62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil
EFEITO DO TAMOXIFENO NA VAGINA DE RATAS CASTRADAS
Victor Leal de Vasconcelos 2, 1
Afif Rieth Nery Aguiar 2, 1
Igor Cardoso Campos 2, 1
Pedro Vitor Lopes Costa 2, 1
Alesse Ribeiro dos Santos 2, 1
Benedito Borges da Silva 2, 3, 1
1. Departamento Materno-Infantil, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI
2. HOSPITAL GETÚLIO VARGAS - HGV
3. Prof. Dr./Orientador
INTRODUÇÃO:

O câncer de mama apresenta incidência crescente mundialmente. A terapia hormonal adjuvante é uma das principais estratégias no tratamento da doença. O tamoxifeno, Modulador Seletivo dos Receptores de Estrógeno, é a droga mais comumente utilizada na terapia hormonal, indicada em tumores que expressam receptores estrogênicos (RE). Ele atua pela ligação ao RE, apresentado efeito agonista ou antagonista de acordo com o tecido alvo. Na mama, atua como antagonista. Na vagina apresenta papel controverso. Poucos trabalhos têm avaliado seu efeito na vagina e na função sexual feminina. Mulheres menopausadas com câncer de mama tem indicação mais freqüente de tamoxifeno pela maior prevalência de tumores RE positivos. Assim, como o climatério desencadeia efeitos de hipoestrogenismo com atrofia da vaginal, seria importante avaliar o efeito do tamoxifeno no trofismo vaginal. O estudo dos efeitos do tamoxifeno diretamente em mulheres é impossibilitado por razões éticas. Uma opção seria a utilização de ratas castradas como modelos experimentais, simulando mulheres menopausadas para avaliação do efeito da droga no trato genital. Assim, diante das controvérsias existentes na literatura e da escassez de estudos avaliando o efeito do tamoxifeno no epitélio vaginal, o presente estudo foi concebido.

METODOLOGIA:

Estudo experimental, randomizado e placebo-controlado. Aprovado no Comitê de Ética de Pesquisa-UFPI. Utilizaram-se fêmeas virgens de Rattus norvergicus allbinus. Ao atingirem 250g de peso, 40 animais foram submetidos à ooforectomia bilateral. Após 21 dias, realizou-se citologia vaginal para confirmar hipoestrogenismo. Os animais foram divididos nos grupos: I (n=20, placebo; 0,5 ml/dia de propilenoglicol por gavagem durante 30 dias) e II (n=20,tamoxifeno; 50µg/dia de citrato de tamoxifeno + 0,5 ml de propilenoglicol por gavagem durante 30 dias). Foram sacrificados por deslocamento cervical sob anestesia geral. Realizou-se laparotomia para exérese das vaginas. Estas foram fixadas em formol tamponado e incluídas em parafina para confecção de blocos. Foram feitos cortes transversais de 5µm nos blocos, desparfinização, incubação com anticorpo anti-Ki67 (clone MIB-5/DAKO), lavagem com soluções tamponadas e incubação com anticorpo biotinilado. As células com núcleos corados em marrom foram consideradas positivas para Ki-67 e sua quantificação foi realizada utilizando-se um microscópio de luz. A expressão do Ki-67 foi avaliada pelo cálculo da porcentagem de células epiteliais coradas (nº mínimo: 500 células/lâmina). Para comparação dos grupos utilizou-se o teste t de student (p<0,05).

RESULTADOS:

No presente estudo, na avaliacão da atividade proliferativa do epitélio vaginal, utilizamos o Ki-67, uma proteína nuclear de função desconhecida expressa em todas as fases do ciclo celular, exceto na fase G0 (fase de repouso). Desta forma, a expressão imunohistoquímica do Ki-67 tem sido largamente utilizada, por tratar-se de um método muito sensível na avaliação da atividade proliferativa. Até onde foi investigado, não foram encontrados na literatura estudos avaliando o efeito do tamoxifeno no epitélio vaginal de ratas utilizando marcadores com sensibilidade semelhante. Na análise das lâminas de epitélio vaginal após imunoistoquímica para Ki-67, observou-se predominância de celular coradas no grupo II (porcentagem média de 26,86 ± 2,19) em relação ao grupo I (porcentagem média de 4,04 ± 0,96) (p< 0,001).

CONCLUSÃO:

A atividade proliferativa, avaliada pela expressão imunoistoquímica do marcador Ki-67, foi significantemente maior no epitélio vaginal de ratas castradas tratadas com tamoxifeno em comparação ao grupo controle.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: tamoxifeno, Ki-67, vagina.