62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
Fenologia e propagação vegetativa da gravioleira (Annona muricata L.) na região sul da Bahia.
Felipe Silveira Vilasboas 1
Felipe Lopes Neves 1
George Andrade Sodré 2
Célio Kersul do Sacramento 1
1. Universidade Estadual de Santa Cruz / UESC
2. Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira / CEPLAC
INTRODUÇÃO:
A região sudeste da Bahia apresenta agrossistemas diferenciados e grande disponibilidade de áreas com condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo racional de diversas fruteiras baseado em tecnologias apropriadas para atingir alta qualidade e maior produtividade. Entre as espécies frutíferas, a gravioleira tem se destacado em potencialidade econômica. A produtividade da gravioleira varia em função de diversos fatores (climáticos, genéticos, manejo, etc), sendo considerada uma planta de baixa produção natural de frutos com baixa percentagem de flores que se transformam em frutos, havendo abortamento de frutos causados por diversos fatores. Além do mais, a gravioleira enfrenta problemas na formação de mudas. O domínio da técnica de propagação vegetativa dessa espécie, pelo método da estaquia, representaria uma maneira econômica de disponibilizar mudas de qualidade para pequenos agricultores da região, eliminando a incompatibilidade entre enxerto e porta-enxerto, homogeneidade do material genético, melhor seleção de mudas no viveiro e precocidade de produção com redução do porte da planta. Desse modo, esse trabalho avaliou o período de duração das diversas fenofases e suas respectivas taxas de aborto, e a resposta ao enraizamento de dois tipos de estacas de graviola submetidos a diferentes tratamentos de área foliar com regulador de crescimento.
METODOLOGIA:
O estudo de fenologia foi realizado em um pomar comercial de graviola no sítio Santo Antônio situado na rodovia Ilhéus-Itabuna Km 24, no município de Ilhéus-BA. As gravioleiras estudadas eram do tipo Morada, com cerca de 10 anos de idade, plantadas no espaçamento de 5 x 5 m. As marcações foram realizadas no período de fevereiro de 2008 à fevereiro de 2009. Durante este tempo, foram observadas as diversas fenofases da gravioleira. Foram etiquetados botões florais de 2 mm de diâmetro os quais foram acompanhados até a atingirem a antese. Flores em estágio de antese foram etiquetadas para determinação do período de duração da quiescência e, frutos saindo do estágio de quiescência também foram etiquetados e avaliados até o estágio de colheita. As taxas de aborto, nas diversas fases, foram determinadas pela contagem inicial e final dos botões, flores e frutos etiquetados. Os resultados estão expressos em dias. Para a propagação vegetativa foram estudados dois tipos de estacas (apical herbácea e subapical herbácea) e quatro índices de área foliar (25%, 50%%, 75% e 100%). Foi aplicado nas estacas dose de 6.000 mg.mL-1 de ácido indolbutírico, diluído em álcool etílico, em sistema de mergulho rápido durante 5 segundos, e colocadas em tubetes de 150 cm3 contendo substrato artificial (Plantmax + fibra de coco triturada (1:1). As estacas foram preparadas para ficar com 15 cm de comprimento. Os tubetes contendo as estacas foram colocados em bandejas e transferidos para câmaras de nebulização cobertas com sombrite de 50% da radiação global incidente. O sistema de nebulização por microaspersão é mantido em regime de 15 segundos de aspersão a cada 5 minutos. O experimento é conduzido em delineamento inteiramente casualizado no fatorial 2 x 4, sendo 2 tipos de estacas e 4 índices de área foliar com 3 repetições e 6 estacas por parcela. Foram realizadas avaliações semanais desde o início do estaqueamento para contagem de estacas sobreviventes (ES), folhas remanescentes (FR), estacas enraizadas (ER) e número de brotos emitidos (NB). Após 109 dias, as mudas sobreviventes foram coletadas para avaliação de matéria seca de raízes e parte aérea recém formadas. Os resultados foram analisados estatisticamente através do teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
Durante o período de realização das marcações no pomar, foi avaliado a taxa de aborto nos diversos estágios fenológicos, verificando uma considerável queda na taxa de aborto com o avançar dos estágios de desenvolvimento dos frutos. O período de crescimento do botão floral até a antese variou de 34 a 68 dias com média de 48,5 dias. Esses resultados estão dentro do intervalo encontrado por outros autores (60 a 82 dias). A duração do período de quiescência variou de 44 a 140 dias com média de 80,5 dias. Esses valores são inferiores aos citados por alguns autores, os quais encontraram médias de 125 e 165 dias, para plantas jovens e adultas, respectivamente. O período de desenvolvimento de frutos variou de 104 a 219 dias com média de 135,5 dias. Os resultados de avaliação temporal do comportamento das estacas de verificou-se que em média as estacas subapicais alcançaram 68,06% de sobrevivência, enquanto as estacas apicais apenas atingiram 52,78%. As estacas apicais mantiveram apenas 38,46% das folhas remanescentes, enquanto as subapicais demonstraram maior capacidade de retenção das mesmas, com média em 51,39%. Esse resultado diferencial pode ser explicado pelo fato de que as estacas apicais possuem tecidos relativamente mais tenros que as subapicais e por isso são mais sensíveis aos tratamentos aplicados, embora normalmente estacas apicais sejam mais fáceis de conseguir enraizamento. Com relação à percentagem de enraizamento, foi detectada a presença de raízes em 32,22% das estaquias apicais e em 60,97% das estaquias subapicais. O desempenho das estacas de graviola quanto a área foliar demonstrou que os tratamentos de estacas apicais de 100%, 75% e 50% de área foliar apresentaram resultados superiores de matéria seca de raiz, contudo, apenas o tratamento apical com 100% de área foliar apresentou significância pelo teste de Tukey. Com relação a matéria seca de brotações novas, foi verificada um coeficiente de variação altíssimo e a analise de variância não apresentou diferença significativa entre os tratamentos, portanto o Teste de Tukey não foi necessário.
CONCLUSÃO:
Nas condições do presente trabalho verificou-se que as estacas subapicais de graviola apresentaram melhor resposta ao enraizamento, quanto comparadas com estacas apicais, entretanto os índices de enraizamento ainda são considerados baixos para propagação em massa. Ocorre sensível variação na duração das distintas fenofases da floração e frutificação da gravioleira as quais afetam o período de colheita do fruto, necessitando de estudos que conduzam a diminuição do período de quiescência.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: propagação, gravioleira, floração.