62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
CRESCIMENTO DE HORTELÃ-PIMENTA (Mentha x piperita L.) EM DIFERENTES SUBSTRATOS
Ariosto Céleo de Araújo 1
Ronaldo Bernardino dos Santos 2
Jorge Luiz Xavier Lins Cunha 2
Jussiara de Lima Oliveira Araújo 3
Martival dos Santos Morais 4
Afrânio César de Araújo 5
1. Centro de Ciências Agrárias - UFPB
2. Centro de Ciências Agrárias - UFAL
3. Faculdades Integradas de Patos
4. Centro de Ciências Biológicas - UFPE
5. Prof./Orientador - Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias - UFRN
INTRODUÇÃO:
A hortelã-pimenta, desde a antiguidade vem sendo utilizada como condimento, cosmético e como planta medicinal. O principal componente presente nas suas folhas é o óleo essencial formado pela mistura de mentol, mentona e mentofurano. Para várias espécies de plantas medicinais, têm sido verificados benefícios na aplicação de resíduos orgânicos no substrato de crescimento. Além de serem fonte de nutrientes, os materiais orgânicos otimizam a retenção de água e melhoram as características estruturais do solo. O esterco bovino proporciona fertilidade e conservação do solo, além de favorecer o acúmulo de nitrogênio orgânico solo. A torta de filtro da cana-de-açúcar apresenta teores razoáveis de N e P e melhora a estrutura do solo, bem como sua capacidade produtiva. A palha de coco altera as propriedades físicas e químicas do solo e possui altas relações carbono/nutrientes. Recomenda-se que a adubação mineral seja evitada no cultivo da maioria das plantas medicinais, ao passo que a adubação orgânica tem sido indicada como parte de uma série de práticas da "Agricultura Orgânica" em cada uma de suas correntes. Objetivou-se, com este trabalho, avaliar a utilização da palha de coco, esterco bovino e torta de filtro na preparação de substratos para o crescimento de hortelã pimenta em estufa.
METODOLOGIA:
O presente trabalho foi realizado durante o ano de 2008 no Centro de Ciências Agrárias/UFAL, Rio Largo, AL (latitude 09°28'02" S, longitude 35°49'43" W, altitude 127 m), tendo sido conduzido em viveiro com sombrite de 50% de sombreamento, em delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos e quatro repetições. As características químicas do solo utilizado no experimento foram as seguintes: pH(H2O) 6,28; V(%) 72,55; P, K+ e Na, respectivamente, 16,10; 85,00 e 16,00 mg.dm-3; Ca+3 + Mg+2, Al+3, H+ + Al+3, S e T, respectivamente, 5,00; 0,15; 2,00; 5,29 e 7,29 cmolc.dm-3. Os tratamentos foram: 1. Solo (Testemunha); 2. solo + torta de filtro (2:1); 3. solo + esterco bovino (2:1); 4. solo + palha de coco (2:1); 5. solo + torta de filtro + esterco bovino (1:1:1) e 6. solo + torta de filtro + esterco bovino + palha de coco (1:1:1:1). A semeadura foi realizada em sacos plásticos, onde as plantas permaneceram da emergência até a colheita. Foram realizadas seis avaliações semanais, sendo que a primeira ocorreu aos 45 dias após a semeadura. As características analisadas foram: número de folhas, massa seca das folhas, massa seca do caule, altura da planta e área foliar. Os dados foram submetidos à Análise de Variância e teste de Tukey (5% de probabilidade).
RESULTADOS:
Os tratamentos Solo + Torta de filtro (2:1) e Solo + Torta de filtro + Esterco (1:1:1) foram os que proporcionaram os maiores valores para as cinco características analisadas. Por outro lado, como já era esperado, os tratamentos Solo (Testemunha) e Solo + Palha de Coco foram responsáveis pelos valores mais baixos para todas as variáveis analisadas. Os resultados encontrados para o tratamento Solo + Esterco Bovino (2:1) só diferiram estatisticamente pelo teste de Tukey dos demais tratamentos para a variável Número de Folhas. A hortelã respondeu consideravelmente à aplicação da Torta de Filtro, não tendo sido verificadas diferenças estatísticas quando este resíduo orgânico foi utilizado isolado ou associado ao Esterco Bovino. Tanto a Torta de Filtro quanto o Esterco Bovino apresentam elevadas concentrações de Nitrogênio e Fósforo, importantes elementos relacionados ao crescimento vegetativo. A utilização da torta de filtro pode ser, no entanto, inviável, já que pode haver um custo elevado em relação ao transporte do material da indústria até a área de cultivo. Fica, portanto a critério do produtor avaliar se é mais vantajoso aplicar a Torta de Filtro ou o Esterco Bovino no solo a ser cultivado com hortelã-pimenta.
CONCLUSÃO:
A Torta de Filtro da cana-de-açúcar foi o resíduo orgânico mais eficiente em relação ao crescimento vegetativo da hortelã, não importando se era ou não associado ao Esterco Bovino. A utilização da palha de coco não correlacionou-se às variáveis de crescimento da hortelã, analisadas neste trabalho. A escolha do que deve ser aplicado ao solo: Torta de Filtro, Torta de filtro + Esterco Bovino, ou Esterco Bovino, deve levar em consideração o custo total para a obtenção e transporte de cada produto até a área de cultivo.
Palavras-chave: plantas medicinais, substratos orgânicos, aproveitamento de resíduos .