62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 6. Morfologia
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DAS LARVAS DE PACU, Piaractus mesopotamicus HOLMBERG (1887) (CHARACIDAE, SERRASALMINAE), DURANTE AS PRIMEIRAS 36 HORAS APÓS A ECLOSÃO
Milane Alves Correia 1
Lidiane da Silva Nascimento 1
Alaor Maciel Júnior 2
Claudia Maria Reis Raposo Maciel 3
1. Lab. de Biologia/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/Itapetinga-BA
2. Departamento de Tecnologia Rural e Animal - UESB/Itapetinga-BA
3. Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais - UESB
INTRODUÇÃO:
O estudo morfológico das larvas de peixes de água doce é de grande relevância para compreender, de forma seqüencial, o aparecimento de algumas estruturas externas, sendo essas essenciais para o desenvolvimento larval e consequentemente para a sobrevivência destes. De acordo Numann et al. (2005), a descrição dos eventos ontogênicos e sua cronologia trazem informações sobre as necessidades e exigências dos peixes durante as fases iniciais. Entretanto, o conhecimento da ontogênese de larvas de peixes brasileiros é escasso, especialmente das espécies de piracema, sendo seu estudo importante para o conhecimento da história de vida inicial e para taxonomia e larvicultura (Godinho et al., 2003). Desta forma, este trabalho teve por objetivo descrever o desenvolvimento morfológico das larvas de pacu (Piaractus mesopotamicus), durante as primeiras 36 horas após a eclosão.
METODOLOGIA:
As larvas de pacu (Piaractus mesopotamicus), utilizadas neste trabalho, foram provenientes de desovas induzidas, do setor de Piscicultura da Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental de Volta Grande (CEMIG), Conceição das Alagoas - MG. As análises referentes à morfologia aparente dos exemplares em estudo foram realizadas no Laboratório de Biologia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino Oliveira, em Itapetinga - BA. Foram analisados 360 exemplares, sendo descrito a morfologia aparente das larvas recém eclodidas (zero hora) até 36 horas depois de sua eclosão (AE). As análises consistiram na verificação mesoscópica das características externas do corpo dos exemplares, tais como: aparecimento e localização da pigmentação no corpo e no olho, deslocamento da fenda bucal para a posição terminal e abertura da boca, abertura do ânus, formação dos arcos branquiais e do opérculo, formação dos dentes e dentículos, formação das nadadeiras, esboço da bexiga gasosa, flexão da notocorda e redução do saco vitelino. A descrição morfológica das larvas em estudo foi realizada com auxílio de um microscópio estereoscópio trinocular, com aumento máximo de 70X.
RESULTADOS:
Imediatamente após a eclosão, as larvas exibiram um vitelo elipsóide com apêndice tubular. A nadadeira embrionária estava estruturada e percebeu-se o esboço de uma incisura anal. O corpo era alongado e transparente e a vesícula ótica era bastante visível. Às cinco horas AE, observou-se o surgimento de uma incisura bucal na região cefálica, a notocorda era visível e, na região posterior do saco vitelino, notou-se a presença de melanóforos. Nas duas horas seguintes, vesículas ópticas e óticas estavam evidentes, surgiram fossetas olfatórias, na região encefálica. Com 13 e 14 horas AE, os olhos tornaram-se evidentes e a retina pigmentada. A incisura bucal estava nítida e estruturada. A larva apresentou cromatóforos dendríticos na sua porção ventral e a região anal estava evidente, com o ânus provavelmente aberto. Nos exemplares de 21 a 23 horas AE, notou-se um aumento na quantidade de cromatóforos dendríticos. Um dia AE (24 horas), havia uma pigmentação estrelada contornando a região caudal da larva e evidenciou o esboço da nadadeira peitoral. Com 30 horas AE, observou-se redução da nadadeira embrionária e a boca e o ânus estavam abertos. Entre 31 e 36 horas AE, verificou-se esboços de arcos branquiais. Pode-se inferir que, nesta fase, a larva possui um tubo digestivo funcional.
CONCLUSÃO:
As larvas de pacu (Piaractus mesopotamicus) com 36 horas após a eclosão apresentaram características morfológicas importantes, tais como: olhos pigmentados, boca e ânus abertos, arcos branquiais em desenvolvimento, que favorecem o crescimento e a sobrevivência da espécie numa fase crítica do desenvolvimento, o início da alimentação exógena.
Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
Palavras-chave: Ontogenia, Peixes de água doce, Teleostei.