62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 6. Enfermagem Psiquiátrica
PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E DE SAÚDE DAS PESSOAS COM DOENÇA DE ALZHEIMER EM TRATAMENTO PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) NO MUNICÍPIO DE JEQUIÉ-BA
Isabel Silva de Jesus 1
Edite Lago da Silva Sena 1
Marta Gabriele Santos Sales 1
Patrícia Anjos Lima de Carvalho 1
1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB
INTRODUÇÃO:
O estudo tem como objetivo descrever o perfil sociodemográfico e de saúde das pessoas com Doença de Alzheimer (DA) em tratamento pelo SUS no município de Jequié-BA, visando subsidiar o planejamento e a gestão de políticas de saúde direcionadas à melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. A DA caracteriza-se como um processo neurodegenerativo, que resulta em progressivas alterações da cognição, linguagem e capacidade funcional, gerando grande impacto sócio-econômico na família e sociedade. Atinge cerca 5% das pessoas com mais de 65 anos, tendo, portanto, como principal fator de risco a longevidade, fenômeno crescente na sociedade contemporânea, cujo percentual, no Brasil, já alcançou à casa dos 8,6% da população. Embora tenha sido identificada há mais de cem anos (1900) ainda não se descobriu a cura para a DA e, em sua fase avançada, a pessoa torna-se completamente dependente de um cuidador, geralmente, um familiar que, também, demandará atenção e cuidados de saúde no sentido global para que possam dar continuidade à vida com perspectivas e prestando cuidados com qualidade; precisam de uma política de apoio específica, levando em consideração os aspectos emocionais, materiais e, sobretudo, informacionais para lidar com a problemática.
METODOLOGIA:
Trata-se de estudo descritivo-exploratório, fundamentalmente quantitativo, desenvolvido no município de Jequié-BA, com uma amostra de um universo de 111 pessoas com diagnóstico de doença de Alzheimer (DA) cadastradas na 13ª Diretoria Regional de Saúde do Estado da Bahia (13ª DIRES), Jequié, para recebimentos de medicação específica e de alto custo para a DA, via SUS. Os dados foram coletados no período de outubro de 2009 a fevereiro de 2010, por meio de instrumento de captação do perfil sócio-demográfico e de saúde formulado e validado por pesquisadores do Grupo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (GESPE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A análise dos dados foi realizada empregando recursos bioestatísticos descritivos. A pesquisa seguiu os preceitos legais dispostos pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), resolução nº 196/96 referente à pesquisa com seres humanos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Campus de Jequié, sob protocolo nº 001/08.
RESULTADOS:
De um universo de 111 pessoas cadastradas na 13ª DIRES, no programa de distribuição de medicação de alto custo via SUS, participaram da pesquisa 28 sujeitos. Os resultados apontam que 71,4% das pessoas tinham idades acima de 75 anos; 69,7% do sexo feminino; 82,1% analfabetos funcionais; 50% vivem com o cônjuge; 53,6% foram diagnosticados com DA há 5 anos; porém os sintomas da doença iniciaram há mais de 5 anos em 53,6%; 60,7% começaram o tratamento com medicação específica há 5 anos, sendo compatível com o tempo do diagnóstico; 71,4% possuíam antecedentes familiares de DA, comprovando a predisposição genética da doença. Apesar da maioria (82,1%) obter a medicação de alto custo na rede SUS através da 13ª DIRES, 39,3% das pessoas procuraram o serviço privado para diagnóstico, mesmo não possuindo plano de saúde (57,1%). Com relação aos antecedentes patológicos a Hipertensão Arterial configura-se como principal patologia associada, representando 20% do total de patologias relatadas. Com relação à terapia medicamentosa a rivastigmina, um inibidor da acetil-colinesterase, é prevalente (58,9%), porém as doses utilizadas são diferenciadas segundo a evolução clínica de casa pessoa.
CONCLUSÃO:
O estudo sociodemografico das pessoas com diagnóstico de Alzheimer aponta resultados similares aos apresentados em diversas pesquisas sobre a temática, revelando compatibilidade entre a realidade do município de Jequié e outras regiões do país: maior prevalência no sexo feminino, aumentando à medida que a idade avança; a baixa escolaridade, que pode estar associada ao fato de que as mulheres que hoje são idosas não tiveram acesso aos estudos por razões culturais; a relação conjugal, revelando que os cônjuges assumem os cuidados com seu parceiro e que estes são também idosos, portanto idosos cuidando de idosos; o tempo entre o aparecimento dos sintomas e a definição diagnóstica é demorado retardando o início do tratamento, porém com o diagnóstico o acesso à terapêutica é relativamente rápido e os antecedentes familiares, que afirmam a influência genética como fator de risco para a doença. Chama à atenção a maioria dos diagnósticos serem feitos no serviço privado apesar do tratamento ser oferecido na rede SUS, com predomínio do uso da rivastigmina. O estudo também mostrou a presença da Hipertensão Arterial como patologia associada, fato que corresponde à característica epidemiológica da população brasileira. Estes resultados podem subsidiar a criação de políticas públicas.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia/FAPESB
Palavras-chave: Doença de Alzheimer , Perfil de saúde, Sistema Único de Saúde.