62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
HÁBITO ALIMENTAR DE Leporinus bahiensis (ANOSTOMIDAE) NA REGIÃO DO RIO DE CONTAS NA FLORESTA NACIONAL CONTENDAS DO SINCORÁ (FLONA), BAHIA : RESULTADOS PARCIAIS.
Larissa de Jesus Benevides 1
Flávia Borges Santos 1
1. UESB
INTRODUÇÃO:
 

Leporinus bahiensis, conhecida popularmente como piau, é uma espécie de peixe da família Anostomida, da ordem Characiformes, com uma distribuição restrita para o estado da Bahia. Apresentam comprimento de 09 a 20,3 cm. Não há informações sobre os nomes das localidades na Bahia onde foram coletados os espécimes descritos originalmente e também não há trabalhos publicados que tratem de qualquer aspecto ecológico desta espécie.

A área de estudo consiste em trechos de riachos, além do Rio de Contas localizados na Floresta Nacional Contendas do Sincorá (FLONA),a qual é uma das duas Florestas Nacionais da Região Nordeste e a única Floresta Nacional do estado da Bahia. Situa-se na Depressão Sertaneja Meridional, possui área total aproximada de 11.034 ha e está localizada no Município de Contendas do Sincorá, Comarca de Ituaçu, Estado da Bahia.

O presente trabalho visa analisar os conteúdos estomacais, determinar a composição da dieta e o hábito alimentar da espécie de piau, Leporinus bahiensis (Família Anostomidae) que ocorre em trechos de riachos e no Rio de Contas, localizado na região de entorno da Floresta Nacional Contendas do Sincorá (FLONA), Bahia.

METODOLOGIA:
 

Para a coleta de Leporinus bahiensis, nos riachos e rios da FLONA, utilizou-se como método de coleta tarrafas, redes de arrasto e vara de pesca.

Os exemplares foram fixados em solução de formalina 10% e posteriormente etiquetados e acondicionados em frascos de vidro com álcool a 70%.

Para a análise da dieta de L. bahiensis, 19 indivíduos foram sorteados aleatoriamente, os quais foram dissecados por meio de incisão abdominal ventro-sagital, da abertura anal até a altura da inserção das nadadeiras peitorais. Os tubos digestivos foram então retirados e tiveram seu comprimento (CTD) medido, visando determinar uma possível relação da razão entre esta medida e a do comprimento padrão (CP) (índice CTD/CP) com a dieta de L. bahiensis.

Os itens alimentares foram identificados até o menor nível taxonômico possível e quantificados. Após a identificação destes itens, a dieta foi descrita segundo os métodos de composição percentual (CPE%) e de freqüência de ocorrência (FO%), medindo-se assim com que frequência este item ocorre nos tubos digestivos. A dieta também foi caracterizada a partir do Índice Alimentar (IAi), o qual é igual à razão entre o produto da freqüência de ocorrência e volume (em valores percentuais) de cada item, e a somatória dos produtos para todos os itens constatados.

RESULTADOS:
 

Do total de indivíduos coletados, foram identificados 86 exemplares de L. bahiensis para a análise da dieta, tendo sido dissecados até o momento 19 exemplares. Nenhum dos tubos digestivos estava vazio.

Os 19 indivíduos apresentaram média de comprimento padrão (CP) igual a 13,91 cm (09 - 20,3) e média de comprimento do tubo digestivo (CTD) igual a 13,94 cm (5,08 - 21,5), enquanto que a média das razões entre o comprimento do tubo digestivo e comprimento padrão (CTD/CP) foi de 0,99 cm (0,45 - 1,43).

Foram encontradas 17 categorias alimentares, identificadas como os seguintes itens: Nematoda, Bivalvia, Concha de Gastropoda, Arthropoda, Fragmento de Crustacea, Ostracoda, Insecta, Ninfa Odonata, Vértebra, Escama e Raio de Nadadeira de peixe, Ovo (?), Espinho (?), Matéria Orgânica Animal, Matéria Orgânica Vegetal, Alga Filamentosa, Angiosperma. Os itens alimentares que apresentaram maior freqüência de ocorrência foram: Matéria Orgânica Animal e Nematoda (63,2% cada). Os que apresentaram maior volume foram: Matéria Orgânica Animal (57,9%) e Matéria Orgânica Vegetal (12,8%). De acordo com o Índice Alimentar (IAi), os itens mais importantes foram: Nematoda (50,5%) e Matéria Orgânica Animal (39,6%). Até o presente, L. bahiensis pode ser considerada como espécie onívora.



CONCLUSÃO:
 

A população de Leporinus bahiensis que ocorre na Floresta Nacional Contendas do Sincorá vive em riachos de águas turvas, com correnteza moderada e em trechos de corredeiras do Rio de Contas.

Espécies de peixes carnívoras tendem a apresentar geralmente valores menores que 1,0 para a relação CTD/CP, enquanto que as herbívoras tendem a apresentar valores maiores que 1,0. A partir desta premissa, L. bahiensis pode ser classificada como espécie onívora, uma vez que o valor de CTD/CP encontrado (0,99) foi intermediário aos citados.

Portanto, apresenta hábito alimentar onívoro com um caráter oportunista, evidente em função da grande plasticidade alimentar encontrada em sua dieta, caracterizada por recursos autóctones e alóctones. Entretanto, estes resultados serão complementados com a análise da dieta de novos espécimes já coletados.

Como não há trabalhos publicados que tratem de qualquer aspecto ecológico desta espécie, torna-se necessário a realização de estudos complementares acerca de sua dieta, no sentido de verificar se há variações dos hábitos alimentares da mesma, para diferentes regiões.

Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PIBIC/CNPq
Palavras-chave: Leporinus bahiensis, hábito alimentar, FLONA.