62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
ANUROFAUNA DO PLANALTO DA CONQUISTA, BA. SUBPROJETO: BIOLOGIA REPRODUTIVA DE Scinax eurydice (BOKERMANN, 1968) (ANURA; HYLIDAE) EM VITÓRIA DA CONQUISTA, BA
Thiago Castro Nery 1
1. Depto. de Ciências Naturais (DCN), Univ. Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, V
INTRODUÇÃO:

Scinax eurydice foi descrita por Bokermann (1968) no Planalto de Maracás, na região central do estado da Bahia. A espécie pertence à família Hylidae, sendo amplamente distribuída no leste do Brasil, do estado do Rio de Janeiro, ao norte do estado da Paraíba, com uma população aparentemente isolada no Estado do Maranhão (IUCN, 2009). Sua ocorrência é observada em florestas úmidas e em diversos ambientes abertos, alagados e com poças temporárias ou permanentes, onde se reproduzem.

 

O presente estudo pretende contribuir para o conhecimento da biologia reprodutiva de Scinax eurydice ocorrente em Vitória da Conquista, buscando caracterizar o padrão reprodutivo, a distribuição espacial e temporal, o repertório vocal e aspectos comportamentais da espécie.

 

Estudos sobre biologia reprodutiva de anuros, incluindo caracterização do padrão reprodutivo, a distribuição espacial e temporal, o repertório vocal e aspectos comportamentais da espécie, munem importantes elementos para o entendimento da forma reprodutiva da espécie de uma determinada região ajudando na observação do papel reprodutivo de uma espécie no seu ambiente.

METODOLOGIA:

As observações têm periodicidade semanal, iniciadas pouco antes do por do sol e finalizadas quando a atividade da espécie diminui.

Em campo, são coletados os seguintes dados e de acordo a metodologia descrita:

1.            Turno de atividade: são anotados os horários de início e término da atividade diária. Considera-se como atividade, a vocalização.

2.            Temporada reprodutiva: para cada dia de observação em campo, é anotado se a espécie está em atividade ou não. A temporada reprodutiva somente será determinada após a finalização dos 12 meses de estudo.

3.            Abundância mensal: o número máximo de machos registrados em cada mês, será utilizado como valor para a abundância mensal.

4.            Número de machos em atividade: a cada intervalo de uma hora, a área de estudo é percorrida e procede-se à contagem dos machos em atividade de vocalização. A localização é auditiva ou visual com auxílio de lanterna elétrica.

5.            Sítio de canto: com uma trena métrica, são tomadas as medidas da altura do empoleiramento em relação à superfície da água ou do solo, e da distância em relação à margem, sendo discriminada se o sítio está localizado no interior do corpo d ´água ou fora deste.

6.            Caracteres morfométricos: em campo, são tomadas medidas de massa, com auxílio de um dinamômetro Pesola® de 20g, e do comprimento rostro-cloacal, com auxílio de paquímetro com precisão 0,1mm.

7.            Comportamento: por meio de observação direta, são acompanhadas manifestações comportamentais, como corte e acasalamento e eventuais disputas territoriais

8.            Vocalização: cantos serão gravados em gravador Marantz PMD222, com microfone direcional Sennheiser ME60 e analisados no programa Avisoft SasLab light. Tais informações serão tomadas na próxima etapa do estudo.

 

RESULTADOS:

Scinax eurydice é considerada uma espécie de porte grande para o gênero. Os machos da população estudada apresentaram CRC médio de 51,4 mm (desvio padrão (dp) = 3,3mm; amplitude (A) = 46,6 - 57mm; n= 11) e peso médio de 7,76g (dp = 0,4g; A= 7,4 - 8,2g; n= 3) (figura 2). Fêmeas não foram medidas até o momento. O tamanho médio dos machos neste estudo foi ligeiramente maior que a média dos parátipos da série-tipo (média de 47,2 mm; A= 44 - 52 mm; n= 8) (Bokermann, 1968), o que não deve representar uma variação significativa, e sim ser conseqüência do número reduzido de indivíduos analisados nas duas situações ou, ainda, das diferentes metodologias, uma vez que na série tipo os animais são medidos já fixados, o que promove encolhimento em comparação aos indivíduos vivos.

 

Machos de Scinax eurydice estabeleceram sítios de canto na vegetação emergente do açude, a uma altura média de 17,3 cm, porém com grande variação em torno do valor médio (dp = 16,9 cm; A = 0,3 - 64 cm; n= 17) indicando relativa plasticidade na ocupação vertical do ambiente. A vegetação predominante para os sítios de canto foi a taboa, que pode atingir mais de 2 metros de altura. Sendo assim, percebe-se uma preferência por sítios em posição não muito elevada, mesmo havendo disponibilidade na vegetação.

 

Os sítios de canto também apresentaram grande variação no estrato horizontal, sendo que estes foram estabelecidos sempre no interior do açude a uma distância média de 10,1m em relação à margem (dp= 10,1m; A= 1,5 - 17m, n= 8). A variação no estrato horizontal foi conseqüência direta do aumento no volume de água do açude em decorrência das chuvas. Os machos mantiveram-se nas taboas, e outras herbáceas próximas, independentemente da proximidade ou não da margem.  Nota-se que a espécie apresenta uma preferência por sítios de canto com características específicas (com altura que propicie o empoleiramento abaixo de 100cm), podendo ser desconsiderada a posição destes no corpo d´água.

 

A ocorrência da espécie próxima a corpos d´água lênticos e a utilização da vegetação nas proximidades destes, também foi observada em outros estudos No entanto, apontam para a presença de machos vocalizando diretamente sobre o solo (Bokermann, 1968, Rodrigues, 2003)., o que não foi observado até o momento.

 

CONCLUSÃO:

Informações obtidas até o momento corroboram outros estudos realizados com a espécie. No entanto, há significativa escassez de informações, justificando a necessidade do presente trabalho.

 

Na etapa seguinte serão avaliados o turno de atividade, o repertório vocal e aspectos comportamentais.

 

Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB / Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação - PPG
Palavras-chave: Scinax eurydice , Biologia reprodutiva , Vitória da conquista, Ba.