62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 4. Sociolingüística
PROCEDIMENTOS DISCURSIVOS NA ESCRITA DE ITABAIANA/SE: ESTRATÉGIAS DE SEQUENCIAÇÃO DE INFORMAÇÃO
Eccia Alécia Barreto 1
Raquel Meister Ko. Freitag 1, 2
1. Universidade Federal de Sergipe - UFS/ Campus Prof. Alberto Carvalho
2. Profª. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:

INTRODUÇÃO:

Essa pesquisa trata das estratégias de sequenciação de informação na produção textual de alunos da rede pública de ensino de Itabaiana/SE. As estratégias de sequenciação de informação são responsáveis por indicar que uma nova informação será introduzida em continuidade com informações já dadas. Nesta pesquisa, à luz do referencial teórico do Funcionalismo Linguístico norte-americano e da Sociolinguística Variacionista Laboviana, analisamos as formas codificadoras da sequenciação de informação, então, e, e depois, consideradas variantes, a fim de observar como os fatores linguísticos e sociais influenciam no uso de tais variantes na variedade de língua escrita de Itabaiana/SE. Para isso, adotamos, nesta investigação, o princípio da marcação: i) Complexidade estrutural: a estrutura marcada tende a ser mais complexa (ou maior) que a não marcada; ii) Distribuição de frequência: a categoria marcada tende a ser menos frequente que a não marcada; iii) Complexidade cognitiva: a categoria marcada tende a ser cognitivamente mais complexa - em termos de demandar maior atenção, mais esforço mental e tempo de processamento - que a não marcada (GIVÓN, 1995).

METODOLOGIA:

METODOLOGIA

A análise das estratégias de sequenciação na escrita faz uso de 80 redações do Banco de Dados Fala&Escrita do Grupo de Estudos em Linguagem, Interação e Sociedade (GELINS), estratificadas socialmente quanto ao sexo, faixa etária e escolaridade, o que subsidia a análise do perfil do informante, pois acreditamos que os sequenciadores resultam da seleção das formas mais frequentes, as quais podem funcionar também como índices de pertencimento regional, sexual, etário, entre outros. A variável dependente é formada pelo tipo de sequenciador: então, e, e depois, que são cotejadas quanto às variáveis sociais e linguísticas função semântico-discursiva, grau de conexão, tipo de discurso, traço semântico do verbo e nível de articulação discursiva (TAVARES, 1999). As ocorrências foram codificadas de acordo com variáveis linguísticas e sociais, estas representadas com símbolos pré-determinados pelas pesquisadoras. Depois de completa a codificação, passamos para a análise estatística do pacote GOLDVARB X (2005). Posteriormente, o programa executou a combinação das variáveis e forneceu os resultados de percentagem e pesos relativos.

RESULTADOS:

RESULTADOS

Os resultados quantitativos obtidos apontam para a influência dos fatores linguísticos e sociais sobre o uso dos conectores sequenciadores, então, e, e depois, e que o princípio da marcação influencia nesse comportamento dos conectores. Os conectores então e depois, por serem mais marcados, são favorecidos pela função semântica de finalização, função mais marcada, e pela função de sequenciador temporal, função também marcada. Já o uso dos conectores e e , menos marcados, e por isso encontrados com maior frequência, é favorecido pelas funções de sequenciação textual, função menos marcada, e pela função de sequenciação temporal. Quanto ao tipo de discurso, a modalidade narrativa se opõe à dissertativa, que se divide em: explanativa e opinativa. Dessa forma, a narrativa é a forma menos marcada, por ser menos complexa se comparado aos outros tipos de texto, e os conectores sequenciadores menos marcados, e e, tendem a ser mais frequentes neste contexto. Como efeito social, constatamos que a escolaridade e a idade influenciam na escolha das formas de sequenciação.

CONCLUSÃO:

CONCLUSÕES

O estudo mostra, por meio de uma análise quantitativa, que os conectores sequenciadores, então, e, e depois ocorrem em contextos sociolinguísticos específicos, o que evidencia um fenômeno de variação linguística. Também revela a influência que o princípio da marcação exerce sobre as opções dos alunos de Itabaiana/SE em termos dos conectores sequenciadores, então, e, e depois, na língua escrita, com a distribuição de cada conector se especializando para contextos distintos: o e e têm predominância em contextos menos complexos, já os conectores então e depois têm predominância em contextos mais complexos, como esperávamos. Para chegarmos aos resultados obtidos, vale destacar que tivemos algumas dificuldades, pois esta pesquisa se insere no âmbito da escrita e o material teórico de apoio tinha como base a fala; por isso, tivemos que adaptar tais estudos à nossa pesquisa, a qual cremos que poderá contribuir para as futuras abordagens destes elementos na escrita. Portanto, está pesquisa mostrou que o princípio da marcação, os contextos linguísticos e sociais são fatores motivadores nos usos dos conectores sequenciadores então, e, e depois.

Instituição de Fomento: Copes/UFS/PICVol
Palavras-chave: Sequenciação de informação, língua escrita, mudança linguística.