62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 2. Cirurgia
EFEITO DO NITROFEN NA FASE FINAL DA EMBRIOGÊNESE DA MUSCULATURA DO DIAFRAGMA EM RATOS SPRAGUE DAWLEY
Fabio Santana de Oliveira 1
Augusto Schimidt 2
Frances Lanhellas Gonçalves 2
Lourenço Sbragia Neto 3
Luiz Antonio Violin Pereira 4
1. Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP
2. Laboratório de Cirurgia Experimental Fetal - FCM - UNICAMP
3. Departamento de Cirurgia - Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP
4. Departamento de Histologia e Embriologia - Instituto de Biologia - UNICAMP
INTRODUÇÃO:
A hérnia diafragmática congênita (HDC) é uma malformação que ocorre em 1 a cada 2000 nascidos vivos. Sua mortalidade, de até 79%, é atribuída à hipoplasia e à hipertensão pulmonar, além da imaturidade bioquímica e estrutural, devido a uma falha do desenvolvimento da musculatura do diafragma. Há três grandes modelos experimentais: o modelo cirúrgico, por meio de punção transabdominal e dilatação do diafragma ou por toracotomia aberta. O modelo genético utiliza embriões de ratos knock-out para a proteina COUP-TF II, provavel antagonista do ácido retinóico. O modelo toxicológico surgiu da observação que a deficiência do retinol provoca HDC. Dentre os indutores do defeito, o mais utilizado é o herbicida Nitrofen. O mecanismo indutor do defeito é desconhecido. Há evidências que o Nitrofen iniba a sinalização de ácido retinóico em embriões, com o bloqueio da RALDH2. O diafragma primordial deriva do septo transverso, das membranas pleuro-peritoneais e da porção interna da parede abdominal. É nesse arcabouço que ocorre a migração dos precursores de miócitos. O processo é acompanhado da expressão de proteínas, como a alfa-actina, importante na contratilidade muscular; o produto de gene protéico e das cadeias pesadas de miosina, utilizadas para o estudo de músculos esqueléticos.
METODOLOGIA:
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética FCM - Unicamp. Ratas prenhes foram submetidas ao final à laparotomia nos DG 18,5; 19,5; 20,5 e 21,5 e foram divididas em 4 grupos experimentais: Controle Externo (CE), Controle Óleo de Oliva (OO), Nitrofen (N), e HDC, com espécimes expostas que desenvolveram HDC. Metade dos fetos foi emblocada para análise dos cortes axiais, tratados com poli-L-lisina, e corados para hematoxilina e eosina, além de anticorpo anti-miosina para imunoistoquímica. Outro desdobramento do projeto foi a criação da técnica de fotografia. Utilizando-se um tripé simples, estabeleceu-se a distancia focal de 0,5m, com o plano da lente paralelo ao plano do diafragma. Utilizou-se um quadrado milimetrado para as medidas. Como não havia disponível um programa adequado às medições, optou-se em converter a área do diafragma dada pelo programa em unidades pixel por mm2.. As imagens dos cortes em H&E e IHQ foram editadas por meio do software Image ProPlus 4.5.1.22. As imagens fotográficas foram editadas em microcomputador com utilização do software Adobe Photoshop 7.0 e Corel Draw 12. Os valores foram analisados pelo método de comparações não-paramétrico de ANOVA e a comparação entre os pares de cada grupo pelo teste de Turkey.
RESULTADOS:
Notamos que os fetos expostos ao Nitrofen com e sem HDC tiveram seu peso corporal diminuído em relação aos grupos CE e OO (P<0,001) como descrito na literatura. Houve um aumento progressivo da área do diafragma total (AD) em todos os grupos, sendo que nos grupos expostos ao Nitrofen a mesma estava diminuída. No grupo HDC, a área da hérnia aumentou progressivamente, enquanto a proporção entre a área hérnia / AD permaneceu estável (p>0,05). Isso demonstra que o crescimento da área da hérnia acompanha o crescimento do diafragma. Na análise histológica não houve diferença na disposição das fibras musculares mesmo nos fetos expostos ao nitrofen, corroborando a teoria de que a hérnia difragmática ocorreria devido a um defeito previamente à muscularização do diafragma. A IHQ parece demonstrar diminuição da marcação de fibras rápidas de miosina nos diafragmas expostos ao Nitrofen. Não existem relatos na literatura sobre a proporção de fibras rápidas de miosina na hérnia diafragmática. No entanto, uma transição tardia poderia agravar a insuficiência respiratória observada nesses neonatos, devido à fadigabilidade das fibras lentas comparadas às rápidas. Isso teria particular relevância nos primeiros minutos de vida do neonato e no momento de retirada do suporte ventilatório.
CONCLUSÃO:
A proporção da área da hérnia em relação à área do diafragma mantém-se constante nas três fases do desenvolvimento pulmonar acompanhando o crescimento do diafragma. Apesar de as fibras musculares não demonstrarem alterações à análise histológica, a imunomarcação para fibras rápidas de miosina nos expostos a droga parece diminuída, mostrando a necessidade de estudarmos com maiores detalhes a muscularização do diafragma neste modelo e alterações particulares aos diafragmas com HDC.
Instituição de Fomento: SAE/PIBIC
Palavras-chave: Hérnia Diafragmática Congênita, Nitrofen, Cirurgia Experimental Fetal.