Estudo de natureza transversal, analítico, do tipo caso controle, envolvendo 55 pré menopáusicas na faixa etária de 25 a 49 anos. As pacientes foram distribuídas em 2 grupos: controle (sem câncer de mama, n=26) e caso (com câncer de mama, n=29). As participantes do estudo atenderam aos seguintes critérios de inclusão: prémenopáusicas, faixa etária entre 25 a 49 anos e câncer de mama diagnosticado histologicamente; ausência de qualquer tratamento prévio para o câncer de mama; não estar utilizando suplementos vitamínicos e minerais, medicamentos hormonais e antiflamatórios que pudessem interferir na avaliação do estado nutricional relativo ao zinco; não apresentar doenças agudas ou crônicas que interferissem no metabolismo normal do zinco e ser alfabetizada. Foram excluídas as pacientes com níveis séricos de Hormônio Folículo Estimulante (FSH) > 30 μg/ml e as portadoras de câncer de mama com história de tratamento prévio para a doença. A análise das concentrações de zinco plasmático e eritrocitário foi realizada segundo o método de espectofotometria de absorção atômica de chama = 213,9 nm. A avaliação da dieta foi determinada utilizando o registro alimentar de três dias e a análise pelo software NutWin versão 1.5. Para a análise das médias foi utilizado o teste t de Student (p<0.05). O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição onde o mesmo foi realizado.

Os valores médios de zinco encontrados no plasma não apresentaram diferença estatística significativa em relação ao grupo controle (p>0,05). A média da concentração plasmática de zinco verificada nas mulheres com câncer foi de 69,69 ± 9,00 μg/dL, enquanto que o grupo controle apresentou valores médios de 65,93 ± 12,44 μg/dL. Semelhante a estes resultados, no estudo realizado por Huang et al.também não foram demonstradas diferenças estatísticas significativas em relação à concentração plasmática de zinco em pacientes com câncer de mama quando comparados ao grupo controle. Diferentemente dos resultados obtidos no plasma, os valores médios da concentração de zinco nos eritrócitos das mulheres com câncer de mama do presente estudo foram significantemente menores do que os das mulheres controles.  A média de zinco no eritrócito foi 41,86 ± 8,28 μg Zn/gHb e 47,93 ± 7,00 μg Zn/gHb nas pacientes casos e controles, respectivamente (p<0,05). A literatura traz alguns fatores que possivelmente desempenham papel contribuinte para a redução do zinco nos eritrócitos de pacientes com câncer de mama, conforme foi demonstrado neste estudo. Nessa análise, mediante a carcinogênese estabelecida, ocorreria uma redistribuição do zinco nestes pacientes,por meio do fluxo deste mineral do eritrócito para o interior das células tumorais e, assim, haveria uma redução da sua concentração neste compartimento. Nessa perspectiva, alguns pesquisadores têm buscado quantificar os RNAs de proteínas transportadoras de zinco que participam do seu comportamento metabólico e que parecem contribuir para esclarecer as alterações desse mineral na carcinogênese. Recentemente, foi identificado o aumento da expressão de proteínas transportadoras de zinco (Zip7) e elevadas concentrações desse mineral em tecidos tumorais de pacientes com câncer de mama. Estes estudos atribuem a redução do zinco eritrocitário em pacientes com câncer à hiperexpressão de genes codificantes de proteínas transportadoras de zinco, que mobilizariam este mineral dos eritrócitos para o interior do tumor. Um fato relevante verificado neste estudo, diz respeito aos resultados do consumo de zinco pelas pacientes avaliadas, que demonstrou valores médios desse mineral na dieta elevados, pois os valores da Estimated Average Requirement (EAR), ou "necessidade média estimada" de zinco para as mulheres avaliadas segundo as novas recomendações nutricionais são de 6,8mg/dia, o que provavelmente não pode ter contribuído para as reduzidas concentrações de zinco nos eritrócitos. O elevado consumo de zinco pode ser justificado pela ingestão freqüente de alimentos fontes de proteína de origem animal, que também são ricos em zinco.