62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
ANOMALIAS NA VISÃO DE CORES EM PACIENES ESQUIZOFRÊNICOS
Renato Victor Batista 1
Valdir Filgueiras Pessoa 2
1. Faculdade de Medicina - UnB
2. Profo. Dr./Orientador - Depto. de Ciências Fisiológicas - UnB
INTRODUÇÃO:
A esquizofrenia é uma doença que atinge igualmente indivíduos de todas as classes sociais e gêneros. Sua prevalência é de 1% da população mundial, acometendo principalmente jovens, limitando a capacidade produtiva e a vida social desses indivíduos, uma vez que é uma doença de curso crônico e sem cura. Além disso, é uma doença de difícil confirmação. Quanto mais tardio é o diagnóstico pior é o prognóstico do paciente, fato que impulsiona a procura de novas ferramentas diagnósticas. Sabendo-se que na esquizofrenia há uma alteração da atividade do neurotransmissor dopamina e que essa mesma substância faz parte dos circuitos sinápticos da retina responsáveis pela visão de cores, objetiva-se verificar se a visão de cores é prejudicada em pacientes diagnosticados com esquizofrenia em relação a um grupo controle.
METODOLOGIA:
Os testes foram realizados com nove pacientes esquizofrênicos, diagnosticados segundo critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) e nove sujeitos controles. Utilizou-se o Mini-exame do estado mental (mini-mental) para verificar o grau de cognição dos sujeitos da pesquisa; e o teste Hardy-Rand-Rittler (HRR) 4ª edição, sem limites de tempo para diagnóstico de discromatopsias (distúrbio da visão de cores). Os testes foram realizados em ambiente calmo. Todos os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal.
RESULTADOS:
Nenhum controle apresentou déficit de cognição nem discromatopsia. Dois pacientes esquizofrênicos apresentaram déficit de cognição em grau leve no mini-mental. Apenas um paciente esquizofrênico apresentou discromatopsia, sendo diagnosticado como protan bilateralmente. É provável que esta discromatopsia seja do tipo hereditário, uma vez que discromatopsias adquiridas são geralmente monoculares e afetam o eixo tritan. O nível de estabilidade dos pacientes com utilização regular de antipsicóticos pode ter alterado os resultados, uma vez que estabilizam a atividade dopaminérgica.
CONCLUSÃO:
Os resultados sugerem que pacientes esquizofrênicos e tratados com antipsicóticos não apresentam distúrbios da percepção de nenhum eixo de cor. Pesquisas adicionais com maior número de participantes e que incluam indivíduos na fase instável da esquizofrenia são necessárias para elucidar se há mais discromatopsias em pacientes esquizofrênicos quando comparados a indivíduos controle, e em caso afirmativo, se há diferença entre pacientes na fase estável e instável da doença.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; Universidade de Brasília - UnB
Palavras-chave: Esquizofrenia, Discromatopsia, HRR.