Disputas por territórios de acasalamento ou diretamente por fêmeas são amplamente distribuídas no mundo animal. No entanto, as regras dessas disputas, assim como seus mecanismos evolutivos subjacentes ainda não foram bem esclarecidos. Há na literatura três grandes modelos que tentam explicar tais disputas: a guerra de atritos, o acesso seqüencial de informação e o acesso cumulativo de informação. Na guerra de atritos as disputas são provas de resistência, nas quais o rival mais persistente sai vitorioso, no modelo de acesso seqüencial de informações, a disputa é formada por passos ritualizados de avaliação do oponente, em que um deles desiste assim que percebe a superioridade do rival, e finalmente o acesso cumulativo de informação representa uma prova de resistência às injúrias causadas pelo oponente, em que um animal desiste assim que suas injúrias atingirem um limiar de tolerância. Em borboletas existe uma grande diversidade de formatos de disputa que compreendem desde vôos circulares, vôos espirais ascendentes ou perseguições lineares até brigas físicas intensas. No entanto, apesar dessa grande diversidade, não há estudos que testem simultaneamente os três modelos citados. Recentemente uma série de experimentos com a borboleta Paryphthimoides phronius demonstrou que machos desta espécie podem ser induzidos a defenderem territórios de acasalamento que contenham frutas em decomposição. As disputas entre os machos são constituídas de vôos circulares, espirais ascendentes e perseguições lineares nas quais não se sabe ao certo se há contato físico como forma de causar injúrias entre os rivais.

Machos de Paryphthimoides phronius disputam territórios de acasalamento usando comportamentos agonísticos conspícuos, como: perseguições aleatórias, perseguições lineares, espirais ascendentes e displays. Comparando as disputas naturais com as experimentais notamos que os machos utilizaram os mesmos elementos de luta, apresentando os mesmos comportamentos.As gravações em alta velocidade revelaram que durante as disputas territoriais houve toque entre machos, mas a ocorrência de contato físico não foi significativa. Inferimos isto pelo fato de que os macho após os choques pouco ou nada mudaram as suas trajetórias de vôo e o comportamento. Portanto, sugerimos que a luta física não é importante para a resolução das disputas territoriais nesta espécie. Para a determinação do melhor descritor do RHP, testamos a quantidade de gordura, de músculo, peso e idade dos machos. Encontramos que a melhor característica que descrevia o RHP foi a quantidade de gordura. Quando comparamos a quantidade de gordura com o tempo de duração da disputa obtivemos que quanto menor a diferença na quantidade de gordura maior a duração da disputa. Este fato nos mostra que quanto mais simétricos os machos forem maior será o tempo de disputa necessário para determinar o vencedor.