62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 1. Gerontologia
INCLUSÃO DIGITAL PARA A PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL: QUALIDADE DE VIDA, ALFABETIZAÇÃO EM INFORMÁTICA E PROCESSOS COGNITIVOS
Altemir José Gonçalves Barbosa 1
Natália Nunes Scoralick 2
Nathália Cristina da Silva 2
Márcia Maria Peruzzi Elia da Mota 3
1. Prof. Dr./Orientador - Depto. de Psicologia - UFJF
2. Depto. de Psicologia - UFJF
3. Profª. Drª. - Depto. de Psicologia - UFJF
INTRODUÇÃO:
Há uma abundante literatura que destaca que o uso de computadores promove o desenvolvimento de idosos, especialmente no que se refere às capacidades cognitivas e à qualidade de vida. Porém, faltam evidências empíricas, especialmente no Brasil, que dêem suporte para essas afirmações. Assim, foram promovidas Oficinas de Inclusão Digital para Idosos, que tiveram como propósito testar a hipótese de que um processo de alfabetização digital melhoraria as capacidades cognitivas de idosos, especificamente as memórias episódica e de trabalho, a meta-memória, a auto-eficácia em memória. Buscou-se, também, analisar as implicações de um processo de inclusão digital na promoção do envelhecimento saudável, mais especificamente na qualidade de vida. As oficinas foram realizadas uma vez por semana, cada uma com duração de duas horas. Os seguintes conteúdos foram abordados: ambiente operacional, ferramenta de desenho, processador de texto, processador de slides e navegador para Internet.
METODOLOGIA:
Foram recrutados 48 idosos que foram distribuídos em três grupos, sendo dois experimentais e um controle, respeitando a seqüência de listagem de inscrição. Ao final da primeira etapa do processo de inclusão digital, o GE1 contava com 12 participantes e o GE2 com 10, perfazendo um total de 22 indivíduos no grupo experimental (GE). O GC foi constituído por 16 colaboradores. Sendo assim, o total de participantes que concluíram este estudo foi 38 idosos. Os instrumentos utilizados para avaliar os processos cognitivos foram: . MEEM (avaliação da cognição global); . História (memória episódica); . Lista de Palavras (memória epsódica); . MSEQ (auto-eficácia); . Subteste Dígitos da escala WAIS-III (memória de trabalho); . MIA (metamemória); . Questionário de avaliação da aprendizagem em informática. Para avaliação da qualidade de vida foi utilizado no pré e no pós-teste, o instrumento WHOQOL-OLD, desenvolvido pelo Grupo de qualidade de vida (Grupo WHOQOL) da Organização Mundial de Saúde. Esse instrumento avalia a qualidade de vida em idosos a partir do ponto de vista do respondente, consistindo em 24 itens da escala Likert atribuídos a seis facetas: "funcionamento do sensório", "autonomia", "atividades passadas, presentes e futuras", "participação social","medo de morrer" e "intimidade".
RESULTADOS:
A análise multivariada dos dados revelou que o impacto da alfabetização em informática nos processos cognitivos considerados - memória, auto-eficácia em memória etc. - foi mínimo tanto para o GE quanto para o GC, mas, inicialmente, isso não pode ser atribuído ao experimento. O principal benefício do estudo foi a alfabetização em informática, uma vez que os participantes em geral eram analfabetos digitais no início e, ao final, exibiram capacidades em computação no nível intermediário para usuários. Constatou-se, ao considerar o escore bruto total do WHOQOL-OLD, que, apesar de ser possível notar uma leve tendência de aumento da qualidade de vida, especialmente para o GE, de fato, na análise de dados intragrupos não foi obtida diferença significante entre médias pré e pós-teste tanto para esse grupo (to = -1,27; p = 0,22) quanto para o GC (to = -0,50; p = 0,63). Ao efetuar a comparação entre grupos, verificou-se que eles obtiveram escores equivalentes no WHOQOL-OLD no pré-teste (to = 0,90; p = 0,37) e no pós-teste (to = 1,00; p = 0,32). Análises multivariadas confirmaram que não houve impacto da alfabetização em informática na qualidade de vida dos participantes.
CONCLUSÃO:
Constatou-se que os idosos que se inscreveram e participaram da pesquisa eram saudáveis, possuíam elevados níveis de qualidade de vida e tinham suas funções cognitivas preservadas. Como hipótese para explicar a não alteração na qualidade de vida e os resultados relativos às capacidades cognitivas, sugere-se a elevada linha de base dos idosos nessas variáveis no início do experimento, dificultando a alteração das mesmas. Assim, recomenda-se a realização de outras pesquisas que tenham como participantes idosos em condições de vida não saudáveis, como aqueles que residem em Instituições de Longa Permanência, e que apresentem indicadores de declínio cognitivo.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais_ FAPEMIG
Palavras-chave: Envelhecimento, Cognição, Alfabetização digital.