62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
COMPORTAMENTO DE PREFERÊNCIA-POR-LUGAR CONDICIONADO À PRESENÇA DE ALIMENTO EM MICOS-ESTRELA
Eduardo David Gomes de Sousa 1
Antonielle Vieira Monclaro 1
Marília Barros 1
1. Depto. de Farmácia, Fac. de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília - UnB
INTRODUÇÃO:
Apesar da dependência por drogas constituir um problema grave de saúde pública na nossa sociedade, pouco se sabe a respeito dos fatores neuropsicobiológicos responsáveis. Nesse contexto, contribuições significativas podem ser obtidas por meio de estudos que empreguem modelos animais como ferramenta experimental para avaliar a relação entre os efeitos comportamentais advindos do consumo de drogas e os estímulos ambientais que ocorrem nas diferentes etapas da dependência. No presente estudo buscou-se avaliar a resposta de preferência-por-lugar condicionada a estímulos reforçadores naturais (alimento) em micos-estrela a fim de se validar esse teste como um novo procedimento experimental para se avaliar a farmacodependência nestes animais uma vez que a adicção por drogas e alimentos se dá por vias semelhantes.
METODOLOGIA:
Dezesseis micos adultos, dentre machos e fêmeas da espécie Callithrix penicillata, foram testados aos pares, em seu próprio viveiro de moradia, usando dois contextos experimentais, uma pirâmide e um cubo de dimensões 25x25x28-cm e 25x25x25-cm, respectivamente. Foram realizadas três sessões de habituação aos aparatos e, em seguida, quatro ciclos de três sessões de condicionamento cada, intercaladas por sessões teste (totalizando quatro sessões). No condicionamento, os animais foram apresentados a um dos aparatos contendo um reforço alimentar (uva passa). Os aparatos foram selecionados aleatoriamente para cada par, sendo que metade dos animais foi condicionada à pirâmide e a outra ao cubo. Nos dias de teste, cada par de micos foi exposto a ambos os aparatos.
RESULTADOS:
Comparando-se o tempo de permanência no aparato condicionado com o do não-condicionado entre a última sessão de habituação e as sessões teste não foram verificadas diferenças significativas ou tendências que indicassem aprendizado e/ou condicionamento. A análise por gênero também não demonstrou indicativo de condicionamento nos machos ou nas fêmeas, nem tampouco diferenças significativas entre os sexos. Contudo, a análise dos comportamentos exploratórios revelou um aumento significativo da exploração no decorrer do estudo. Para os demais comportamentos avaliados - deslocados e agonísticos - não houve dados que sugerissem condicionamento aos aparatos utilizados. Os resultados obtidos sugerem que os micos-estrela não desenvolveram o comportamento de preferência-por-lugar (ao aparato) condicionado à presença de reforçador natural (alimento).
CONCLUSÃO:
Os resultados observados contrariam as expectativas iniciais, não indicando o desenvolvimento de uma preferência-por-lugar condicionada ao alimento nos micos-estrela. Assim sendo, nas condições experimentais utilizadas no presente estudo, esse paradigma não se mostrou compatível com a avaliação de dependência nesses sujeitos. As causas que possivelmente explicam a não ocorrência de condicionamento são: número insuficiente de sessões de habituação aos aparatos; número insuficiente de ciclos de condicionamento; grau insuficiente de diferenças entre ambos os aparatos; e inabilidade das uvas passas de atuarem satisfatoriamente como reforçadores naturais para os sujeitos testados segundo o protocolo empregado.
Instituição de Fomento: CAPES/DAAD/PROBRAL (324/09)
Palavras-chave: Mico-estrela, Preferência-condicionada-por-lugar, Dependência.