62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 6. Geoquímica
HIDROQUÍMICA E HIDROGEOQUÍMICA DOS SETORES MÉDIO E BAIXO DA BACIA DO RIO GURGUÉIA/PARNAÍBA/PI.
Francisco José de Paula Filho 1
Waltermária Helela da Luz 2
Gabriella Santana Carreiro Guimarães 2
Laercio Fontinele Bandeira de Macedo 3
1. Prof. MSc./Orientador/Deptº Ciências Biológicas, Campus Cinobelina Elvas/UFPI.
2. Deptº de Ciências Biológicas, Campus Cinobelina Elvas/UFPI
3. Deptº de Zootecnia, Campus Cinobelina Elvas/UFPI
INTRODUÇÃO:
São escassas as informações acerca da qualidade das águas superficiais da bacia do rio Gurguéia, sub-bacia do rio Parnaíba. Estas compõem a região hidrográfica do meio-Norte de acordo com a classificação regional de Aldo da Cunha Rebouças e Maria Elisabeth Marinho (1972). Está localizado na região sul do Piauí e sua bacia vem passando por acelerado processo de transformação em seu uso e ocupação em virtude do crescimento das atividades ligadas ao agronegócio e ao modelo agroexportador de grãos, em particular a soja. Além disso, o rio é afetado por fontes pontuais de poluição dos esgotos e lixões urbanos, pois, a grande maioria dos municípios da bacia do rio Gurguéia, realizam a disposição de resíduos sólidos em áreas inadequadas (IBGE, 2009). Conseqüentemente, essa área constitui-se como uma região potencialmente poluidora dos recursos hídricos pelo emprego de agrotóxicos, metais, adubos orgânicos e químicos além das cargas de esgotos in natura. Desta forma, este trabalho procura trazer informações sobre a hidroquímica e hidrogeoquímica do rio Gurguéia, em suas porções média e baixa a partir da avaliação das variáveis pH, oxigênio dissolvido, potencial redox (Eh), turbidez, condutividade, temperatura e MPS, visando qualificar as condições de suas águas.
METODOLOGIA:
Foi realizada uma campanha de coleta de água para determinação de material particulado em suspensão (MPS) e variáveis hidroquímicas, no mês de fevereiro de 2010. A campanha cobriu as porções média e baixa da bacia do rio Gurguéia, compreendendo uma extensão de cerca de 500 Km, englobando 13 cidades da bacia. Na determinação do pH, temperatura e potencial redox (Eh) utilizamos medidor portátil microprocessado Hanna Instruments HI 8424new, com compensação automática de temperatura e precisão de ± 0.01 pH. A condutividade foi obtida a partir de um condutivímetro Bel W12D. A medida do oxigênio dissolvido (ODmg/L) e da saturação (OD%) foi obtida através de sonda HI 9145. Na descrição de massas de água é importante o dado sobre o parâmetro físico turbidez, que foi determinado in situ com equipamento portátil HI 93703C. O método de Strickland e Parsons (1972) foi utilizado para a quantificação e análise das concentrações de material em suspensão. O material em suspensão, ou seston, são pequenas partículas que se encontram na água e por definição arbitrária distingue-se o material em suspensão do material dissolvido como sendo as partículas com diâmetro maior que 0,45μm.
RESULTADOS:
As variáveis hidroquímicas, aqui determinadas constituem propriedades abióticas de grande relevância para o melhor entendimento do sistema fluvial do Gurguéia. Os valores para pH aumentaram ligeiramente da cidade de Redenção, 7,02(P1) a foz do Gurguéia 7,5(P18). A saturação de oxigênio (OD%) e (ODmg.L-1), variou entre 92% (P1) a 38% (P18) e de 6,1mg.L-1(P1) a 2,9mg.L-1(P18), apresentando tendência de redução de seus valores do médio ao baixo Gurguéia. Em contraste verificou-se uma elevação do potencial redox (Eh) do sistema acompanhado o gradiente do rio, variando de 118,2mV(P1) a 208,3mV(P18), com correlação negativa com O2 (ODmg.L-1) igual a -0,6000 (n=18). Houve decréscimo na turbidez, de 256NTU a 76NTU, com um pico de 456NTU no final da porção média do rio, favorecida pela morfologia do vale que passa a formar uma planície de inundação, diminuindo a turbulência favorecendo a precipitação de materiais terrígenos. O decréscimo significativo na turbidez foi acompanhado pelos valores de MPS, 196mg.L-1(P1) para 25mg.L-1 (P18), com correlação 0,8773 (n=18). A condutividade elétrica cresceu de 80µS(P1) a 97µS(P18), por outro lado os valores de temperatura apresentaram variabilidade natural que acompanhou a intensidade da radiação solar no momento da verificação em campo.
CONCLUSÃO:
No baixo Gurguéia, encontramos o valor mínimo de 2,59mg.L-1 (P18), sendo que para Esteves (1998), níveis de oxigênio dissolvido (OD) ≤ 4mg.L-1 em águas naturais favorecem os processos anaeróbicos. A partir dos resultados obtidos para o oxigênio dissolvido podemos classificar a bacia do médio Gurguéia como: zona de saturação, valores entre 50 a 100%; e a porção do baixo Gurguéia como: zona de baixa saturação, valores entre 25 a 50% (Macedo & Costa, 1978). O gradiente negativo para o oxigênio pode espelhar a carga crescente da disposição de efluentes dos múltiplos usos do solo e da ocupação urbana e rural do entorno da bacia. Em contraste, os valores crescentes e positivos para o Eh, indicam a predominância de condições oxidantes em solução o que pode indicar que o ambiente aquático conserva condições naturais de qualidade de suas águas, muito embora haja decréscimo na concentração de OD. A modificação da morfologia da bacia do baixo Gurguéia, a redução da turbulência, o efeito da diluição e a melhor conservação da cobertura vegetal e da mata ciliar favoreceram a tendência de redução nos valores de MPS e da turbidez. As informações apresentadas contribuem para o melhor entendimento dos processos de transporte de materiais no continuo Continente-Oceano do Meio-Norte brasileiro.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq/INCT - Transferência de Materiais Continente--Oceano/Processo: 573601/2008-9
Palavras-chave: Hidroquímica, Hidrogeoquímica, MPS.