62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
AVALIAÇÃO DE PRODUTOS NATURAIS NO CONTROLE DE Tetranychus marianae McGregor (ACARI: TETRANYCHIDAE)
Afonso Lúcio Gomes Estrela de Freitas 1
Anibal Ramadan Oliveira 1
Rosilene Aparecida de Oliveira 1
Maria Aparecida Leão Bittencourt 1
1. Universidade Estadual de Santa Cruz
INTRODUÇÃO:
Defensivos naturais de origem botânica são uma alternativa promissora no controle de insetos e ácaros fitófagos, pois visam contribuir para a diminuição no uso intenso de agrotóxicos. Os produtos calda-de-fumo (Nicotiana tabacum), calda de pimenta-malagueta (Capsicum frutescens), óleo de Piper aduncum e Piper hoffman, nim (Azadirachta indica) e cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) possuem indicação de propriedades acaricidas, inclusive sobre tatraniquídeos. Severas infestações de Tetranychus marianae, praga principalmente do quiabeiro, têm sido recentemente registradas em passifloras na Bahia, causando dano em maracujazeiros em Cruz das Almas e em mais de uma dezena de espécies de passifloras ornamentais do banco de germoplasma da UESC. Não existem produtos químicos registrados pelo Ministério da Agricultura (MAPA) para o controle de ácaros em passifloras, aumentando os riscos do uso de agrotóxicos ao ambiente e à saúde humana. Buscou-se com este trabalho determinar a perspectiva de uso de extratos naturais de origem botânica no controle de T. marianae.
METODOLOGIA:
Foram avaliados extratos aquosos e/ou etanólicos de fumo, pimenta, alho, nim, P. aduncum e P. hoffman, além de óleo de cravo-da-índia, nas concentrações de 1, 3, 5 e 10 % a depender do experimento. O experimento de efeito residual sobre fêmeas adultas foi conduzido em discos foliares de maracujazeiro com 2,5 cm de diâmetro, imersos nos tratamentos durante 10 segundos e secos em temperatura ambiente. Os discos foram dispostos em placas de Petri sobre algodão umedecido, infestados com 10 indivíduos e acondicionados em BOD a 25°C ± 2°C e fotofase de 12 horas. Avaliou-se a mortalidade e a fecundidade a cada 24 horas. Para avaliação do efeito ovicida, discos contendo 30 ovos foram imersos nos tratamentos durante 10 segundos, secos em temperatura ambiente e acondicionados em BOD. As avaliações foram realizadas a cada 24 horas mediante a quantificação do número de larvas eclodidas. O efeito de contato foi testado após borrifação dos extratos sobre discos foliares contendo 10 fêmeas, avaliando-se a mortalidade a cada 24 horas. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualisado com quatro repetições. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P= 0,05).
RESULTADOS:
O extrato etanólico de óleo de cravo pulverizado sobre fêmeas nas concentrações de 1, 3 e 5% proporcionou mortalidade de 53, 40 e 76% e repelência de 20, 46 e 24%, resultando em uma eficiência de 73, 86 e 100% para as respectivas concentrações. O extrato aquoso  de fumo (concentração de 10%) provocou mortalidade de 89% das fêmeas após 48 horas, diferindo do nim (59%), alho (38%) e pimenta (31%). Em relação ao efeito ovicida, o extrato aquoso de fumo foi mais eficiente que os extratos aquosos e/ou etanólicos de nim, P. aduncum e P. hoffman, provocando mortalidade de 90% dos ovos, mas não diferiu do de cravo, com 77% de mortalidade. O efeito deletério do extrato de fumo deveu-se, provavelmente, à ação da nicotina. Não foi verificada diferença significativa na mortalidade de ovos tratados com extratos hidroalcoólicos vegetais (1%). Quanto ao efeito residual, a mortalidade das fêmeas alimentando-se de folhas tratadas com os extratos aquosos (1%) após três dias variou de 27,0 a 75,0%, sendo de 22% na testemunha. O extrato de fumo foi o responsável pelo maior índice de mortalidade. A fecundidade média de T. marianae alimentando-se de folhas tratadas com extrato de fumo foi de 2,39 ovos, diferindo da testemunha (5,1 ovos). No tratamento com cravo a fecundidade média foi de 4,3 ovos.
CONCLUSÃO:
Os produtos a base de fumo e de cravo mostraram-se eficientes no controle de T. marianae em laboratório, sendo o extrato de fumo o tratamento mais eficiente em todos os parâmetros avaliados, causado as maiores taxas de mortalidade de ovos e adultos, além de redução da taxa de fertilidade. Esses resultados indicam que principalmente o extrato de fumo pode ser uma alternativa de baixo custo, prática e eficiente para o controle de ácaros tetraniquídeos em campo, necessitando de testes que comprovem essa expectativa.
Instituição de Fomento: Fapesb
Palavras-chave: Tetraniquídeos, Acaricidas naturais, Extratos vegetais.