A melhoria dos indicadores de saúde é tida como uma das grandes conquistas do século XX. Nesse sentido, a atividade física está sendo encarada como um poderoso meio para minimizar a degeneração provocada pelo envelhecimento, favorecendo e possibilitando ao indivíduo manter uma qualidade de vida ativa e saudável. Uma parte dos estudos que circulam na área de Educação Física investiga as abordagens que tratam da saúde relacionada à atividade física. Nesses estudos, é explorado, especialmente, um conceito de saúde que privilegia os aspectos fisiológicos do indivíduo ou do processo de envelhecimento, ou, de outra forma, incorporam fatores importantes, na composição de um conceito de saúde, como habitação, saneamento, transporte e tempo livre?

Como resultado, foi possível realizar uma redução a duas grandes perspectivas de pensar a relação atividade física e saúde. Concluiu-se que existe uma perspectiva crítica dessa relação que incorpora uma centralidade no grande contingente de pessoas excluídos ou explorados da sociedade, fruto das condições impostas pelo sistema capitalista à luz de uma aproximação, ainda que difusa, com a crítica marxista da busca permanente de lucro e apropriação da força de trabalho existente por parte da classe dominante. Verificou-se também que a outra perspectiva disposta nos textos publicados na Educação Física, versa sobre a relação atividade física e saúde, de forma comparada ao discurso higienista, privilegiando aspectos biológicos do ser humano em detrimento de aspectos sociais, ou praticando uma análise economicista dos benefícios dessa relação em termos de saúde pública. Nos tempos modernos, vale atribuir à denominação neo-higienista para atribuir uma justa medida aos textos que compõem a denominação saúde renovada que vem sendo atribuída a esses textos.

Pode estar ocorrendo uma hiper-valorização da atividade física em relação à saúde, pois esta, por vezes, parece estar sendo entendida como conseqüência mecânica da prática regular da atividade física. Tal fato acarreta uma interpretação parcial e/ou distorcida da realidade, porque não considera fatores relevantes aos quais as pessoas estão submetidas e que não podem ser dissociados do seu cotidiano. Assim, os indivíduos pertencentes da classe trabalhadora, passam a vida vendendo sua força de trabalho, e muitos destes sequer dispõem de tempo, saúde, ou mesmo condições econômicas para usufruírem de alguma atividade física, que não seja o próprio trabalho, não tendo possibilidade de simples práticas de atividades que possa lhe proporcionar prazer e alegria por intermédio da cultura corporal do movimento. Por fim, concluímos que a saúde vai além de praticar uma atividade física. Se praticada de forma correta, poderá contribuir para a saúde. No entanto, é apenas um dos fatores que envolvem esse fenômeno biológico-social.