62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 4. Educação Artística
PEDAGOGIAS QUEER E LIBERTÁRIA: POSSIBILIDADES PARA A EDUCAÇÃO DA CULTURA VISUAL
Gabriela de Andrade Rodrigues 1
Belidson Dias 2
1. Departamento de Artes Visuais, Instituto de Artes - UnB
2. Prof. Dr./Orientador - Departamento de Artes Visuais - UnB
INTRODUÇÃO:
Cada vez mais a escola distancia suas prioridades da formação integral do indivíduo e concentra seus esforços numa preparação econômica dos jovens. Novos modos de ensinar ou a retomada de pedagogias esquecidas podem relembrar os significados primordiais da educação. Na perspectiva de novas pedagogias encontramos a pedagogia queer, maneira de educar inspirada na teoria homônima que analisa e vive a sexualidade e/ou o gênero fluído, não binário. Por sua vez, a pedagogia libertária encontra inspiração teórica nos pensamentos e práticas anarquistas de diversos autores(as). Entretanto, a vertente socialista libertária é a mais citada pelas(os) educadoras(es) libertárias(os), em que a liberdade é sinônimo de harmonia social. Já no âmbito da educação em Cultura Visual, conceito que amplifica o conteúdo abordado com manifestações culturais contemporâneas e do cotidiano, as novas formas de ensinar possibilitam à(o) estudante uma maneira menos predeterminada de entender o mundo e a si mesma(o).
METODOLOGIA:
O artigo apresenta as duas pedagogias propostas de modo que configure um pequeno panorama de suas origens sociais, principais pensadores e idéias. A apresentação do que significa adotar o ensino em Cultura Visual também se torna necessária por ser uma proposta recente e fundamental para a utilização das pedagogias citadas. Em conjunto a essa última apresentação, procuro propor atitudes e práticas derivadas da seleção de idéias queer e libertárias que considero pertinentes ao ensino em visualidades. Procura-se inovar ao relacionar duas metodologias pedagógicas: queer e libertária, identificando seus fundamentos educacionais para propor uma prática educativa mais abrangente, que se detenha sobre mais de um aspecto constituinte do indivíduo. A identificação de pontos complementares entre si - algumas lacunas, ausências ou dúvidas encontradas em uma recebem maior atenção na outra - justificam esse relacionamento. É importante lembrar que a mobilidade e possibilidade de fragmentação de corpos teóricos aparecem como um incentivo à aventura nos modos de ensinar, uma pedagogia para a liberdade - além de ser uma maneira bem queer de encarar o conhecimento.
RESULTADOS:
Os princípios norteadores da pedagogia anarquista são: liberdade, autonomia, criatividade e solidariedade - ademais, a educação integral, que propõe um aprendizado que abarque todos os aspectos do ser humano (intelectual, social, emotivo e motor) e onde os interesses e a individualidade das(os) estudantes sejam valorizados. A pedagogia Queer não ignora a diversidade das manifestações sexuais, fugindo da maneira binária de entender o gênero e a cultura, é uma pedagogia que trás as diferenças para dentro do cotidiano da sala de aula. Por último, a cultura visual apreende a construção social da experiência visual e desloca o ensino da cultura de elite para a cultura do cotidiano, incluindo outras formas de produção de uma maneira menos hierárquica. Deste modo, não suprime o ensino das Belas Artes, mas expande as possibilidades educacionais das artes visuais. A arte também apresenta visões de mundo, a análise dessas ajuda compreender o outro e si mesmo, fortalecendo redes de solidariedade.
CONCLUSÃO:
A sala de aula deve ser transformada em um espaço que respeite a individualidade dos estudantes, suas escolhas e os processos de desenvolvimento únicos não devem se perder numa ansiosa vontade de hegemonização. Para que a autonomia individual consiga se estabelecer, relações solidárias e de ajuda mútua devem ser valorizadas, saber conviver é mais importante do que aprender a vencer. A criação de espaços para que os estudantes ensinem os conhecimentos que já possuem, demonstram na prática o respeito a outros tipos de saberes e promove o bem-estar pessoal e coletivo. Assim, a criatividade não fica confinada às possibilidades já preestabelecidas por programas e permite a ação livre da aprendizagem. O respeito precisa ser cultivado diariamente, saber sobre e promover várias formas de viver devem fazem parte do cotidiano. Portanto, o respeito, a não taxação pelo exotismo e a discussão aberta sobre todos os temas devem ser práticas concretas e sem preconceitos no dia-a-dia da sala de aula.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Queer, Libertária, Cultura Visual.