62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 4. Línguas Indígenas
ANÁLISE ACÚSTICA DAS VOGAIS DA LÍNGUA PARKATÊJÊ
Cinthia Neves 1
Gessiane Picanço 1
Marília Ferreira 1, 2
1. Faculdade de Letras, Universidade Federal do Pará - UFPA
2. Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:
Parkatêjê é uma língua Timbira, do tronco lingüístico Macro-Jê, falada atualmente em uma aldeia localizada ao longo da BR-222, ao sudeste do estado do Pará. O contato com a língua portuguesa, dado pela interação com os kupẽ (nome atribuído pelos parkatêjê aos não-índios) que vivem nas aldeias é um dos fatores que colocam essa língua em situação de risco. O objetivo deste trabalho, que está em andamento, é apresentar alguns resultados da análise acústica para verificação da qualidade das vogais da língua parkatêjê, que terão seus dois primeiros formantes (F1 e F2) medidos com o auxílio do software PRAAT e os resultados analisados estatisticamente através da produção de gráficos. Esse tipo de análise é segmento fundamental para a boa descrição de qualquer língua e pode contribuir no avanço do estudo histórico-comparativo no Tronco. A representação do sistema sonoro por meio da acústica descreve os sons de forma mais científica e menos empírica, permitindo observar características relevantes para a percepção de diversos sons no sinal acústico (formantes, duração, intensidade, freqüência fundamental). Espera-se que esse tipo de análise permita uma compreensão mais abrangente de alguns fenômenos fonético-fonológicos da língua.
METODOLOGIA:
Para realização da análise foram utilizados dados gravados em janeiro de 2010, com o auxílio de um gravador Marantz PMD 620 e microfone de cabeça Shure WH20XLR, tendo como informante um falante nativo do sexo masculino de aproximadamente 60 anos. O corpus analisado constitui-se de 60 repetições produzidas pelo referido falante nativo, faladas na carrier sentence 'wa me ____ tO' - 'eu digo ____', nas quais se encontram as vogais orais e nasais da língua. As séries selecionadas serão acusticamente analisadas com o auxílio do programa PRAAT - que permite a visualização da onda sonora e do espectrograma de som simultaneamente - medindo-se em Hertz os dois primeiros formantes F1 e F2 de cada vogal, os quais se relacionam à altura e à posição da língua, respectivamente. Os valores obtidos para os formantes serão organizados em planilhas, a fim de que sejam obtidos a média e o desvio padrão. Para a verificação da distribuição no espaço acústico, deverão ser produzidos gráficos (vowel chart) nos quais os valores de F1 e F2 correspondem aos eixos Y e X, respectivamente, no plano cartesiano.
RESULTADOS:
As vogais se distinguem umas das outras de acordo com a distribuição no espaço acústico, ou seja, a posição ocupada por cada uma. Como citado, este trabalho está em andamento - será finalizado entre maio e junho do corrente ano. A partir dos valores médios de freqüência dos dois primeiros formantes os resultados poderão ser analisados e, então, discutidos. Um trabalho preliminar de iniciação científica, desenvolvido pela primeira autora deste e orientado pela Profa. Marília Ferreira, mostrou que no tange às vogais centrais, estas se encontram dentro das faixas de frequência esperadas . Os valores obtidos em tal estudo foram comparados aos de Peterson e Barney (1952) nos estudos sobre vogais das línguas do mundo.
CONCLUSÃO:
A análise acústica permite observações sutis inaudíveis ao ouvido humano sem a ajuda de instrumentos. Portanto, a fonética acústica evidencia com precisão esses sons para posterior apreciação fonológica e contribuirá para o avanço do estudo histórico-comparativo do Tronco Macro-Jê, bem como para uma descrição mais precisa dos aspectos fonético-fonológicos do Parkatêjê.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Parkatêjê, Vogais, Análise acústica.