62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
ABUNDÂNCIA DE MELIPONINA (HYMENOPTERA: APIDAE) E SEUS LOCAIS DE NIDIFICAÇÃO NA FLORESTA NACIONAL CONTENDAS DO SINCORÁ, BA.
Moana Americano Santos 1
Raquel Pérez-Maluf 1
1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
INTRODUÇÃO:

A meliponicultura é o nome dado a criação de abelhas da subtribo Meliponina, sendo estas também conhecidas popularmente como abelhas indígenas sem ferrão, uma vez que essas abelhas possuem o ferrão atrofiado, impossibilitando o seu uso como forma de defesa. (SIQUEIRA e outros 2007). Essa atividade pode ser utilizada para a exploração comercial, uma vez que a maioria das espécies são de fácil manejo, necessitam de pouco investimento, produzem um mel saboroso, terapêutico e de elevado valor comercial (VENTURIERI et al., 2003). Diante destas considerações, a meliponicultura é uma atividade que está prevista no plano de manejo da Floresta Nacional Contendas do Sincorá, uma reserva localizada no município Contendas do Sincorá, na Bahia, que tem como objetivo contribuir com a renda dos pequenos agricultores da região, além de possibilitar a preservação das espécies.

Desta forma, o presente estudo vem contribuir para o conhecimento da diversidade de espécies de abelhas sem ferrão existente na FLONA, bem como identificar os substratos de nidificação e as fontes florais utilizadas pelos meliponíneos, com vista a embasar estratégias que visem à implantação do Programa de Meliponicultura previsto pelo plano de Manejo da reserva.

METODOLOGIA:

Para a identificação das espécies de meliponídeos que nidificam a reserva foram realizadas coletas durante as estações secas e chuvosas, sendo estas efetuadas em três unidades de paisagem diferentes, denominadas como arbórea, beira rio e sede/represa, podendo ser identificado em cada uma destas áreas certas particularidades Os ninhos identificados foram devidamente numerados e sua localização determinada pelo GPS. Características como a altura da entrada do ninho em relação ao solo, diâmetro do tronco das árvores na altura do peito (DAP) e diâmetro dos galhos com os ninhos foram anotados, sendo realizada também a identificação das espécies arbóreas. A captura das abelhas ocorreu na entrada dos ninhos, com a utilização de rede entomológica e em seguida era realizado o armazenamento em câmeras mortíferas contendo acetato de etila. Posteriormente, no Laboratório de Biodiversidade do Semi-árido (LABISA), os espécimes de abelhas foram montadas em alfinetes entomológicos, onde foi realizada a coleta do pólen com um pincel e os mesmos armazenados em tubos de ependorfs contendo álcool 70%. Em seguida, as abelhas foram secas em estufa a 35°C por dois dias, identificadas, etiquetadas e armazenadas na coleção Entomológica do laboratório.

RESULTADOS:

Nas três localidades amostradas foram identificados 26 ninhos pertencentes a seis espécies de meliponineos, sendo Melipona quadrifasciata (mandaçaia) a espécie com o maior número de ninhos encontrados (53,8%). Fazendo uma relação entre os três locais amostrados percebeu-se uma maior intensidade de nidificação na área arbórea e beira rio o que demonstra uma semelhança em termos de recursos para nidificação. Na área sede/represa os locais adequados para nidificação foram poucos, provavelmente devido ao fato desta zona apresentar-se bastante desmatada. Observou-se também que M. quadrifasciata aparece em todos os locais amostrados, o que sugere que tal espécie é bem adaptada à região. Em relação ao substrato, os ninhos das espécimes de abelhas foram observados em sete espécies de árvores e  em dois cupinzeiro. No entanto, foi observada uma preferência de locais de nidificação das abelhas em troncos de umburana 65,4%, seguidos do umbuzeiro 7,7 %%. Os ninhos de meliponídeos foram frequentimente encontrados em ocos das árvores .O diâmetro do tronco das árvores na altura do peito (DAP) variou entre 48 a 150 cm (média = 84 cm). Em relação à altura da entrada do ninho ao solo houve uma variação entre 60 a 600 cm (média = 217 cm).

 

CONCLUSÃO:

A meliponicultura é uma atividade que esta prevista no Plano de Manejo da Floresta Nacional Contendas do Sincorá, tendo como objetivo a preservação das espécies e à ajuda aos moradores locais com a comercialização do mel. Desta forma, torna-se imprescindível localizar, mapear e monitorar os ninhos destas abelhas, para que se possa viabilizar o Projeto de Meliponicultura que está previsto no plano de manejo da reserva. Nesse sentido, este estudo demonstrou a diversidade das abelhas sem ferrões existentes na Floresta Nacional Contendas do Sincorá, bem como algumas características do seu processo de nidificação, como locais, características dos ninhos e preferência de espécies arbóreas, peculiaridades essas que fornecem subsídios para o desenvolvimento do programa de manejo da reserva.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Meliponicultura , Abelhas indígenas , Substrato .