62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 3. Técnicas e Operações Florestais
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO NÍVEL DE RUÍDO DO OPERADOR DE MOTOSSERRA
Danilo Simões 1
Paulo Torres Fenner 1
1. Universidade Estadual Paulista
INTRODUÇÃO:
A introdução das motosserras no trabalho florestal representou um grande avanço na colheita de madeira. Sua utilização diversificou-se, passando a fazer parte do dia a dia das empresas florestais, tendo seu uso intensificado (MACHADO, 2002). A facilidade de uso e custo relativamente pequeno da motosserra, popularizaram-na, permitindo a sua ampla difusão. No entanto dentre os efeitos negativos desse equipamento, destacam-se o ruído emitido, que pode resultar em perdas auditiveis irreversíveis para os operadores, que na maioria das vezes é causada pela falta de medidas preventivas. A quantidade de ruído pode ser medida em unidades físicas, considerando todos os fatores acústicos durante certo período de tempo. Várias pesquisas mostraram que o nível de ruído não é o único fator envolvido, mas que a frequência em que o ruído ocorre e outras variáveis contribuem para a carga total de ruído (KROEMER & GRANDJEAN, 2005). De acordo com a Legislação Brasileira, para ruído contínuo ou intermitente, o nível máximo de ruído para uma exposição de 8 horas diárias sem o uso de proteção é de 85 dB(A). O experimento foi realizado a fim de identificar se o nível de ruído emitido por motosserras, durante a colheita da madeira de eucalipto, está consoante ao limite de tolerância estabelecido.
METODOLOGIA:
A área deste estudo está localizada nas coordenadas 22°42' 03" de latitude Sul e Longitude 48°59' 38" de latitude Oeste, no Estado de São Paulo, em um plantio de Eucalyptus grandis. Durante a coleta dos dados a temperatura ambiente média manteve-se entre 17,8 e 25,4 ºC, com umidade relativa média do ar de 82 %. A velocidade do vento não ultrapassou a 3,055 m/s. Os dados coletados compreendem-se a quatro dias de colheita da madeira, realizada por um operador de motosserra a cada dia. As motosserras utilizadas possuíam características técnicas semelhantes. A captação dos níveis de ruído foi realizada durante a jornada diária de trabalho composta por todas as atividades parciais da operação. Os dados de ruído foram anotados em intervalos de dez segundos, de acordo com nível de pressão sonora equalizada do aparelho. Os valores medidos em dB(A), representam o número de pressão sonora equalizado com a curva "A" do aparelho com resposta lenta. Os níveis de ruído produzidos, foram obtidos com um medidor de pressão sonora digital, marca Instrutherm, modelo DEC-416, onde se avaliou a dose média de ruído recebida pelo operador durante a jornada de trabalho. O aparelho foi posicionado a uma distância média de 50 cm, simulando a distância do ouvido do operador em relação a motosserra.
RESULTADOS:
Os resultados foram analisados com base nos limites de tolerância para ruídos contínuos ou intermitentes, estabelecidos pela Legislação Brasileira, de acordo com a Norma Regulamentadora número 15 da Lei 6514, aprovada pela Portaria 3214, de oito de junho de 1978. Cabe ressaltar que a medição do nível de pressão sonora equivalente é a medida mais correta, pois registra não somente os diferentes níveis de ruído encontrados, mas também o seu tempo de duração. A Leq média obtida foi de 97,07 dB(A) com um desvio padrão de 1,79. O nível de ruído equivalente contínuo, estava acima do permissível para o limite de tolerância de oito horas estabelecido pela ISO-2631. Este resultado pode ser explicado pelo uso intenso da motosserra no desenvolvimento das atividades parciais de corte da derrubada e traçamento, as quais ocorrem com maior frequência durante a operação. Os maiores níveis de ruído foram obtidos durante o período matutino, fato esse decorrente do corte de derrubada, que em sua maioria é realizado no início da jornada de trabalho. Durante a avaliação todos os operadores de motosserra utilizavam os protetores auriculares tipo concha, com atenuação de 17 dB, para ruídos superiores a 85 dB(A), permitindo de tal modo a execução da operação.
CONCLUSÃO:
As medições realizadas evidenciaram que o nível de ruído encontra-se acima do estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, o que se faz necessário a adoção de medidas mitigadoras, a fim de reduzir o nível de ruído em que o operador de motosserra está exposto.
Instituição de Fomento: Capes - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Palavras-chave: Ergonomia, Higiene ocupacional, Colheita de madeira.