62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 5. Arquitetura e Urbanismo
Corredores de ônibus na cidade de são paulo
Matheus de Vasconcelos Casimiro 1
Silvana Maria Zioni 2
1. Universidade Presbiteriana Mackenzie - FAU (IC)
2. Universidade Presbiteriana Mackenzie - FAU (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
O transporte é um importante elemento de articulação dos espaços da cidade, sendo responsável pela ligação entre a força de trabalho à suas ocupações. A circulação está vinculada a economia do município, sendo responsabilidade do poder público disponibilizá-la para todos os cidadãos. É objetivo da pesquisa compreender a organização dos transportes públcos urbanos e a participação dos corredores de ônibus como um forte elemento de conexão em São Paulo. Muitas cidades no Brasil sofrem com os problemas de circulação, pelo fato de se priorizar o transporte individual em detrimento do público, que em grande parte é feito nas ruas e avenidas, por sistemas de transporte sob pneus como os ônibus. Uma melhora no seu desempenho é obtida com a implantação de corredores exclusivos de ônibus, o que em algumas cidades estrangeiras se obteve com resultados equivalentes ao sistema de trilhos, e com custos muito inferiores. O problema de escassez de espaço viário não é resolvido apenas com aberturas de novas de ruas e avenidas, mas com a priorização do transporte público sob pneus, o que é um elemento fundamental para a estratégia de redução de problemas sociais, congestionamentos e poluição do ar. Uma solução viável para os transportes públicos em São Paulo parece ser os corredores de ônibus.
METODOLOGIA:
Há muito tempo se discute o problema do transporte coletivo em São Paulo, todavia pouco foi realizado para efetivar sua melhora. Até a década de 70 o conceito de faixa exclusiva de ônibus não foi aplicado em nenhum eixo da cidade, contribuindo para que as externalidades dos ônibus se agravassem. No entanto, a priorização do transporte coletivo sob pneus é alvo de muitas polêmicas, sendo criticado por alguns técnicos e parte da população. Por isso, o trabalho foi realizado na tentativa de compreender qual é a participação dos corredores de ônibus no sistema de circulação, seu papel no transporte público da cidade de São Paulo e o seu possível efeito desvalorizador no local de implantação. O projeto estudou duas partes distintas: primeiro um levantamento sobre a história do transporte público em São Paulo e dos corredores de ônibus e posteriormente a avaliação da influência deste no entorno. O efeito da faixa exclusiva de ônibus sobre o seu lugar de inserção foi feita por meio do estudo de caso em que se comparou as características dos imóveis de um trecho da Avenida Rebouças em dois momentos, no ano de 2003 e 2008, antes e depois da implantação do Passa-rápido Rebouças respectivamente.
RESULTADOS:
O trabalho levantou as principais mudanças ocorridas nos sistemas de transportes urbanos e como foram abordados em planos urbanísticos de São Paulo ao longo de quase 100 anos, o que torna evidente a sistemática priorização do automóvel em detrimento do transporte público. Na primeira metade do século XX o bonde passou por fases de hegemonia e decadência sendo substituido pelos ônibus, que se tornou o principal modo de transporte público da cidade. No entanto, no final da década de 70, mesmo com a implantação da primeira linha de metrô, a infra-estrutura e os sistemas de transporte por ônibus sofrem deterioração por falta de investimentos públicos, acarretando em parte um incentivo ao transporte individual. Nos anos de 1980 é que vai ser implantado um pioneiro corredor de ônibus na cidade de São Paulo, mas apenas no ano de 2002, o Plano Interligado, vai definir uma efetiva política de priorização do transporte coletivo. O estudo de caso do Passa-Rápido Rebouças é resultante deste plano, sendo escolhido por causa da polêmica de sua implantação. Foi feita uma análise da região e dos levantamentos obtidos em campo, tais como uso e ocupação do solo, estado de conservação e dinâmica imobiliária, para poder determinar os impactos do corredor de ônibus no entorno de sua implantação.
CONCLUSÃO:
Os corredores de ônibus são importantes para a melhora do caos que se vivencia no tráfego em São Paulo. É a solução mais plausível para o desafogar o trânsito, a curto e médio prazo, colocando em prática medidas de prioridade ao transporte público, o que há décadas vinham sendo postergadas pelo poder público. A cidade de São Paulo apresenta diversos exemplos bem sucedidos de implantações dos corredores de ônibus, porém também demonstra problemas técnicos e projetuais na implantação de faixas exclusivas. O Passa - rápido estudado, por exemplo, é um importante referencial de priorização, no entanto, alguns aspectos operacionais prejudicam os usuários que por ali passam diariamente. Apesar de diversas críticas aos corredores de ônibus, esse estudo demonstra que o Passa - rápido não representa um fator de degradação para o entorno, como muitas críticas apontavam. A faixa exclusiva implantada na Avenida Rebouças apresenta problemas de caráter operacional, mas em cinco anos de sua implantação não se percebe qualquer prejuízo nos imóveis lindeiros, como seus opositores previam. Estudos e padrões de projeto devem ser seguidos para orientar a implantação de medidas de segregação, de modo a que o projeto de sistema de transpoirte una a eficiência operacional à qualidade urbana.
Instituição de Fomento: PIVIC Mackenzie
Palavras-chave: transporte público, faixa exclusiva, implantação.