62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
BIOMETRIA E GERMINABILIDADE DE SEMENTES DE Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul (Caesalpiniaceae)
Arlete da silva Bandeira 1
Kátia Dias Carvalho 1
Simone Vieira 1
Débora Leonardo dos Santos 1
1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
INTRODUÇÃO:
Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., conhecida como pau-ferro, pertence à família Caesalpiniaceae. É uma árvore de grande porte, atingindo cerca de 30 metros de altura, sendo nativa do Brasil com ocorrência na caatinga nordestina. A biometria de sementes constitui um instrumento importante para detectar a variabilidade dentro de populações de uma mesma espécie e está relacionada com o estabelecimento e disseminação de plântulas, além de ser utilizadas para distinguir espécies pioneiras e não pioneiras em florestas tropicais (BASKIN & BASKIN, 1998). Muitas sementes, embora sendo viáveis e tendo todas as condições consideradas adequadas, deixam de germinar. Isso ocorre porque seus tegumentos duros e impermeáveis impedem a entrada de água e oxigênio, oferecendo alta resistência física ao desenvolvimento do embrião. A escarificação mecânica é um tratamento eficiente no rompimento do tegumento da semente, tornando-o permeável, permitindo a germinação. O objetivo do presente trabalho foi avaliar as características biométricas e a germinabilidade em sementes de Caesalpinia ferrea, com a finalidade de caracterizar o lote de sementes utilizadas no projeto.
METODOLOGIA:
Frutos maduros de pau-ferro foram coletados de matrizes existentes no campus da UESB. Após a coleta, os frutos ficaram armazenados em ambiente natural, no Laboratório de Biodiversidade do Semi-árido - LABISA. Para a remoção das sementes foi necessário quebrar os frutos com auxílio de martelo. Foram determinados comprimento, largura e a espessura de 100 sementes utilizando paquímetro digital. A determinação do grau de umidade foi realizada em quatro repetições de 25 sementes, adotando-se o método de estufa a 105°C, durante 24 horas. O peso de mil foi determinado utilizando-se oito repetições de 100 sementes. Os testes de germinação foram realizados com sementes intactas e escarificadas com lixa número 4, atritando o tegumento sem ferir o embrião. Após a escarificação, as sementes foram semeadas em caixas tipo Gerbox e o substrato utilizado foi vermiculita. O experimento foi conduzido em câmara de germinação tipo BOD regulada para temperatura constante de 25ºC e luz branca continua. Os testes de germinação foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado com dois tratamentos e quatro repetições de 20 sementes. A germinabilidade foi avaliada através da percentagem, tempo médio e frequência relativa de germinação.
RESULTADOS:
O lote de sementes de pau-ferro coletado no Campus da UESB apresentou teor de umidade de 7,22% e o tamanho das sementes variou de 8,0 a 11,5 mm de comprimento; 4,0 a 9,1 mm de largura e 3,0 a 5,7 mm de espessura, sendo que a maioria das sementes apresentou comprimento variando entre 9,2 a 10,3 mm; largura de 5,8 a 7,9 mm e espessura de 3,6 a 5,7mm. A massa média de mil sementes foi 183,1±0,18, o que permite calcular que um quilograma de pau-ferro pode conter 5.461 sementes. A porcentagem de germinação das sementes intactas foi muito baixa, atingindo 3,75% e as sementes escarificadas mecanicamente atingiu 81,25% em 13 dias. Quanto a frequência relativa da germinação observou-se que as sementes intactas iniciaram a germinação no terceiro dia, mas poucas sementes germinaram. As escarificadas iniciaram no quinto dia, atingindo o pico máximo no sétimo dia e decrescendo lentamente ate o décimo dia. A baixa germinação das sementes ocorre devido a um baixo ganho de água durante a embebição, uma vez que as sementes de pau-ferro apresentam dormência tegumentar, indicando que poucas sementes germinam logo após a dispersão, e que de alguma maneira o tegumento deve ser rompido para que ocorra a emergência das plântulas.
CONCLUSÃO:
O lote de sementes estudado apresentou sementes com tamanho médio de comprimento, largura e espessura de 9,9 ±0,6 mm; 6,9 ±0,7 mm e 4,0 ±0,6 mm, respectivamente. O teor de umidade de 7,22 confirmou que as sementes são ortodoxas. Para avaliar o vigor e viabilidade das sementes através da porcentagem de germinação, é recomendada a utilização de tratamento para quebra da dormência. A escarificação mecânica foi um tratamento eficaz no rompimento do tegumento, favorecendo a porcentagem e a velocidade de germinação. Além de ser um método de baixo custo, simples e seguro, é eficaz para promover uma germinação acelerada e uniforme. No entanto, deve ser efetuada com muito cuidado para evitar que a escarificação excessiva possa causar danos ao embrião e diminuir a germinação.
Instituição de Fomento: FAPESB - Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia
Palavras-chave: Caesalpinia ferrea, biometria, dormência.