62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 2. Analise Toxicológica
O PAPEL PROTETOR DO SELÊNIO (Se) EM RELAÇÃO AOS TEORES DE MERCÚRIO (Hg) EM PEIXES DE UMA COMUNIDADE RIBEIRINHA DA AMAZÔNIA, PARÁ, BRASIL.
Suellen Christtine da Costa Sanches 1
Elisabeth Conceição de Oliveira Santos 1
Iracina Maura de Jesus 1
Kleber Raimundo Freitas Faial 1
Simony do Carmo S. Rolo de Oliveira 1
Diomar Pereira Cavalcante 1
1. Instituto Evandro Chagas IEC
INTRODUÇÃO:
O mercúrio (Hg) é um metal pesado de aspecto argênteo, inodoro, cujo símbolo Hg deriva do latim hydrargyrum. O mercúrio inorgânico (Hg++) pode ser introduzido na cadeia alimentar, por meio da absorção e organificação das bactérias, originando o composto organomercurial denominado de metilmercúrio (CH3Hg+). O selênio (Se) é um elemento raro, que quando ingerido em excesso (valores maiores que 10 mg/L em águas e 50 mg/L em alimentos) é considerado tóxico. O sistema urinário funciona para manter o selênio em níveis normais no corpo, uma vez que por fazer parte do sistema antioxidante do organismo sua presença é essencial. Um dos possíveis modos que vem sendo pesquisado para impedir a exposição mercurial é a possibilidade de existir uma relação de proteção entre o mercúrio e o selênio. Neste trabalho, Objetivou-se avaliar os teores de mercúrio e selênio nas diferentes espécies de peixes consumidas pela população da comunidade ribeirinha de Barreiras (Itaituba-PA), correlacionar os teores de mercúrio e selênio e avaliar a possibilidade do selênio atuar como inibidor da exposição mercurial.
METODOLOGIA:
Foram coletadas 232 amostras de diferentes espécies de peixes ao longo do rio Tapajós, próximo a comunidade ribeirinha de Barreiras (Itaituba-PA). No momento da coleta foi preenchida uma ficha de campo contendo informações sobre o local da pesca e as principais características do pescado coletado. Neste procedimento deve-se evitar adquirir espécimes no mercado, pois os pescados comercializados nestes locais são de diferentes procedências. As amostras ao chegarem ao laboratório são descongeladas a temperatura ambiente sendo retirada em seguida a epiderme superficial e acondicionadas em vidro âmbar, onde são homogeneizados e identificadas para posterior tratamento da amostra. O laboratório de Toxicologia, possui na sua infra-estrutura analítica um espectrômetro de absorção atômica acoplado a forno de grafite (GFAAS-SPECTRAA 220Z) e um espectrômetro de absorção atômica a vapor frio (Mercury Analyzer Hg - 201), utilizados na determinação das concentrações de selênio e mercúrio, respectivamente.
RESULTADOS:
A média das concentrações de mercúrio em peixes carnívoros foi de 0,66mg/g, acima do permitido pela ANVISA (0,5mg/g) e abaixo preconizado pela OMS (1,0mg/g), enquanto que as espécies não carnívoras apresentam valores abaixo dos índices preconizados pela legislação nacional e internacional com média de 0,09 mg/g, as diferenças entre as concentrações foi provavelmente devido a fatores ambientais e principalmente, às características das espécies, tais como: idade, tamanho, hábito alimentar, composição, capacidade de migração, etc. Os teores de selênio não apresentaram diferença significativa entre os peixes carnívoros e não carnívoros, apresentando médias de 0,34mg/g e 0,32mg/g, respectivamente.
CONCLUSÃO:

Neste estudo, as espécies de peixes, classificados genericamente como não-carnívoros, apresentaram diferenças significativas nos teores de mercúrio no tecido muscular, sendo inferiores quando comparados com os peixes carnívoros. Este comportamento não foi observado para as concentrações de selênio nestas mesmas espécies. A correlação entre a razão molar das concentrações de mercúrio e selênio no tecido muscular da grande maioria das espécies de peixes mostrou que existe uma correlação positiva e significativa entre estas variáveis, independente de hábito alimentar. Os estudos sobre os mecanismos de formação do complexo de mercúrio e selênio e proteínas específicas, ainda não são conclusivos. Contudo, este fato é indicativo da existência da formação de um complexo entre estes elementos, provavelmente mediada por proteínas. A importância do estudo de Hg e Se nos peixes, e a correlação encontrada, indica que há necessidade da realização de estudos mais específicos para um melhor entendimento da formação deste complexo e comprovar a eficiência da sua ação nos organismos atuando na diminuição do potencial tóxico e acumulativo do Hg no organismo.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico-CNPq.
Palavras-chave: Mercúrio, Selênio, Peixes.