62ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 4. Física da Matéria Condensada |
ESTUDO DA ESTRUTURA ATÔMICA DE SUPERFÍCIE DE FILMES ULTRAFINOS DE Au/Pd(111) VIA DIFRAÇÃO DE FOTOELÉTRONS (XPD). |
Luis Henrique de Lima 1 Alexandre Pancotti 1 Abner de Siervo 1 Richard Landers 1 |
1. Departamento de Física Aplicada, Instituto de Física "Gleb Wataghin", UNICAMP |
INTRODUÇÃO: |
Neste trabalho, estudou-se a estrutura atômica de filmes de Ouro crescidos sobre um cristal de Paládio cortado na direção cristalográfica (111), sendo a motivação principal para este estudo, a aplicação deste sistema em catalisadores modelo. Catalisadores são de extrema importância em uma série de reações químicas e conhecer a estrutura eletrônica e arranjo geométrico dos átomos presentes na superfície pode ser a chave para se compreender melhor as propriedades físico-químicas de um material. Um exemplo interessante de catalisador modelo são as ligas de superfície de Pd-Au, com várias aplicações em controle de poluição e também em células de hidrogênio. Neste contexto, é interessante poder investigar quais mudanças ocorreriam na estrutura eletrônica de uma liga bidimensional de Au-Pd sobre Pd(111) ou mesmo filmes ultrafinos e submonocamadas de Au em Pd(111) e suas consequências na atividade química desta superfície. Certamente, o primeiro passo na direção de responder tais questões é uma melhor compreensão das propriedades eletrônicas e estruturais desta superfície. Neste trabalho é proposto compreender o arranjo atômico da superfície de filmes ultrafinos de Au crescidos sobre Pd(111), utilizando como ferramenta, a técnica de difração de fotoelétrons. |
METODOLOGIA: |
A técnica de difração de fotoelétrons (XPD, X-ray photoelectron diffraction) consiste em incidir na superfície de uma amostra, fótons de raio-X com energia e polarização específica e coletar como resposta fotoelétrons provenientes de níveis eletrônicos específicos. Quando o fóton incidente interage com os átomos do material, ocorre o fenômeno de fotoemissão. O elétron emitido por fotoemissão de um determinado nível eletrônico próximo a superfície, pode se propagar diretamente até o detector ou através de espalhamentos simples ou múltiplos nos átomos vizinhos ao emissor. Neste processo de diferentes caminhos percorridos pelos elétrons, ocorre o processo quântico de interferência (difração). O padrão de difração gerado, contém portanto, informações relativas as posições dos átomos vizinhos ao emissor. Obtido um padrão de difração experimental, não existe teoria ainda bem estabelecida capaz de reverter o processo e a partir do padrão obter a estrutura. O que se faz é propor um modelo que possa descrever a estrutura atômica do material, e utilizando cálculos computacionais baseado em teoria quântica de espalhamento, simular um padrão de difração teórico comparando-o com o experimental. |
RESULTADOS: |
Na análise computacional utilizou-se um ''cluster'' parabolóide de 186 átomos. Num primeiro modelo, imagina-se que os átomos de Au depositados sobre o cristal de Pd ''crescem'' seguindo a estrutura do volume (fcc), e também com parâmetro de rede igual ao do elemento do volume. Simulamos estes modelos, variando a quantidade de camadas de Au depositadas sobre o substrato, desde nenhuma camada até 6 camadas de Au. O melhor resultado obtido foi para 4 camadas, seguindo a estrutura fcc do volume. Baseado neste resultado, variou-se parâmetros do sistema para buscar uma melhor concordância entre experimento e simulação. O primeiro parâmetro analisado foi o parâmetro de rede do filme de Au. Fixando-se as simulações em 4 camadas de Au obteve-se que o parâmetro de rede que melhor ajusta os dados experimentais é 0,408 nm, que é justamente o parâmetro de rede de volume para o cristal de Au, de estrutura cristalográfica fcc. O próximo passo no processo de simulação foi introduzir um processo de busca baseado em algorítmo genético. Com o modelo de 4 camadas de Au sobre o cristal de Pd, realizou-se a relaxação (variação) das distâncias entre os 5 primeiros planos atômicos. Observou-se que algumas distâncias interplanares contrariam e outras se expandiram, de maneira intercalada. |
CONCLUSÃO: |
No caso de muitos materiais, a sua natureza periódica permitiu o desenvolvimento de uma série de modelos teóricos e técnicas experimentais que possibilitam a compreensão de suas propriedades de volume, no entanto, o mesmo não pode ser dito sobre a superfície. Na superfície, as estruturas são mais complexas, diferentes daquelas do interior dos materiais. Apesar das dificuldades em se estudar a superfície, uma série de modelos teóricos e técnicas experimentais vêm sendo desenvolvidos ao longo das últimas décadas. Os resultados principais obtidos foram que o parâmetro de rede do filme de Au se expandiu em relação ao parâmetro de rede do substrato, evoluindo para o parâmetro de rede de um cristal de Au (fcc). O filme de Au cresceu seguindo o empacotamento fcc do substrato, mas ocorreram relaxações nas distâncias interplanares. Em comparação ao esperado para a estrutura fcc (111), ocorreu uma diminuição na distância entre a 1º e a 2º, entre a 2º e a 3º e entre 4º e 5º camada (substrato). Entre a 3º e a 4º camada, porém, ocorreu um aumento na distância interplanar. É importante mencionar que os resultados apresentados neste trabalho são preliminares, sendo necessário um melhor refinamento nas simulações, afim de obter modelos que se ajustem melhor as curvas de difração obtidas. |
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq |
Palavras-chave: Au/Pd, difração de fotoelétrons, superfície. |