62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
MOBILIZAÇÃO E GESTÃO PARTICIPATIVA NA HORTA COMUNITÁRIA, PLANALTINA-DF
Reneida Aparecida Godinho Mendes 1
1. FUP
INTRODUÇÃO:

O rápido e desordenado crescimento nas grandes cidades dificulta a associação entre desenvolvimento urbano e preservação do meio ambiente, pois é implantado um modelo de ocupação de espaço incapaz de uma relação saudável entre o homem e o meio em que vive.

 A Região Administrativa de Planaltina não se exclui desse contexto onde a questão da ocupação territorial não é diferente: a região do Bairro Horta Comunitária, localizada às margens do Córrego do Atoleiro passa por um processo de regularização. Este trabalho em conjunto com os outros já existentes permitirá propor estratégias educativas de sensibilização e mobilização, para construir junto com a comunidade a gestão participativa desta porção do Córrego Atoleiro.

 O Bairro Horta Comunitária, onde está sendo realizado o projeto, já é berço de estudos anteriores dentro de um projeto maior que busca promover a Gestão Participativa da Comunidade. A primeira parte do projeto buscou trabalhar a questão do tratamento do lixo na região e a caracterização do bairro, na época em parceria com a Cooperativa Fundamental de Catadores de Resíduos Recicláveis.

 

METODOLOGIA:
Atividades de mobilização social como participação em reuniões com a comunidade, visitas periódicas aos moradores e conversas informais são as principais ações. Essa foi a metodologia realizadas na busca de um processo de integração da comunidade a respeito da construção e manutenção de um viveiro, que fornecerá as mudas das plantas necessárias para a recuperação das margens do córrego que estão degradas
RESULTADOS:

-         Durante as reuniões da associação dos moradores da Horta Comunitária de Planaltina foi apresentado o projeto de construção do viveiro, para a discussão e viabilidade de sua construção. Após a sua aceitação pelos associados, alguns moradores se colocaram a disposição para serem voluntários na manutenção do viveiro.

-         Iniciou-se em seguida, um primeiro processo de visitas aos moradores, durante o mês de dezembro, que não participavam ou que não compareceram às reuniões da associação, mas residiam no local, a fim de procurar conhecer a percepção dos mesmos sobre o ambiente, divulgar a construção do viveiro assim como a sua importância para a comunidade e a participação de todos na manutenção do mesmo. Foi feita também a entrega de um folder educativo com informações a respeito da importância da manutenção da mata de galeria para a conservação do córrego. Durante essas visitas é que os laços de afinidade e confiança são estabelecidos, sendo essa uma parte crucial do processo.

-         Um segundo passo, nos meses de janeiro e fevereiro, foi a organização e compra do material para a construção do viveiro. A partir daí houve, em conjunto com os moradores voluntários, a designação do local e data de construção.

-         Após a construída a estrutura, por meio de mutirão, o processo de mobilização da comunidade será retomado (mês de março), novas visitas foram realizadas informando aos moradores sobre o andamento do projeto e convidando-os para o evento de inauguração do viveiro.

-         O evento de inauguração do viveiro ocorreu no dia 04/04/2009, na associação dos moradores da Horta comunitária, contou com a presença de 39 moradores que estão interessados no desenvolvimento do projeto, além de ex-moradores que se interessam na melhoria do local, e outros membros da comunidade com os mesmos objetivos. A inauguração teve como objetivo, uma maior divulgação do projeto para envolver mais pessoas da comunidade no processo educativo e de sensibilização a respeito da conservação do Córrego do Atoleiro. Durante o evento foi apresentado um seminário sobre plantas do cerrado, importância da mata de galeria para preservação do córrego, orientações sobre a dinâmica de funcionamento do viveiro e, principalmente, a importância do envolvimento da comunidade local na manutenção do mesmo. Após a apresentação teórica, os participantes se dirigiram para o viveiro, onde puderam conhecer a estrutura construída. (Não foi possível realizar o enchimento dos saquinhos para plantio no mesmo dia, pois havia chovido e a terra estava muito úmida).

-         A partir desse momento, com uma interação da comunidade com o viveiro, são desenvolvidas as atividades de manutenção do mesmo, pelos moradores em conjunto com o grupo de trabalho, ao longo do tempo: semanalmente é realizado o enchimento dos saquinhos, plantio de sementes, e retirada de ervas daninhas, etc. Essa fase é fundamental, pois se verifica o envolvimento dos moradores na organização de atividades em conjunto para um objetivo comum.

CONCLUSÃO:

Durante o processo de visitas às casas dos moradores sempre era verificado o interesse maior de alguns. Com o avançar das visitas cada vez mais moradores e sentiam atraídos e inseridos no projeto, o que é constatado com o aumento do número de pessoas que recebiam o grupo em suas casas. Isso mostra um certo aumento no interesse pelo que está acontecendo no bairro.

            O mesmo se observou durante as reuniões: cada vez mais pessoas compareciam e se mostravam de formas ativas, dispostas a participar do projeto.

            A partir da observação do andamento do trabalho de manutenção do viveiro pela comunidade, é possível avaliar a eficácia da proposta de mobilização social como estratégia da pesquisa-ação como metodologia na educação ambiental, que possibilite a integração da comunidade a fim de promover a gestão participativa e o seu empoderamento.

            A aproximação com a realidade das pessoas possibilita uma maior interação de ambas as partes com o objetivo de fazerem propostas em conjunto. O eficácia do trabalho dos Coletivos Educadores, se deu em sua maioria pelo trabalho contínuo, frequente de visita às casas para a escuta sensível. Com essa ação efetivou-se um maior envolvimento dos moradores a cerca da importância da recuperação do córrego por meio da manutenção do viveiro.

            O processo pedagógico da educação ambiental mostra sua eficácia na medida em que os moradores reconhecem o viveiro como um bem comum, da comunidade mas se reconhecem, participativos em todo o processo de criação, construção e manutensão vendo este como "seu" e de "todos".

            A medida que as pessoas começam a trabalhar em conjunto, de forma organizada, para um bem comum, a mudança da concepção do papel de cada um na sociedade é percebida claramente.

Palavras-chave: comunidade, , educação ambiental,, mobilização social..