62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia
O CONCEITO DE FANTASMAGORIA NA TEORIA DA MODERNIDADE DE WALTER BENJAMIN
Lincoln Nascimento Cunha Junior 1
Carla Milani Damião 2
1. Depto. de Filosofia e Ciências Humanas, Univers. Estadual de Santa Cruz / UESC
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Filosofia e Ciências Humanas - UESC
INTRODUÇÃO:

A pesquisa desenvolvida propôs abordar o conceito de fantasmagoria na teoria da modernidade do filósofo alemão Walter Benjamin. O conceito de fantasmagoria surge no século XIX, como resultado das mudanças fundamentais nos modos de produção e no modelo econômico. Levando em consideração a ascensão do capitalismo e a industrialização, encontramos em Marx o conceito de fetichismo da mercadoria, como um dos fenômenos sociais e mercadológicos que passou a influenciar o comportamento social. Para além do fetichismo da mercadoria, encontramos o conceito de reificação cunhado pelo filósofo marxista Georg Lukács, que amplia o conceito marxiano de fetiche. Os dois conceitos citados acima se relacionam com o de fantasmagoria, ajudando-nos a melhor caracterizá-lo. Destarte, compreender o sentido do conceito benjaminiano de fantasmagoria nos permite entender suas influências e suas manifestações na sociedade contemporânea.

METODOLOGIA:

Por se tratar de uma investigação filosófica, esse trabalho se deu, basicamente, pela leitura, análise e compreensão de textos filosóficos correspondentes ao tema aqui proposto. Em primeiro lugar fizemos o levantamento bibliográfico, seguido de uma leitura geral dos conceitos abordados. No decorrer da pesquisa, as atividades desenvolvidas foram, todas, relativas à interpretação e entendimento dos textos. Os principais títulos estudados foram História e consciência de classe, de Georg Lukács e o projeto das Passagens, de Walter Benjamin, além de alguns de seus intérpretes.

RESULTADOS:

Vimos que o conceito de fantasmagoria está intimamente ligado à filosofia marxiana e, também, ao conceito de reificação de Lukács. Percebemos que esse último conceito age como alargamento no que se refere ao fetichismo da mercadoria em Marx, uma vez que a reificação não se distingue como simples característica ou resultado da alienação, mas, por outro lado, trata da forma de como o sujeito se comporta e se percebe diante das relações de mercado. A fantasmagoria, por conseguinte, surge como extensão dos conceitos supracitados, dizendo respeito à imagem de algo que está ausente ou que, na verdade, não corresponda à coisa imaginada ou representada. Com isso, a influência de Marx sobre Benjamin se torna cada vez mais nítida. No entanto, essa questão não se limita à relação objeto-mercadoria, mas passa para o campo das relações sociais no que diz respeito ao modo em que a sociedade percebe a si mesma e o mundo das mercadorias. Este último seria uma consequência do primeiro. Benjamin considera a relação humana como percepção do real em detrimento da relação de troca de mercadorias. A ampliação do conceito está naquilo que é subjetivo, na imagem produzida pela sociedade, a respeito dela mesma, e que tenta corresponder ao mundo objetivo.

CONCLUSÃO:

A fantasmagoria é a aparição das imagens-phantasma que não correspondem ao real porque, na verdade, ao mesmo tempo em que são percebidas, não estão presentes; ao mesmo tempo em que buscam aparecer e corresponder ao real de algo, esse algo não existe como presença objetiva e, por isso mesmo, não pode ser representado como real. Em resumo, Fantasmagoria, destarte, é o conjunto das imagens representativas feitas pela sociedade no intuito de representarem a si mesma e que tomam um caráter de coisa que seja independente da vontade e do pensamento dessa mesma sociedade. Ou seja, a sociedade produz as imagens representativas do real e encaram essas mesmas imagens como não sendo fruto de sua imaginação ou produção intelectual. A ilusão como imagem mental que percebe o mundo, corresponde-se com ele e o caracteriza. Como fantasmagoria, torna inconsciente essa imagem mental ilusória em imagem independente e representante do real, como objeto que se move sozinho e indiferente da vontade da sociedade produtora de mercadorias e de sua própria cultura.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB
Palavras-chave: Fantasmagoria, Cultura, Século XIX.