62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 2. Helmintologia de Parasitos
APROVEITAMENTO DE SEMENTES DE ABÓBORA (Curcubita pepo e Curcubita moschota L.) EM RAÇÕES PARA CAPRINOS COM ATIVIDADE ANTI-HELMÍNTICA.  
Cláudia Moura de Melo 2, 1
João Victor Guimarães Coutinho Neves 2, 1
Camila Dantas de Carvalho 2, 1
Álvaro Silva Lima 2, 1
Juliana Cordeiro Cardoso 2, 1
1. Universidade Tiradentes/ UNIT
2. Instituto e Tecnologia e Pesquisa/ ITP
INTRODUÇÃO:

 A caprinocultura apresenta-se difundida em Sergipe, concentra-se no semi-árido devido às condições climáticas favoráveis a este tipo de exploração animal. Dentre os fatores limitantes da produção e qualidade caprina regional, estão as infecções parasitárias, responsáveis pela baixa rentabilidade e gasto extra com fármacos. No Brasil, durante o ano de 2004, foram gastos 4,05 milhões com parasiticidas. Associado a esse crescimento nos gastos econômicos, o fenômeno da resistência dos parasitas aos fármacos constitui-se num dos principais entraves para a produção animal, uma vez que inviabiliza o controle efetivo das verminoses dos pequenos ruminantes, com prejuízos nos índices produtivos. Buscando alternativas viáveis para este problema, a suplementação de dietas utilizando resíduos agrícolas tem sido sugerida com o intuito de melhorar a qualidade da carne, em relação ao seu valor nutricional. A semente de abóbora, subproduto da agroindústria, pode ser utilizada como complemento nutracêutico a ração animal além de seu registro de capacidade anti-helmíntica. O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição centesimal de duas espécies de sementes de abóbora Curcubita pepo e Curcubita moschata L.

METODOLOGIA:

 A área de estudo caracterizou-se por apresentar plantel caprino parasitado por helmintos intestinais, tais como Trichuris trichiura, Haemonchus sp, Cooperia sp., Moniezia sp., condições de manejo e vermifugação inadequadas, sem o devido acompanhamento técnico ou veterinário. O processamento das rações iniciou-se a partir de 65 kg de sementes de abóbora das espécies C. pepo e C. moschota L. oriundas da região norte da Bahia. As sementes inicialmente foram lavadas com hipoclorito de sódio 0,5% e água corrente. A secagem das mesmas foi processada a 60°C/5 horas em estufa BIOPAR de sementes de abóbora C. pepo e C.  moschata. L. As sementes de abóbora secas foram pulverizadas em moinho de facas MARCONI ® até obtenção de pó. A avaliação da composição centesimal desta farinha foi realizada em triplicata e seguiram o procedimento da AOAC (1995), sendo determinado o teor de umidade em estufa a 105°C, o teor de fibra alimentar total pelo método enzimático/gravimétrico, o teor de cinzas após completa carbonização no bico de Bunsen e incineração em mufla a 550 °C, o teor de proteínas pelo método de Kjeldahl, e o teor de lipídeos após extração no Soxhlet. Após a determinação da composição centesimal, calculou-se o teor de carboidratos e energia.

RESULTADOS:

Os resultados da avaliação centesimal da semente de C. pepo revelaram teor de carboidratos e proteínas de 42,79 ± 0,51 e 5,75 ± 0,83 respectivamente enquanto as sementes de C. moschota L. apresentaram teores de 7,37 ± 1,73 e 40,97 ± 1,66, sendo os demais resultados de umidade, cinzas, lipídios, fibras e energia semelhantes para as duas espécies de sementes. Tais resultados demonstram o maior teor de carboidratos presente nas sementes de C. pepo, popularmente chamada de jerimum, a qual possui registro na literatura científica de ação vermífuga, enquanto C. moschota, conhecida como abóbora de leite, apresentou teor de proteínas superior que a jerimum. O teor de energia encontrado para as duas espécimes foram C. pepo 487,97 ± 1,15 e C. moschota 487,91 ± 4,8, valores semelhantes, assim como os resultados de umidade, cinzas, lipídios e fibras.

CONCLUSÃO:
O modelo de confinamento do rebanho caprino em Sergipe reflete o cenário atual daquele utilizado por pequenos proprietários rurais nordestinos os quais não obedecem às especificações para construção e instalações de apriscos do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, o que contribui para a manutenção do ciclo de helmintos como Trichuris sp. e Haemonchus sp.. Na busca de alternativas viáveis para os pequenos produtores, as sementes de abóbora foram avaliadas como possíveis anti-helmínticos naturais com resultados centesimais promissores para esta finalidadeca. O teor de carboidratos e proteínas, assim como substâncias como saponinas, taninos, flavanóides e terpenos são indicativos da presença de atividade anti-helmíntica.
Instituição de Fomento: SEBRAE
Palavras-chave: caprinocultura, semente de abóbora, anti-helmíntico.