62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
O TRABALHADOR-ALUNO: LIMITES PARA A FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL
ADELE CRISTINA BRAGA ARAUJO 1
LEONARDO JOSE FREIRE CABO 2
PAMELLA BESERRA DE MELO 3
RUTH MARIA DE PAULA GONÇALVES 4
1. Centro de Educação - UECE
2. Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos - Limoeiro do Norte/UECE
3. Centro de Humanidades - UECE
4. Profa. Dra./Orientadora - Centro Humanidades - UECE
INTRODUÇÃO:
A presente comunicação está inserida no conjunto das discussões e estudos de nossa pesquisa de Iniciação Científica, intitulada: "Atividade e Formação do Ser Social: quando os trabalhadores são alunos". Tem como propósito examinar a relação trabalho e educação no contexto social no qual o trabalhador-aluno se constitui como ser social, o qual se torna impedido de desenvolver a formação humana integral, própria do gênero humano. De modo mais específico buscamos, à luz da teoria de Leontiev, tendo como base a ontologia marxiana-lukacsiana compreender seu decurso de individuação diante da fusão trabalho e educação, no interior da abordagem de ensino aprendizagem desenvolvida na escola pública e do contexto de trabalho desses jovens, tomando as ações educativas desenvolvidas no PROJOVEM como referência. Justificamos sua relevância por se propor a analisar a proposta pedagógica e aplicabilidade do PROJOVEM no processo de formação do trabalhador-aluno como ser social, no contexto de políticas públicas erguidas sob o financiamento do Banco Mundial, sobre o prisma do Movimento de Educação para Todos cuja concepção de educação básica de qualidade, vincula-se a lógica antagônica entre capital e trabalho.
METODOLOGIA:
A pesquisa utiliza como referência o Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens), analisando as abordagens teórico-metodológicas que norteiam o referido programa voltado para a formação de jovens. De caráter bibliográfico e documental, a pesquisa tem como base teórica a ontologia marxiana-lukacsiana, ancorada nos estudos de Leontiev (1978/ 1979) acerca do desenvolvimento do psiquismo, na discussão profícua sobre formação humana integral apontada por Tonet (2007), na contribuição de Jimenez e Segundo (2006) e Quixadá (2004) e por fim, nos documentos oficiais do Projovem, em especial o PPI - Projeto Pedagógico Integrado do ProJovem Urbano (2008).
RESULTADOS:
A relação entre a teoria e a prática nos tem possibilitado asseverar que o desenvolvimento humano em uma sociedade cindida em classes com interesses antagônicos se dá de forma parcial e fragmentada, impossibilitando, assim, o desenvolvimento omnilateral. As concepções de formação integral e trabalho que perpassam as diretrizes do PROJOVEM reforçam a idéia de que o trabalho é a atividade principal dessa formação, no entanto, trata-se de um trabalho que não potencializa a atividade do homem, pois ratificamos que as formas de organização do trabalho e da produção na forma social-capital, apresentam-se esquivas ao trabalhador, priorizando a acumulação de capital. A concepção de formação humana integral contida na proposta educacional do PROJOVEM alinha-se com o Plano de Educação para Todos, cujas metas estão circunscritas a medidas de "alívio da pobreza", como assinala Leher (1998), de formação de mão de obra para atender aos interesses do capital. Autores como Edgar Morin e Philippe Perrenoud, referências mencionadas nos documentos do programa legitimam uma educação para as competências, priorizando o ato de aprender e secundarizando o ato de ensinar, mais um modismo educacional que serve ao interesse do capital, deixando para trás o legado construído historicamente pela humanidade.
CONCLUSÃO:
Nessa perspectiva, na sociedade erigida sob o capital, percebemos uma formação pouco potencializadora do indivíduo em sua totalidade. Observamos a negação do trabalho como principio educativo, uma vez que tal atividade consolida um modo de exploração, dificultando, assim, a apropriação de objetivações humano-genéricas. No discurso se pretende uma educação integral, participativa, crítica e cidadã para todos os indivíduos, mas que esbarra na impossibilidade do movimento objetivo do real. Portanto, consideramos que pensar na consecução de uma nova sociabilidade é lutar por uma educação que tem como horizonte a emancipação humana, contraposta à formação para a conformação e a aceitação da lógica do ter em detrimento do ser dos homens.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: FORMAÇÃO HUMANA, TRABALHO, PROJOVEM.