62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO E SUAS CONTRADIÇÕES NA PRÁXIS: A EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ALÉM DOS CONTEÚDOS
CLÉBIA SIARA SOUZA VIEIRA 1
DANIELLA ALVES BATISTA 1
GILVANA MAGALHÃES PEREIRA 1
SIMONE CAMPOS LIMA 1
SEBASTIÃO CARLOS DOS SANTOS CARVALHO 1, 2
1. DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, CAMPUS XII, UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA/UNEB
2. PROF. ESP. ORIENTADOR
INTRODUÇÃO:

O presente estudo busca refletir sobre o fazer pedagógico do professor de Educação Física, surgido a partir de inquietações a cerca do trato pedagógico dos elementos da cultura corporal, tendo em vista a apropriação, o reconhecimento das problemáticas que afligem os mesmos, a compreensão das suas múltiplas influências, a importância da contextualização e a possibilidade de reinvenção constante, assim como a percepção dos envolvidos como sujeitos históricos dotado de consciência histórica. Nesse sentido o mesmo justifica-se na medida em que busca discutir/problematizar/analisar as possibilidades de intervenção da Educação Física, inserida no processo educacional, diante de uma formação/humanização dos sujeitos em sentido amplo, que por sua vez, não acessa nem se apropria destes conhecimentos, limitando-se a reprodução acrítica e artificial. Assim, ao discutir essas problemáticas busca-se evidenciar a necessidade de ir além da oferta/acesso às manifestações da cultura corporal e, sobretudo problematizar questões inerentes a tal processo, bem como a vivência das práticas corporais reconhecendo-a e enfatizando seu caráter histórico e cultural produzido no seio da humanidade num exercício dialético contínuo.

METODOLOGIA:

Como procedimentos metodológicos para efetivação deste estudo desenvolveu-se inicialmente uma pesquisa bibliográfica na tentativa de compreender e delimitar a dimensão conceitual da formação humana, das manifestações corporais e da cultura, bem como compreender suas nuances e complexidades. Assim, nos aproximamos do método dialético que preconiza, que os fatos sociais não podem ser compreendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influencias políticas, econômicas e sociais (GIL, 2006). Desse modo, desenvolvemos uma pesquisa de campo, utilizando como instrumento para levantamento dos dados uma observação simples em aulas de Educação Física, ministrado por professores licenciados na área, em uma escola pública da cidade de Guanambi-Ba. Combinando com a observação simples, utilizamos também de uma entrevista semi-estruturada com pontos referentes à práxis pedagógica e a formação destes professores envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Para a análise dos dados recorreu-se à análise do discurso que segundo Mazière (2005), constitui num dispositivo de observação apto a revelar e apreender o objeto discurso que se dá pela tarefa de interpretar, correlacionando/confrontando-os com os resultados decorrentes da observação simples.

RESULTADOS:

A partir dos dados decorrentes do estudo, constatamos que as aulas de Educação Física estavam restritas a um elemento da cultura corporal: o esporte, ou melhor, à modalidade esportiva futsal, ausente qualquer diretividade ou problematização sólida, consistente e inerente ao fenômeno esporte. Assim, percebe-se uma negligência às demais manifestações da cultura corporal, tendo em vista que, durante o processo de formação dos professores, estes tiveram acesso a tais conteúdos. Em conseqüência disso, legitima e limita o acervo cultural das classes populares, atendendo ao modelo alienante e seletivo do esporte midiático: esportivizado e espetacularizado. A escola deveria ser um espaço de enfrentamento, construção e superação de tais prerrogativas, entretanto acaba reafirmando-os, especialmente quando reproduz um ambiente de competição, concorrência e individualismo, sem qualquer ressalva. Assim, nota-se uma distância entre a adesão às pedagogias progressistas e a práxis pedagógica, na medida em que a história da Educação Física se repete sob a forma de atividades de adestramento, disciplinarização, treinamento e docilização dos indivíduos, do que como uma possibilidade de transformação e emancipação humana.

CONCLUSÃO:

Quando referimos a respeito da formação omnilateral chamamos a atenção para uma visão holística, onde não podemos entender o sujeito/aluno isoladamente dos fatores que o influencia, para além de partes separadas e estanques. É essa visão que nos permite compreender os sujeitos no entrelaçamento da complexidade do sentir, agir, construindo assim sua unidade que singulariza sua presença no mundo. No entanto, entende-se que há um processo histórico que interfere na atuação dos professores, na qual a escola está inserida, configurando-se como um espaço de reprodução dos valores dominantes, atendendo ao sistema vigente. Ressalta-se ainda, a urgência da transformação da concepção da escola e das aulas, entendendo-as como espaços possíveis para a resistência em detrimento da mera reprodução, constituindo-se em espaços de produção e reprodução da cultura, estimulando a crítica e a criatividade. Para isso, o professor deve ter definido seu projeto político pedagógico e sua meta de ensino, além de ter como objetivo maior a humanização do homem.

Palavras-chave: Práxis Pedagógica, Cultura Corporal, Formação Humana.