62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
Uso de drogas ilícitas entre os estudantes de uma universidade do sul do país.
Fernanda Gabriel Santos 1
Alessandro Ferroni Tonial 1
Fernanda Paula Franchini 1
Luciele Cristofari da Silva 1
Nelson Barbosa Franco Neto 1
Maria Teresa Aquino de Campos Velho 2
1. Universidade Federal de Santa Maria / UFSM
2. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Ginecologia e Obstetrícia / UFSM
INTRODUÇÃO:

O consumo de drogas, a partir dos anos 60, transformou-se em uma preocupação mundial, particularmente nos países industrializados, em função de sua alta frequência e dos riscos que pode acarretar à saúde. Estudos mostram que o envolvimento com drogas ilícitas ocorre, principalmente, dentro da população de adolescentes e adultos jovens. Assim, no Brasil, onde 35 milhões de pessoas têm menos de 30 anos, os problemas relacionados ao consumo de substâncias psicoativas são relevantes. Dados referentes ao uso de drogas por estudantes da rede estadual de Porto Alegre, em 1997, mostraram que pela primeira vez em dez anos a maconha ultrapassa os solventes, ocupando o terceiro lugar, após o álcool e o tabaco. Urge, desse modo, a necessidade de pesquisas que busquem conhecer o padrão de consumo, as atitudes e o conhecimento em relação às drogas entre adultos jovens, de modo a produzir conhecimento que poderá contribuir, nas suas práticas, no âmbito da intervenção e promoção da saúde. O objetivo do trabalho foi verificar a prevalência e o comportamento quanto ao uso dessas substâncias psicoativas entre os estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pertencentes a diversos cursos de graduação, que residem nas Casas do Estudante Universitário I e II (CEU) da UFSM.

METODOLOGIA:

Foi realizado estudo transversal descritivo em uma amostra de 330 alunos, selecionados por meio de processo aleatório simples, todos moradores das CEU I e II da UFSM, que em conjunto são consideradas o maior complexo de moradia estudantil do sul do país e possivelmente do Brasil. Utilizou-se protocolo de pesquisa do projeto "Perfil da sexualidade e outras vivências dos moradores das Casas do Estudante (CEU) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)", o qual foi dividido em seis módulos, incluindo o de drogas e dados sócio-econômicos. A coleta de dados foi feita no período de junho a dezembro de 2007, após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM. A participação na pesquisa foi voluntária e a confidencialidade quanto aos dados obtidos foi garantida. Considerando-se a natureza do assunto pesquisado e, portanto, a importância do anonimato dos participantes, o processo de coleta de dados foi padronizado e os protocolos coletados foram colocados em caixas lacradas e sem identificação nominal. As informações obtidas foram analisadas através do pacote estatístico SPSS 15.0, pertencente à Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM).

RESULTADOS:

Da amostra de 330 estudantes, 84,5% responderam o questionário. Dos estudantes incluídos, 50,2% eram homens e 49,8% mulheres, sendo a média de idade de 21,8 anos para o sexo feminino e de 22,5 anos para o masculino. Muitos entrevistados (60,5%) eram oriundos de famílias com renda de até três salários mínimos. Quando questionados sobre se já tinham usado drogas ilícitas alguma vez na vida, 24,4% responderam afirmativamente, enquanto que em levantamento brasileiro sobre o uso de psicotrópicos, em 2005, o "uso na vida para qualquer droga" (exceto tabaco e álcool) foi de 22,8%. No presente estudo constatou-se também que entre os que já utilizaram drogas, o uso de maconha esteve presente em 91,2% dos casos, de cocaína em 29,4% e de crack em 4,4%. O consumo de mais de uma destas substâncias foi relatado entre 33,8% dos entrevistados. Em relação ao uso atual de drogas, foi obtida resposta positiva em 8,2% dos participantes, sendo encontrada prevalência de 7,5% de uso de maconha e 1,4% de cocaína. Entre estas substâncias, a maconha é a mais utilizada por todos os consumidores de drogas ilícitas na realidade brasileira. Em Santa Maria, cidade em que foi realizado este estudo, Deitos et al. (1998) encontraram a maconha como a droga mais utilizada (6,1%), após álcool e tabaco.

CONCLUSÃO:

O consumo de substâncias psicoativas é uma característica comum à maioria das civilizações, sendo uma prática humana, milenar e universal que tem os adultos jovens como grupo de risco para tal comportamento. A prevalência do uso de drogas ilícitas por jovens universitários, no presente estudo, mostrou equivalência com os dados da literatura consultada e a maconha foi a droga ilícita mais utilizada pelos estudantes. Por se tratar de um tema sensível, estes dados são, muitas vezes, difíceis de obter. Por tal motivo, gestores de políticas universitárias podem desconhecê-los em sua faceta real, ou seja, de forma cientificamente quantificada e descrita. Assim, conhecer os fatos e traçar políticas de intervenção adequadas e possíveis à população estudada pode ser um primeiro passo para prevenções efetivas e promoção de educação em saúde.

Palavras-chave: Universitários, Drogas ilícitas, Drogadição.