62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 1. Bioquímica da Nutrição
AVALIAÇÃO QUALITATIVA PROTÉICA DA QUINUA (Chenopodium quinoa Willdenow) EM RATOS WISTAR MACHOS
Guilherme Arruda Witeck 1
Mateus Oliveira de Azambuja 2
Signorá Peres Konrad 3
1. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul / UNIJUÍ
2. Nutricionista
3. Lab. Nutrição Experimental, Universidade do Vale do Rio dos Sinos / UNISINOS
INTRODUÇÃO:

O grão da quinua (Chenopodium quinoa, Willdenow) é oriundo da região dos Andes e cultivada a milhares de anos. É classificada como pseudo-cereal, por não pertencer à família das gramíneas, mas possuir alto conteúdo de amido e relevância no seu conteúdo e qualidade protéica, rico em lisina e aminoácidos sulfurados, deficientes nos cereais, além de elevadas quantidades de tiamina, riboflavina, niacina, piridoxina, magnésio, zinco, cobre, ferro, manganês e potássio e teores de fibras maiores que as do arroz, trigo e milho. A avaliação da qualidade de proteínas envolve, além da quantidade de nitrogênio total, sua composição aminoacídica, digestibilidade e fatores antinutricionais. A determinação da digestibilidade de proteínas pode ser in vivo, utilizando-se ensaios com animais experimentais. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da proteína da quinua no crescimento de ratos Wistar machos através de métodos biológicos.

METODOLOGIA:
Utilizados dezoito ratos machos, linhagem Wistar, desmamados aos 22 dias, abrigados individualmente, em temperatura média de 23ºC, umidade relativa de 70-80% e fotoperíodo de 12h claro/escuro. Divididos em três grupos com seis em cada (n=6). Ao grupo controle foi fornecida a dieta padrão de acordo com AIN-93G e os grupos aprotéico e teste (quinua) receberam dietas AIN-93G modificadas no teor e variação protéica: Grupo Padrão (GP)-caseína; Grupo Teste (GT)-farinha de quinua variedade Real Branca e o Grupo Aprotéico (GA)-sem proteína. Dieta e água foram oferecidos à vontade (ad libitum). Administração de alimentos e registro do consumo alimentar (CA) em dias alternados e o ganho ponderal (GP) registrado semanalmente. Os dados foram utilizados para cálculo do quociente de eficiência líquida protéica (NPR), digestibilidade verdadeira (Dv), quociente de eficiência protéica (PER) e coeficiente de eficiência alimentar (CEA). A determinação do nitrogênio fecal (NFe) e da proteína das rações foram pelo método de semi-micro Kjeldahl.
RESULTADOS:

Os dados foram analisados pelo teste "t" de Student, para dados não pareados (p<0,05) e expressos como média e desvio padrão (± DP). Os valores para os grupos Padrão e Teste, respectivamente: GP 100,57*±8,18g vs 64,16±8,95g; CA 359,38*±30,95g vs 255,86±39,42g; NPR 3,29±0,42 vs 4,55±1,1; PER 3,03±0,31 vs 2,78±0,34; CEA 0,28±0,03g vs 0,25±0,03g; Dv% 94,1*±2,29 vs 85±1,9. GT mostrou menor GP (P<0,0001), CA (P=0,0005), NPR (P=0,026) e Dv (P<0,0001), contudo, o PER (P=0,2146) e o CEA (P=0,1398) foram similares entre os grupos. Através do cálculo de digestibilidade verdadeira, a quinua apresentou taxas superiores as encontradas nos demais cereais, mas se mostrou inferior à da caseína, ou seja, menor retenção de nitrogênio pelo metabolismo que a proteína de origem animal.

CONCLUSÃO:

Conclui-se que a quinua é um alimento que possui qualidade protéica inferior a proteína animal através da digestibilidade verdadeira, mostrando esse o fator limitante na retenção de nitrogênio, mas com taxas superiores que os demais cereais e leguminosas, sendo capaz de promover crescimento superior que o milho, arroz, soja e feijão. Sugere-se uma promoção complementar e aumento quantitativo protéico, atenuando as conseqüências qualitativas da proteína da quinua.

Instituição de Fomento: Universidade do Vale do Rio dos Sinos / UNISINOS
Palavras-chave: Quinua, Qualidade protéica, Ratos Wistar.