62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
COMPOSIÇÃO DE ORGANISMOS MARINHOS ASSOCIADOS ÀS ALGAS Ulva fasciata E Sargassum cymosum NA PRAIA DE PÉ DE SERRA, URUÇUCA-BA.
Diana Batista da Silva 1
Jaime Gregório Santos Junior 1
Patrícia Silva 1
Maria Cecília Guerrazzi 1
Milena Ferreira dos Santos 1
Adriana Santos Gonçalves 1
1. Depto. de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
INTRODUÇÃO:
Nos ecossistemas marinhos as macroalgas desempenham um papel importante por estarem na base da cadeia trófica, e por oferecerem abrigo a diferentes organismos que vivem associados, durante uma fase de suas vidas ou pela vida toda (Prado & Pires & Fortes, 2000). Sendo vários os fatores que condicionam a distribuição e a composição da fauna fital (Albuquerque & Guéron, 1989). Segundo MacArthur & MacArthur (1961) a diversidade e riqueza de espécies está intimamente relacionada à heterogeneidade espacial, propiciando maior presença de refúgios e/ou de recursos alimentares às espécies (Abele, 1974). Assim, quanto maior a complexidade estrutural do ambiente, mais complexas serão as comunidades. Duas espécies de algas são mais abundantes na região de franja de infralitoral, da Praia de Pé de Serra: Sargassum cymosum e Ulva fasciata. Essas algas apresentam diferenças estruturais marcantes e arquiteturas completamente distintas. Este trabalho teve por objetivo averiguar a riqueza e a abundância de organismos que vivem associados às espécies de algas Ulva fasciata e Sargassum cymosum. Verificando a hipótese de que a arquitetura das algas influenciaria a composição da macrofauna associada.
METODOLOGIA:
A área de estudo foi a praia de Pé de Serra, localizada no município de Uruçuca, litoral Sul da Bahia (latitude de 11º 50' 02'' e longitude 39° 36' 45', numa área de 560,7 km2). Caracteriza-se por suas extensas e elevadas formações de ondas, por possuir costão rochoso com areia de granulação fina, emolduradas por densos coqueirais e banhadas por águas límpidas (Plano de Manejo do Parque Estadual Serra do Conduru, 2005). O estudo foi realizado em fevereiro de 2009, durante a maré baixa. As algas foram coletadas em dois diferentes pontos do costão rochoso, localizados na franja de infralitoral. As mesmas foram removidas da superfície da rocha com espátulas, através de raspagem da extremidade do talo. Foram medidos dois litros de cada espécie de alga (Ulva fasciata e Sargassum cymosum) nos dois pontos de coleta, e acondicionados em sacos plásticos em solução de formol salino 4%, devidamente etiquetados para posterior triagem. Em laboratório, as algas foram lavadas ativamente para que os organismos associados se desprendessem caindo em um recipiente para subseqüente identificação. O material foi separado por morfoespécies e fixado em álcool 70%. As algas foram observadas em lupas e fotografadas.
RESULTADOS:
Foram registrados 986 indivíduos da macrofauna fitobentônica, sendo 229 encontrados em Ulva fasciata e 757 em Sargassum cymosum. Das 10 morfoespécies encontradas em U. fasciata foram separadas em 6 classes: Pycnogonida com 3 indivíduos; Polychaeta 3; Polyplacophora 5; Bivalvia 15; Malacostraca 100 e Gastropoda 103 indivíduos. Associados à alga S. cymosum encontrou-se 16 morfoespécies, inseridas em 6 classes: Polychaeta 1 indivíduo, Polyplacophora 4, Bivalvia 4 , Anthozoa 6, Malacostraca 313 e Gastropoda 435 representantes. A alga S. cymosum obteve maior abundância em duas classes, indicando maior utilização deste microhabitat pelos organismos. Aplicou-se o Índice de Dominância de Simpson, comparando-se os índices de diversidade entre as comunidades. Ulva fasciata apresentou um índice de D= 0.6575, indicando maior porcentagem de indivíduos de mesma morfoespécie, em comparação a Sargassum cymosum (D= 0.6259). Portanto, uma maior dominância e menor diversidade ocorreram em U. fasciata. Uma possível explicação para maior diversidade em S. cymosum está em sua arquitetura filamentosa e textura parda, permitindo uma camuflagem mais eficiente dos organismos. Oferecendo abrigo, alimento e menor exposição aos predadores em um habitat (Barnes & Hughes, 1999).
CONCLUSÃO:
Observou-se que a macrofauna associada à Sargassum cymosum apresentou maior diversidade e abundância para as comunidades em relação aos dados encontrados para Ulva fasciata, alga verde, que possui características estruturais mais simples, superfície lisa e espalmada. Pouco filamentosa, não propiciando um abrigo seguro para a epifauna associada, com área de superfície menor em relação à Sargassum cymosum, além de ser menos resistente à dessecação (Oliveira Filho et al 1983). Um maior monitoramento dos costões rochosos seria muito relevante, uma vez que os mesmos são de grande importância para a fauna do fital, além de servir de refúgio para várias espécies de peixes, algumas das quais sob ameaça de extinção, como os cavalos marinhos Hippocampus reidi e H. erectus (IBAMA, 2010). A alga parda também representa um considerável recurso alimentar para a tartaruga-verde, Chelonia mydas, de modo que alterações no banco das algas podem afetar diretamente a abundância e a distribuição de espécies e conseqüentemente de sua fauna associada (Sazima & Sazima 1983). O presente estudo é uma importante contribuição ao estudo da estrutura de comunidade associada a essas algas, uma vez que constitui uma base consistente para pesquisas subseqüentes.
Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
Palavras-chave: Algas, Macrofauna fitobentônica , Diversidade.