visaram à informação, capacitação e aprimoramento dos produtores e agricultores. O projeto foi realizado em parceria com EMBRAPA, UnB e comércios de produtos agrícolas. Os trabalhos foram subsidiados com a entrega de kits de sementes de milho crioulo com as respectivas informações técnicas de cultivo. Utilizaram-se 16kg de semente ha-1. Na área ocorreu a realização da aplicação do calcário e a gradagem para incorporação no solo. No início do plantio foi necessária a aplicação de herbicida, para que a vegetação indesejável não concorresse com os cultivos. O milho foi semeado em fileiras duplas com espaçamento 0,3m x 1,0m x 0,5m, utilizou-se o adubo N-P-K na fórmula 4-20-20 na proporção de 3 a 5g por cova. Após cerca de 20 dias do plantio foi aplicado mais uma adubação de cobertura com urina de vaca curtida (uréia natural) ao longo das linhas de plantio, na proporção de 200mL de urina para 20 litros de água.
RESULTADOS:
Na comunidade constatou-se a agricultura de diversos produtos, recorrentes para a geração de renda e sustento das famílias utilizando a forma mais tradicional para manter seus cultivos. Ao perguntar sobre as principais dificuldades encontradas na produção, os agricultores afirmaram ser a dificuldade para conseguir "determinados tipos" de sementes que ainda possuem preços altos, como também a falta de equipamentos, adubo, agrotóxicos e "certas ferramentas". O projeto conseguiu informar a comunidade sobre os benefícios e melhorias causadas pelo uso do sistema de Plantio Direto, qualificar os produtores da região para utilização adequada desse, ampliando a sua utilização, promovendo o acompanhamento e assistência aos agricultores. A produtividade média obtida do milho crioulo doado nos kits foi de 4.620kg ha-1. Considerando-se a produtividade média brasileira do milho, 3.360kg ha-1 (Embrapa 2006), e o baixo custo de produção (R$ 397,65) estabelecido para a cultura, pode-se sugerir que o milho crioulo seja uma alternativa interessante para agricultura da região, já que não necessita de altos níveis de investimento em insumos para poder alcançar alta produtividade, demonstrando que o milho crioulo apresenta-se como uma alternativa viável para a agricultura não convencional.
CONCLUSÃO:
Este trabalho ficou enquadrado no que se propõe a educação e extensão universitária no meio rural. O projeto foi realizado em parceria com a UnB, por meio de discentes de pós-graduação em Ciências Mecânicas, ainda com a EMBRAPA, intermediado por funcionários da Assessoria de Inovação Tecnológica e pequenos comerciantes locais que ficaram sensibilizados com o trabalho. Assim sendo, o trabalho permitiu avaliar, no município de Planaltina de Goiás, o panorama da realidade dos pequenos produtores de milho. Espera-se que possam ser planejadas estratégias de intervenção mais adequadas no sentido de contribuir com o desenvolvimento no município. Desta forma, esperamos que ao fim da próxima colheita, os produtos estejam auto-suficientes para continuarem sozinhos o plantio, buscando sempre obter informações, qualificação e assistência sobre o uso do sistema e das sementes, confirmando assim o pensamento de que o elemento central que mantêm a vida comunitária não são apenas os interesses comuns, ao contrário do que todos pensam a vida em uma comunidade é caracterizada por inúmeros conflitos de interesse. Mas o que garante a estrutura de uma comunidade é a participação de cada um numa mesma cultura, onde todos compartilham os mesmo problemas, os mesmos cultos e as mesmas técnicas.
Instituição de Fomento: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA
Palavras-chave: Milho crioulo, plantio direto, comunidades rurais.