62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 1. Biologia e Fisiologia dos Microorganismos
DETECÇÃO DE CALICIVÍRUS E ASTROVÍRUS EM DIFERENTES ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM-PA
Dielle Monteiro Teixeira 1
Elone Fleck 2
Darleise de Souza Oliveira 1
Joana D'Arc Pereira Mascarenhas 1
Lena Líllian Canto de Sá 2
Yvone Benchimol Gabbay 1
1. Seção de Virologia, Instituto Evandro Chagas/PA-SVS-MS
2. Seção de Meio Ambiente, Instituto Evandro Chagas/PA-SVS-MS
INTRODUÇÃO:
A qualidade da água representa uma das principais preocupações mundiais, pois vêm sendo ameaçada pela intensa ação humana e pela precariedade dos sistemas de esgoto, o qual é despejado nos ambientes aquáticos sem qualquer tratamento. Desta forma, ela se torna um dos principais veículos na transmissão de microorganismos patogênicos ao homem. Dentre estes patógenos, os vírus entéricos assumem importância, por serem causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos em países em desenvolvimento e, pela viabilidade que podem manter nos mais diversos tipos de ambiente. Os calicivírus humanos (HuCVs) - gêneros Norovirus (NoVs) e Sapovirus (SaVs) - e os astrovírus humanos (HAstVs) são vírus entéricos associados a surtos de gastroenterite envolvendo o consumo de água e alimentos (frutos do mar) contaminados. Muitos estudos já demonstraram que, valores mínimos dos atuais indicadores bacteriológicos de qualidade não estão relacionados com a presença ou ausência de contaminação viral. O advento de novas técnicas e o aprimoramento da biologia molecular têm estimulado o surgimento de novos estudos em virologia ambiental. O objetivo deste trabalho foi realizar a detecção dos HuCVs e HAstVs em amostras provenientes de diferentes ecossistemas aquáticos da Região Metropolitana de Belém-Pa.
METODOLOGIA:
Foram coletadas mensalmente, amostras de água e esgoto oriundas de sete diferentes locais, envolvendo cinco águas superficiais (Igarapé Tucunduba, Porto do Açaí, Ver-o-Peso, Lago Bolonha e Canal que liga o Lago Água Preta ao Bolonha), uma água tratada destinada a consumo (Saída da Estação de Tratamento de Água Bolonha) e uma de esgoto não tratado (Estação Elevatória de Esgoto do Canal do UNA). Para a pesquisa dos vírus, dois litros de cada amostra foi submetido ao método de adsorção-eluição em membrana filtrante carregada negativamente seguido de filtração com o uso de tubos concentradores de amostras líquidas do tipo AMICON (Milipore), obtendo-se volume final de 2 mL. Água destilada estéril foi utilizada como controle. O RNA viral foi extraído empregando-se duas metodologias: a técnica da sílica e o kit comercial QIAGEN. Após a obtenção do cDNA pela transcrição reversa, a Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) foi realizada utilizando-se os iniciadores: 289/290 que detectam os dois gêneros de HuCVs (NoVs e SaVs), Mon 432/434 e 431/433 referentes aos genogrupos GI e GII de NoVs, respectivamente e, Mon 269/270 relativo aos HAstVs.
RESULTADOS:
No período de 09/2008 a 05/2009 foram coletadas 60 amostras de água e esgoto, sendo que 18 materiais e 4 controles foram testados quanto à presença de HuCVs (NoVs e SaVs) e HAstVs. Duas amostras, uma proveniente do Igarapé Tucunduba e outra da Estação Elevatória de Esgoto do Canal do UNA, apresentaram-se positivas para NoVs (2/18 - 11,1%). Quanto aos HAstVs, todas foram negativas. A presença de NoVs no Igarapé Tucunduba e na Estação Elevatória de Esgoto do Canal do UNA se explica pelo fato de o primeiro receber ativamente resíduos oriundos de esgotos domésticos da população pelo qual se estende e, no segundo, por se tratar de esgoto bruto que não recebe qualquer tipo de tratamento de desinfecção.
CONCLUSÃO:
A positividade obtida para os NoVs (11,1%) é superior à encontrada em trabalho conduzido em Manaus (5,8%). No Japão, a utilização da técnica de PCR em tempo real, considerada mais sensível que o PCR convencional, possibilitou a detecção dos NoVs em mais de 90% das amostras oriundas de sistemas de tratamento de águas residuárias. Nesta pesquisa, os dados demonstram que há a circulação de vírus também nas águas e esgoto de Belém-Pa.
Instituição de Fomento: FAPESPA/ IEC-SVS-MS
Palavras-chave: calicivírus, astrovírus, ecossistemas aquáticos.