62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada
ÁRVORES MEDICINAIS DE UM FRAGMENTO FLORESTAL URBANO NO DISTRITO DE SÃO JOSÉ DA MATA, CAMPINA GRANDE, PB
Irenalto Augusto Mota Ribeiro 1
Jussiara Lima de Oliveira Araújo 1
Martival dos Santos Morais 2
Ariosto Céleo de Araújo 3
Guilherme Miguel Leão 4
Afrânio César de Araújo 5
1. Faculdades Integradas de Patos
2. Centro de Ciências Biológicas - UFPE
3. Centro de Ciências Agrárias - UFPB
4. Prefeitura Municipal de Campina Grande
5. Prof./Orientador - Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias - UFRN
INTRODUÇÃO:
A caatinga é o bioma predominante da região Nordeste, compondo cerca de 50% da região. Em função da pecuária intensiva, agricultura nas partes mais úmidas e extração de madeira, a caatinga vem sendo rapidamente devastada. A Mata Atlântica abriga a maior biodiversidade relativa das florestas tropicais conhecidas. Sua área,no entanto, foi reduzida a 7,6% do original. Tanto a Caatinga quanto a Mata Atlântica representam importantes fontes de recursos econômicos para as populações locais. No tocante às plantas medicinais encontradas nestes ecossistemas, são inúmeras as espécies já validadas e outras tantas que ainda estão em fase de estudo e que precisam ter os seus ambientes naturais preservados. É bastante comum, nas feiras de várias cidades, a venda de partes de plantas retiradas destes ambientes e que são utilizadas na medicina tradicional. Objetivou-se, com este trabalho, estudar a flora arbórea da Floresta de São José da Mata, no Município de Campina Grande, PB, no sentido de reconhecer as espécies com potencialidades medicinais já registradas na literatura botânica e etnobotânica.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em uma área de transição entre a Zona da Mata e a Caatinga, com uma área de, aproximadamente, 14 ha, localizada no Distrito de São José da Mata, Município de Campina Grande (7°13'50" S, 35°52'52" W), altitude em torno de 552 m, situado no agreste paraibano. O distrito de São José da Mata possui uma vegetação rica, com orquídeas, samambaias e bromélias dividindo espaço com outros representantes da flora nativa. O clima é do tipo As' (quente e úmido) de Köppen. Foram identificadas, na área, espécies de porte arbóreo com potencial medicinal já registrado na literatura especializada. Incluiu-se no estudo indivíduos com altura igual ou superior a 1,0 m e diâmetro caulinar ao nível do solo igual ou superior a 0,1 m. A coleta e identificação do material botânico foram realizadas quinzenalmente por toda a área, no período de janeiro/2008 a janeiro/2009). Os dados coletados foram organizados em planilhas e, para cada espécie, registrou-se: frequência absoluta, frequência relativa, família, nome botânico, nome popular e partes utilizadas. As atualizações dos nomes botânicos se deram por meio de consultas a bibliografias mais recentes. As espécies foram agrupadas nas famílias botânicas segundo delimitações do Angiosperm Phylogeny Group (APG II, 2003).
RESULTADOS:
Foram identificadas 35 espécies arbóreas com propriedades medicinais citadas na literatura especializada. Estas espécies distribuem-se em 17 famílias e 28 gêneros, sendo as famílias Fabaceae e Euphorbiaceae as mais bem representadas, com dez e cinco espécies, respectivamente. Dentre as espécies mais bem representadas, destacaram-se: (1) Croton nepetaefolius Baill., cujo óleo essencial produzido na parte aérea apresenta ação antioxidante. Foi a mais encontrada, com frequência relativa de 33,27%. (2) Croton sonderianus Müll. Arg., com a segunda maior frequência relativa (14,37%). Sua casca é empregada contra problemas digestivos, cefaléia e enxaqueca. (3) Eugenia punicifolia DC. (8,51%), cuja casca caulinar e folhas são utilizadas como antidiarréicas e diuréticas. (4) Eugenia uvalha Cambess. (5,67%) - a casca do caule é citada no combate a gripe, febre e disenteria. (5) Tabebuia serratifolia (Vahl.) G. Nichols. (4,72%) - as cascas do caule são utilizadas na medicina popular no tratamento de câncer. As espécies. Também merecem destaque as espécies Maytenus rigida Mart., Acacia langsdorfii Benth., Capparis jacobinae Moric. ex Eichl., Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. e Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., que juntas, somaram 15,88% do total de árvores medicinais encontradas.
CONCLUSÃO:
O fragmento florestal do Distrito de São José da Mata, Campina Grande, PB apresenta um considerável número de espécies arbóreas com potencial terapêutico, devendo, este banco genético, ser preservado para as próximas gerações. A eficiência terapêutica de muitas das espécies de árvores ali encontradas ainda estão em fase de estudo e validação. Sendo assim, a preservação dos ambientes naturais onde estas espécies são encontradas é de fundamental importância para a continuidade destes estudos, possibilitando a descoberta de novos medicamentos.
Palavras-chave: Plantas medicinais, Florística arbórea, Mata de transição .