62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
Aspectos epidemiológicos dos acidentes por animais peçonhentos ocorridos no Rio Grande do Norte, Brasil
EDINARA TARGINO DE MELO 2
MATHEUS DE FREITAS FERNANDES PEDROSA 1
YAMARA ARRUDA SILVA DE MENEZES 2
MARIA MARGARETH TEXEIRA GOMES 3
JOSÉ ROBERTO FREIRE OLIVEIRA 1
1. Prof. Dr./Orientador- Depto.de Farmácia
2. Centro Ciências da Saúde, Dept de Farmácia - UFRN
3. Centro de Informação Toxicológica de Natal - Hospital Giselda Trigueiro
INTRODUÇÃO:
Os artrópodos de importância médica destacam-se por sua diversidade e abundância. Estes animais provocam acidentes que resultam em irritações, queimaduras locais e, em casos extremos, no óbito da vítima. As aranhas de maior interesse médico no Brasil pertencem aos gêneros Loxosceles (aranha-marrom), Phoneutria (aranha armadeira) e Latrodectus (viúva negra). Os himenópteros são representados por abelhas, vespas e formigas, causam reações de hipersensibilidade que podem ser desencadeadas por uma única picada, tóxicas ou não tóxicas, que podem incluir hipotensão, taquicardia, náuseas, sudorese e hipotermia. As centopéias ou lacraias picam com mais freqüência os pés e as mãos das vítimas, a picada causa dor intensa, acompanhada de hiperemia e discreto edema local. A ocupação desordenada e a conseqüente modificação do habitat podem ampliar o contato entre humanos e artrópodos, aumentando sua importância como problema de saúde pública. Há escassez de informações sobre esses acidentes no Rio grande do Norte (Brasil). O objetivo desse trabalho é avaliar o perfil dos acidentes causados por artrópodes peçonhentos, com exceção dos escorpiões ocorridos e notificados no Centro de Informações Toxicológicas (CIT-NATAL) do Hospital Giselda Trigueiro, no período retrospectivo de janeiro de 2006 a abril de 2009.
METODOLOGIA:
Nesta avaliação retrospectiva foram analisados dados de 635 pacientes que sofreram acidentes com artropódos, excluindo-se os acidentes com escorpiões no período de janeiro de 2006 a abril de 2009 no Estado do Rio Grande do Norte. Os dados foram obtidos a partir das fichas de investigação de pacientes acidentados por animais peçonhentos, que foram avaliados no Centro de Informações toxicológicas (CIT), localizado no Hospital Giselda Trigueiro na Capital do Estado do Rio Grande do Norte. Foram analisados os seguintes aspectos clínicos e epidemiológicos: agente causal, faixa etária, sexo, local da picada, tempo decorrido picada-atendimento, manifestações locais, e zona.
RESULTADOS:
Foram notificados á CIT, entre o período compreendido janeiro de 2006 a abril de 2009, 635 pacientes que sofreram acidente com artropódos, excluindo-se os acidentes com escorpiões. Dos casos avaliados 52,75% dos casos ocorreram em indivíduos do sexo masculino e 42,25% no sexo feminino. As faixas etárias mais acometidas foram dos 20-30 com 25, 82%, seguida da terceira década de vida correspondendo a 16,85%. Por região anatômica específica, os locais mais afetados por esses acidentes foram: o dedo da mão (21,40%), seguido pelo pé (18,50%). Quanto ao agente agressor o responsável pelo maior número de acidentes foram as aranhas com 38,90%, seguidos de insetos e abelhas com 22,40% e 20,20% respectivamente. O grande número de casos que se tem abelha como agente agressor se explica em razão da abundância e facilidade de locomoção destes animais, que rapidamente colonizam novas áreas quando há escassez de alimento, condições climáticas desfavoráveis e situações de perigo.
CONCLUSÃO:
Este estudo além de sua importância médica e epidemiológica, objetiva esclarecer a população da gravidade desses acidentes visto que raramente levam o artrópodos, causador do acidente, para sua identificação o que contribuindo assim para sua subnotificação. A maior percentagem de acidentes ocorreu com o sexo masculino. Estes dados provavelmente devem-se à maior freqüência com que os homens realizam atividades no campo. Considera-se a necessidade de um programa de conscientização das pessoas para a importância da captura dos artrópodes estudados, com fins de identificação das espécies, agilização e precisão das formas de tratamento. Este estudo mostra a importância do Farmacêutico juntamente com os demais profissionais da equipe de saúde no esclarecimento desse acidentes.
Palavras-chave: Animais peçonhentos, epidemiologia, aspectos clínicos.