62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
AQUISIÇÃO DE AUTONOMIA INTELECTUAL DE PROFESSORES NO CONTEXTO DO PROJETO TECNOLOGIAS E MÍDIAS INTERATIVAS NA ESCOLA - (TIME)
João Vilhete Viegas d'Abreu 1
Maria de Fátima Garcia 2
Cristiane Farias de Lima 3
Vera Regina Toledo Camargo 4
1. Núcleo de Informática Aplicada a Educação - NIED/UNICAMP
2. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
3. Secretaria Municipal de Educação - Prefeitura Municipal de Hortolândia
4. Núcleo de Desenvolvimento de Criatividade - NUDECRI/LABJOR/UNICAMP
INTRODUÇÃO:
A autonomia é um conceito muito amplo, porém, importante quando abordamos aspectos educacionais, pois é por meio desta que o sujeito se vê dotado de possibilidades com vistas a tomar decisões ao longo de sua vida. O projeto Tecnologias e Mídias Interativas na Escola - (TIME), nascido da confluência da pesquisa acadêmica com a vivência do cotidiano escolar desenvolveu-se no período, 2007-2009, em duas escolas públicas do município de Hortolândia-SP. Com base no uso do computador nas diferentes tecnologias de informação tanto no currículo oficial (prescrito) quanto no currículo vivenciado, o projeto enfocou a produção e divulgação do conhecimento, por meio da utilização das mídias interativas no contexto escolar. Um dos aspectos trabalhados refere-se à aquisição da autonomia intelectual por parte das professoras no decorrer do mesmo. Tal autonomia se evidenciou, paulatinamente, por meio de práticas e ações de sala de aula, ora na produção e utilização dos recursos midiáticos com os alunos, ora na aquisição paulatina da consciência voltada à divulgação científico-acadêmica dos resultados de seus trabalhos. O projeto TIME foi financiado pela FAPESP, e desenvolvido pelo NIED e NUDECRI/LABJOR, da Unicamp, em parceria com a Secretaria de Educação de Hortolândia - SP.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada evidencia a relevância da formação dos profissionais envolvidos no Projeto para a prática pedagógica, pois, foi por meio desta que se despertou o interesse das professoras, para participar: a) nos encontros de formação ministrados pela equipe de pesquisadores da Universidade; b) no envio de trabalhos científicos (artigos, resumos) para Fóruns, congressos, seminários, dentre outros eventos científicos correlatos que tratam da questão de uso de tecnologias interativas na educação; c) no processo de fortalecimento dos alunos para que atuassem como monitores junto a crianças e professores de outras turmas no uso das salas multimídias da escola; d) na formação de pequenos grupos de estudo entre colegas para articulação teoria e prática. Portanto, a metodologia de formação estava objetivada nas questões relacionadas à teoria e à prática articulando-se aspectos ligados ao currículo, à aprendizagem e as tecnologias como ferramenta de construção de conhecimentos bem como incentivo à pesquisa, produção e autonomia dos educandos e educadores. Assim se constituiu o processo de aquisição da autonomia em relação à tomada de decisões - tenha sido este para a mudança de rumos quando algum obstáculo se opôs ao caminhar - ou, para o redirecionamento de ações pedagógicas.
RESULTADOS:
O texto do projeto original era claro em seus objetivos gerais: promover a formação-na-ação e produzir currículo a partir da realidade local, tendo-se as tecnologias e as mídias como recurso e não fim em si mesmas. Dados, no relatório parcial e final demonstram que esses objetivos, não apenas foram alcançados como também superaram as expectativas iniciais. Por exemplo, na produção da rádio web os alunos tinham a autonomia para desenvolver trabalhos com aparatos tecnológicos que propiciavam visibilidade do trabalho com mídias ao mesmo tempo em que cumpria com as imposições curriculares. Trabalhos dos professores foram disponibilizados na Internet e se constituíram em material de consulta, e de referência para outros professores. Isso evidencia a contribuição do TIME não só com o fortalecimento do Ensino Público no âmbito nacional, mas, também do ensino em geral nos âmbitos nacional e internacional. Com isso, o projeto não se encerra. Finaliza-se apenas o contrato com a instituição financiadora, porém, as crianças que no período de vigência do projeto passaram da infância à pré-adolescência levarão esse quê de autonomia intelectual a outros espaços de aprendizagem. Os professores tornaram-se, sujeitos da mudança, criativos, criadores de novas práticas e multiplicadores de idéias.
CONCLUSÃO:
Um dos aspectos importante de aqui se ressaltar é o fato de que essa aquisição de autonomia não foi somente percebida e vivenciada pelos professores e pesquisadores do TME, mas também por parte da direção escolar. Uma das diretoras em depoimento para uma emissora de TV afirmou que seus alunos tiveram a oportunidade de vivenciar a autonomia para o desenvolvimento da pesquisa. Assim puderam visualizar os resultados na avaliação da Prova Brasil que apontou a sua escola com um índice acima da média nacional e do município. Enfim, tanto os professores quanto os alunos e a direção escolar aprenderam, por meio da prática, como se transforma uma realidade, mesmo sem nunca terem ouvido falar em práxis social. Muitos deles descobriram, na vivência, que professores não são os donos do saber, mas que podem, sim, contar com a ajuda de alunos de pouca idade. Professores, externos ao projeto, receberam o ensino das crianças do projeto. Sem a ajuda destas, tantos alunos não teriam tido acesso, de forma indireta, ao projeto, pois seus professores, não dominavam a tecnologia para que pudessem ensiná-la! Ambos aprenderam, com certeza, o valor do respeito mútuo, e entenderam o que Paulo Freire sempre insistiu em nos mostrar: professores e alunos ensinam e aprendem mediatizados pelo mundo.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa de Estado de São Paulo - FAPESP
Palavras-chave: Autonomia, Tecnologias Interativas, Formação de Professores.