62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E A INADEQUADA RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA NO CONTEXTO DA UNIVERSIDADE PÚBLICA
LEONARDO JOSÉ FREIRE CABÓ 1
ADÉLE CRISTINA BRAGA ARAÚJO 1
RUTH MARIA DE PAULA GONÇALVES 1
1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho busca, a partir da realidade vivenciada atualmente pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), discutir a política de formação de professores evidenciada no Brasil nas duas últimas décadas. Não é de hoje que a educação destinada à classe trabalhadora vem sendo alvo das políticas neoliberais, como estratégia do capitalismo em crise, tampouco são recentes os modismos delas decorrentes. A Universidade Pública não escapa da lógica de exploração do homem sobre o homem. Lócus privilegiado de formação da intelectualidade de um país, a Universidade tem passado, nas últimas décadas do século XX e início do século XXI, por profundas transformações. As exigências requeridas pelo sistema de produção passaram a demandar dela novas funções, novos cursos e novas teorias que dêem explicação ao movimento social, muito embora muitas delas não dêem conta de explicar o real em suas determinações concretas, permanecendo estas no terreno da realidade aparente e alienada.
METODOLOGIA:
De caráter teórico e bibliográfico o trabalho ora apresentado insere-se na pesquisa Atividade e formação social: Quando os trabalhadores são alunos, desenvolvida na referida Universidade por meio de Bolsa de Iniciação Científica da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). Objetivando discutir a problemática supracitada fazemos o seguinte percurso investigativo: I) Discutimos a Formação de Professores no Brasil, sobretudo no que concerne a um profundo recuo da teoria e uma supervalorização da prática como elemento que por si só dá conta da formação pretendida; por fim, II) Analisamos a atual situação dos Cursos de Formação de Professores situando o leitor a partir de que espaço falamos da Formação de Professores, qual seja, da análise conferida por alunos de uma Universidade Pública Estadual. Para tanto, utilizamos como referencial os estudos de Perrenoud (1999), especialmente quando o autor trata de XX. Apoiados no arcabouço teórico metodológico que tem por base a ontologia marxiano-lukaciana, fazendo um contraponto aos lineamentos teóricos deste autor com estudos de Arce (2001), Duarte (2000; 2001; 2003), Facci (2004), Moraes (2000), Moraes e Torriglia (2003) entre outros.
RESULTADOS:
Já não é de hoje que a Universidade vem proclamando o "fim da teoria" e a premente supremacia da prática, da ação prático-reflexiva. A reflexão sobre a docência e a prática "/.../ tem se transformado em uma espécie de 'tecido desgastado' que, tradicionalmente e em vários países, reflete-se no próprio processo de formação de educadores/as e decorre da excessiva ênfase na experiência acumulada nos cursos de formação" (MORAES e TORRIGLIA: 2003, p. 46). Permeada por um velamento sem precedentes da realidade objetiva, os Cursos de formação de professores tem seguido a risca os 'novos modismos' advindos de outros países de forma quase que inconteste, negando por essa prerrogativa, as possibilidades de uma formação sólida que tenha como pano de fundo uma possibilidade efetiva de transformação do real. Dado o caráter de particularidade em que se encontra a humanidade hoje, proclamam os apologistas do capital que cabe a educação, e aos docentes em especial, dentro daquilo 'que não lhe é tarefa', o árduo dever de se manter como complexos sociais capazes de proporcionar, além das possibilidades de um desenvolvimento equitativo - não igualitário, a inserção das populações menos desenvolvidas no mercado de trabalho, entre outras tarefas.
CONCLUSÃO:
Como conclusões, apontamos que a política de formação docente imputada nos últimos anos no Brasil traz em seu corpus, recomendações explícitas dos Organismos Multilaterais de financiamento, leia-se Banco Mundial e FMI. Sob a batuta do grande capital, cabe a educação e aos docentes em especial, não só preparar a mão-de-obra reconhecida como capacitada - a saber, dotar os indivíduos de conhecimentos instrumentais básicos como leitura, cálculo e escrita, mas também de conhecimentos, habilidades e valores úteis à acumulação privada dos bens produzidos coletivamente. Uma leitura mais efetiva e radical das atuais, injunções que ocultam as reais determinações sociais nos permite asseverar que a defesa da educação para a cidadania, da formação holística, assim como do professor crítico-reflexivo, na verdade, esconde, em suas entrelinhas, a negação daquilo que de melhor a humanidade construiu: o conhecimento universal. Diante de tal fato depreendemos que apenas a apropriação do patrimônio cultural e simbólico produzido pelo homem em sua processualidade histórica nos possibilita participarmos efetivamente do gênero humano.
Instituição de Fomento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP)
Palavras-chave: FORMAÇÃO DOCENTE, TEORIA , PRÁTICA.