62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva
PERFIL ELETROFORÉTICO DAS PROTEÍNAS DE MEMBRANA EXTERNA DE Leptospira interrogans SOROVARIEDADES AUTUMNALIS, CANICOLA E ICTEROHAEMORRHAGIAE
Mariana Assunção de Souza 1
Jacqueline Ribeiro de Castro 1
Rafael Quirino Moreira 1
Fabiana de Almeida Araújo Santos 2
Rone Cardoso 2
Anna Monteiro Correia Lima-Ribeiro 1
1. Faculdade de Medicina Veterinária -Laboratório de Doenças Infectocontagiosas UFU
2. Instituto de Ciências Biológicas - Laboratório de Genética e Bioquímica - UFU
INTRODUÇÃO:

A leptospirose é uma zoonose mundialmente distribuída, causada pela infecção de diferentes sorovares antigênicos de Leptospira interrogans. A principal fonte de infecção da leptospirose humana são os cães, por viverem em contato direto com os seres humanos (VASCONCELLOS, 1993).

Os sorovares frequentemente associados à leptospirose canina clássica são: Canicola e Icterohaemorrhagiae, porém outros sorovares têm-se tornado mais aparentes na população de animais domésticos (SCANZIANI et al., 1994). Vários inquéritos sorológicos realizados em diferentes estados do Brasil demonstram sorovares como: Autumnalis, (BATISTA et al., 2005; VIEGAS et al., 2001); Ballum (MAGALHÃES et al., 2006), Copenhageni (TESSEROLLI et al., 2008); Grippotyphosa, Pomona, (YASUDA et al., 1980) e Pyrogenes (BLAZIUS et al., 2005); também de fundamental importância nas populações caninas brasileiras.

A imensa diversidade existente entre os sorovares patogênicos da leptospirose é atribuída às diferenças na estrutura e composição dos LPS. A principal proteína de membrana externa PME de leptospira é a de peso 32kDa designada como LipL32 (HAAKE et al., 2000).

Objetivou-se verificar o perfil protéico da membrana externa de Leptospira interrogans sorovares Canicola, Icterohaemorrhagiae e Autumnalis.
METODOLOGIA:

O experimento foi realizado no Laboratório de Doenças Infectocontagiosas da Faculdade de Medicina Veterinária e no Laboratório de Genética Molecular do Instituto de Genética e Bioquímica - UFU.

As amostras de L. interrogans foram cultivadas em meio líquido EMJH (Ellinghausen e McCullough,1965), acrescido com 10% de soro estéril de coelho livre de anticorpos antileptospira, e incubado por sete dias sob temperatura de 30°C conforme Brasil(1995).

Para a extração de proteínas de membrana externa utilizou-se o detergente Triton X114 nas amostras de L. interrogans, sorovariedades Autumnalis, Canicola e Icterohaemorrhagiae. As proteínas extraídas presentes nas fases aquosa e detergente foram precipitadas com 10 volumes de acetona em banho de gelo.

Amostras das PME de L. interrogans foram analisadas por eletroforese em gel de poliacrilamida. Em seguida o gel foi desmontado e submetido a coloração com prata. O gel foi estendido entre folhas de papel celofane, embebidas em água destilada, sobre uma placa de vidro onde permaneceram por 24 horas para secar (FRIEDMAN 1982).

RESULTADOS:

A análise das proteínas de membrana externa de L. interrogans sorovariedades Autumnalis, Canicola e Icterohaemorrhagiae por meio da eletroforese unidimensional indicaram a presença de pelo menos quatro bandas, sendo a maioria delas observadas nas três sorovariedades estudadas.

As proteínas identificadas possuem peso molecular aparente de 18, 22, 29 e 63 kDa. A banda de 22 KDa apareceu também como um componente da PME de leptospira, visualizada por Koizumi e Watanabe (2003). A proteína de 29 KDa (LipL32) pode ser uma das principais proteínas da membrana externa de leptospiras, presente em diferentes sorovariedades de L. interrogans, Cullen et al. (2004).

As bandas de peso 22, 29 e 63 kDa identificadas no gel de eletroforese, foram também verificadas por Lafetá et al. (2008) na membrana externa de Leptospira interrogans, sorovariedade Hardjoprajtino além delas a banda de 47 KDa (LipL48), apresentou-se como um dos principais componentes das proteínas de membrana externa. A proteína de 18 kDa foi encontrada também por Nicholson e Prescott (1993) através da técnica de SDS-PAGE, nos sorovares de L. interrogans Autumnalis, Bratislava, Canicola, Icterohaemorrhagiae e Pomona, além das proteínas com massa de aproximadamente 77, 66, 42, 35.5 e 24 kDa comum entre os cinco sorovares estudados.

CONCLUSÃO:

O perfil eletroforético das proteínas de membrana externa da L. interrogans demonstrou que há semelhanças entre mais de uma região dos diferentes sorovares, sendo eles Autumnalis, Canicola e Icterohaemorrhagiae. O conhecimento destas semelhanças poderá auxiliar na elaboração de futuras vacinas ou até mesmo novas técnicas de diagnóstico.

Instituição de Fomento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica PIBIC/UFU e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq.
Palavras-chave: Leptospira spp., Proteínas, Eletroforese.