62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
EFEITO RELAXANTE DA LECTINA DE Lonchocarpus araripenses (LaL) EM AORTA ISOLADA DE RATOS
Nayara Sousa de Mesquita 1
Ana Maria Sampaio Assreuy 3
Alana de Freitas Pires 1
Natália Velloso Fontenele Camello Rodrigues 1
Márcia Machado Marinho 2
Benildo Sousa Cavada 2
1. Laboratório de Fisiofarmacologia da Inflamação- UECE
2. Laboratório de Biologia Molecular - UFC
3. Profa. Dra./Orientadora-Laboratório de Fisiofarmacologia da inflamação-UECE
INTRODUÇÃO:

Lectinas são proteínas que apresentam pelo menos um sítio de ligação não catalítico (domínio lectínico), pelo qual se ligam de forma reversível e específica a carboidratos. Apresentam ampla distribuição dentre os 5 grandes reinos dos seres vivos, sendo as lectinas vegetais as mais estudadas, notadamente a família das leguminosas. Estas lectinas, apesar das diferenças em suas especificidades por carboidratos, são similares em relação às propriedades bioquímicas e físico-químicas mostrando, entretanto, diferenças significativas em suas atividades biológicas. Atividades relaxantes em aortas isoladas de ratos já foram descritas para lectinas oriundas de algas. No entanto, para lectinas de leguminosas, estas atividades somente foram demonstradas para aquelas pertencentes à subtribo Diocleinae do gênero Canavalia. O objetivo deste trabalho é avaliar a atividade relaxante da lectina de sementes de Lonchocarpus araripenses Benth (LaL) sobre aortas isoladas de ratos contraídas por fenilefrina e investigar o seu mecanismo de ação.

METODOLOGIA:

LaL foi isolada e purificada por cromatografia de troca iônica (DEAE-Sephacel). Ratos Wistar foram manipulados de acordo com as diretrizes do Comitê de Ética da UECE (Nº 0559924-4), e sacrificados para remoção da aorta torácica. A aorta, seccionado em anéis (3mm),  foi montada em câmeras contendo Tyrode, a 37° C, pH 7,4 e aerada (95% O2 e 5% CO2). As medidas de contratilidade foram obtidas através de um transdutor de força isométrica (Powerlab) acoplado a um sistema de aquisição de dados (Chart 4.2). Para a investigação do efeito relaxante, LaL (0,1-100µg/mL) foi adicionada sobre aortas com e sem endotélio pré contraídas por fenilefrina (0.1µM). O endotélio foi removido por fricção da superfície íntima dos anéis. A preservação do endotélio foi avaliada através da adição de acetilcolina (1µM) sobre o tecido pré-contraído com fenilefrina (relaxamento ≥ 70%: com endotélio; ausência de relaxamento: sem endotélio). Para avaliar a participação de óxido nítrico, prostaciclina e canais de potássio, na ação da LaL, a aorta foi incubada com L-NAME (100µM), indometacina (10µM), ou tetraetiamônio (5mM).Os resultados foram expressos como média ± E.P.M. (n= 5-7) e analisados pelo teste t de Student, sendo considerados significativos valores de p< 0,05.

RESULTADOS:

Os resultados demonstraram que a LaL produz efeito relaxante sobre as contrações induzidas por fenilefrina somente em aortas endotelizadas. Este efeito foi significativo em todas as concentrações testadas (0,1ug/ml: 17%; 0,3ug/ml: 26%; 1ug/ml: 41%; 3ug/ml: 39%; 10ug/ml: 56%; 30ug/ml: 53%; 100ug/ml: 63%), apresentando máxima resposta na concentração de 100ug/mL. O efeito relaxante da lectina (37,43 ± 7,74) foi completamente revertido pelo L-NAME (103,38 ± 9,19) e TEA (98,55 ± 9,41), e parcialmente pela indometacina (68,29 ± 10,88). De fato, no músculo liso vascular, o NO é o principal mediador do relaxamento dependente de endotélio. Tal ativação estimula os canais de potássio, induzindo hiperpolarização celular e maior saída de cálcio do citosol, inibindo, dessa forma, a contratilidade celular. A ativação dos canais de potássio está envolvida no mecanismo de ação do fator hiperporalizante dependente de endotélio (EDHF) no músculo liso vascular. A participação da prostaciclina no fenômeno de vasodilatação dependente do endotélio depende da presença de receptores prostanóides na parede das células musculares lisas vasculares.

CONCLUSÃO:

Conclui-se que a lectina isolada de sementes de L. araripensis apresenta efeito relaxante estritamente dependente de endotélio, a qual ocorre principalmente com o envolvimento do óxido nítrico e canais de potássio, e em menor grau de prostaciclina.

Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Ceará
Palavras-chave: Lectina, Relaxamento, Aorta.