62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura
Encantaria Cabocla praticada na cidade de Maceió
José Aparecido dos Santos 1
José Roberto Santos Lima 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho teve como finalidade, identificar a influência ameríndia nas praticas religiosas dos cultos afro-brasileiros. Identificando-se assim como ocorre a junção dessas praticas ritualísticas no Brasil. Trazido da África com os negros, o candomblé chega ao Brasil nos navios negreiros entre os séculos XVI e XIX, com o inicio do tráfico de escravos negros da África Ocidental. O candomblé sofreu grande repressão dos colonizadores portugueses, que o consideravam como feitiçaria e/ou pratica diabólica. Para sobreviver às perseguições, os adeptos passaram a associar os Orixás aos Santos Católicos, no chamado sincretismo religioso, Rodrigues. No Brasil, com aproximação das praticas xamanísticas, os africanos começam adotar elementos desta nova cultura. Não tarda para que entidades indígenas fossem associadas aos cultos africanos. Tem-se desta forma o surgimento do Candomblé de Caboclo em Salvador, ocasionado pela junção destas tradições de cultos aos ancestrais. Com base na pesquisa pode-se constatar que o Candomblé de Caboclo é todo o candomblé que além do culto aos Orixás, cultua espíritos ameríndios chamados caboclos. Trata-se portanto de um exemplo nítido do sincretismo religioso popular no Brasil. Registram-se nele influências indígenas e mestiças, resumindo-se os hinos especiais de cada encantado ou caboclo, cantados em português, a uma declaração dos seus poderes sobrenaturais. Os cultos aos Caboclos são realizados em sua maioria nas regiões Norte e Nordeste. Existem ainda os "Candomblés de Caboclo", típicos dos cultos trazidos pelos negros de Angola. Nessas cerimônias, as filhas e os filhos de santo incorporam não apenas os orixás, mas também os espíritos de "caboclos", que seriam entidades de luz da corrente indígena.
METODOLOGIA:
Como metodologia para o desenvolvimento desta pesquisa, foi adotada a observação participativa, elemento que possibilitou o entendimento das festas de caboclo praticadas nos Terreiros de culto afro-brasileiro. As observações ocorreram durante as festas publicas, em alguns casos foi possível fazer o acompanhamento das preparações. . Desta forma foi possível acompanhar os preparativos desta festa, onde pode-se observar como estas entidades são representadas e de que forma os adeptos se identificam com estes seres míticos.
RESULTADOS:
O estudo desta festa possibilitou entender como elementos da cultura indígena, estão presentes nos cultos afro-brasileiros. O entendimento desta relação de cultos possibilita comprovar a relação sincrética destes cultos, uma vez que o culto aos caboclos é a exaltação do nativo brasileiro, o Índio, conforme trecho a seguir: Ao analisarmos as oferendas que são arriadas e/ou oferecidas aos CABOCLOS, se comparamos aos hábitos alimentares dos nossos índios poderemos ver claramente que esta tem ligação direta com os mesmos. Um traço bastante peculiar em nosso estado, é o desuso da jurema como bebida sagrada. Não foi possível identificar em qual momento a jurema deixa de usada nos ritos, sendo apenas usada a juremeira como habitat de espíritos sagrados. Representando as setes cidades sagradas da jurema. Ver Assunção. No terreiro em estudo os caboclos não usam penachos, usam chapéus, objetos este que os identificam como seres da terra, homes de vida árdua, o uso do cachimbo é comum, mas usado de forma muito diferente, tudo é simbólico (ao meu vê), mas totalmente sagrado para os adeptos desta religião. No entanto não quero aqui questionar o que é sagrado e/ ou verdadeiro nestas representações de sagrado.
CONCLUSÃO:
É nesta questão da religião como interventora no mundo religioso e não religioso que veremos como se dá essa dinâmica, mostrada por Reginaldo Prandi, em que aqueles que procuram o candomblé vêem essa religião como algo que proporciona, ao mesmo tempo, distanciamento e aproximação do mundo. Para aqueles que a consideram apenas como um modo de aproximação, entendida pelo autor como sendo uma resposta a problemas relacionados à vida material ou a espiritual, essa religião é de importância significativa, levando em consideração a sociedade que a pesar de ser regida por códigos morais e regras de comportamento, estes não tem significados iguais para todos e não há uma preocupação seria a esse respeito. O candomblé, portanto, transpassa as barreiras de quaisquer regras ou valores que são impostos por essa sociedade, dependendo do que for pedido pelos adeptos, permitindo a estes alcançarem o que por outras vias que não fosse a magia, conseguir. Essa pesquisa possibilitou entender como a comunidade de terreiro lida com a representação do sagrado, com valorização de elementos brasileiros, neste caso o indígena.
Instituição de Fomento: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
Palavras-chave: RELIGÃO, FESTAS, CABOCLOS.