62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
A PRÉ-EXPOSIÇÃO AO ZINCO PREVINE AS ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS INDUZIDAS PELO MERCÚRIO
Cláudia Sirlene de Oliveira 1
Lucélia Moraes e Silva 2
Maria Ester Pereira 3
Carina Franciscato 2
1. Departamento de Química, Universidade Federal Santa Maria (UFSM). 
2. Departamento de Química, CCNE.; PPGBTox, UFSM, Santa Maria, RS. 
3. Prfa.Dra./Orientadora - Departamento de Química, CCNE.; PPGBTox, UFSM.
INTRODUÇÃO:
O mercúrio inorgânico (HgCl2) é conhecido por ser nefrotóxico e também pela sua afinidade por grupos sulfidrílicos, o que contribui para a sua toxicidade. A enzima sulfidrílica, porfobilinogênio sintase (PBG-sintase) é inibida pelo mercúrio (Hg). Estudos têm demonstrado que a pré-exposição ao Zinco (Zn) protege contra muitas alterações bioquímicas induzidas pelo Hg, quando estas são investigadas 24 horas após o fim da exposição ao Hg. Esse trabalho avaliou os efeitos tóxicos do Hg em ratos com 33 dias de idade expostos ao metal durante uma das fases de desenvolvimento pós-natal, e também o possível efeito preventivo do Zn.
METODOLOGIA:
Os ratos foram pré-expostos (s.c.) a uma dose diária de salina (NaCl 90 mg/kg/dia) ou ZnCl2 (27 mg/kg/dia) do 3° ao 7° de dia de idade. Após essa pré-exposição, os animais receberam salina ou HgCl2 (5 mg/kg/dia) do 8° ao 12° dia de idade. Vinte e um dias após a exposição ao Hg (33 dias de idade), os animais foram eutanasiados, fígado e rim foram removidos para a determinação da atividade da PBG-sintase e para a análise do conteúdo de Hg. A atividade da enzima alanina aminotransferase (ALT) e os níveis de uréia e creatinina foram determinados em soro.
RESULTADOS:
Os resultados mostram que quando ratos jovens são expostos ao mercúrio e observados por um longo período após o término da exposição observa-se que há animais menos sensíveis ao mercúrio, não apresentando qualquer alteração nos parâmetros analisados; e, há aqueles mais sensíveis, apresentando várias alterações: significante diminuição no ganho de peso corporal [F(3,56)=9.07, p<0.001] do 12° até o 33° dia de idade; diminuição no peso de fígado [F(3,16)=9.92, p<0.001] e aumento no peso de rim [F(3,16)=6.85, p<0.004]. Ainda, a exposição ao mercúrio induziu inibição da atividade da PBG-sintase renal [F(3,16)=8.92, p<0.001]; aumento nos níveis de uréia [F(3,20)=32.14, p<0.001] e creatinina [F(3,20)=32.14, p<0.001] e diminuição da atividade da ALT [F(3,16)=14.52, p<0.001]. A pré-exposição ao Zn preveniu todas as alterações causadas pelo Hg. A exposição ao Hg induziu um aumento nos níveis de Hg hepático [F(3,20)=7.43, p<0.002] e renal [F(3,20)=30.95, p<0.001], e a pré-exposição ao Zn diminuiu os níveis de Hg hepáticos e aumentou os níveis renais.
CONCLUSÃO:
Estes resultados mostram que os efeitos tóxicos do Hg persistem por um longo período, uma vez que estas mesmas alterações são verificadas quando as análises são realizadas 24 h após o término da exposição. Ainda, observou que o Zn é capaz de prevenir esses efeitos, mesmo quando apresentados tardiamente. Mais estudos são necessários para determinar os reais mecanismos envolvidos no efeito preventivo do zinco. Entretanto, pode-se sugerir que estes estejam, pelo menos em parte, relacionados à indução da síntese de metalotioneínas, que ao ligar-se ao mercúrio torná-lo-ia indisponível para exercer seus efeitos tóxicos.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico - CNPq/UFSM
Palavras-chave: Mercúrio, Zinco, Ratos jovens.