62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E HÁBITOS DE VIDA DE ADULTOS COM LESÃO MEDULAR
Alexsandro Silva Coura 1
Eurípedes Gil de França 1
Cibely Freire de Oliveira 2
Giovanna Karinny Pereira Cruz 2
Juliana Raquel Silva Souza 2
Inacia Sátiro Xavier de França 3
1. Mestrado em Saúde Pública, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Depto. de Enfermagem, UEPB
3. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Enfermagem, UEPB
INTRODUÇÃO:

A elevação da violência vem intensificando os números da Lesão Medular - LM que afeta, principalmente, jovens, homens, solteiros e residentes em área urbana. O acidente de trânsito e a agressão por arma de fogo são os principais exemplos da violência e, consequentemente, de lesão determinante de deficiência. O indivíduo com LM tem uma deficiência que acarreta alterações no seu cotidiano, pois esse agravo causa perda parcial ou total da motricidade e sensibilidade, além de comprometimento vasomotor, intestinal, vesical e sexual. Tais alterações modificam o estilo de vida das pessoas acometidas. O estudo justifica-se diante das dificuldades enfrentadas pelos lesionados de desenvolverem atividades da vida diária e hábitos saudáveis; da ínfima produção científica nessa abordagem e dada a possibilidade de contribuir para o planejamento de uma assistência holística e do fortalecimento de políticas públicas de saúde voltadas para a LM, que visem melhorar os hábitos e a qualidade de vida dessas pessoas. Foram traçados como objetivos para o estudo verificar o perfil sócio-demográfico de adultos com LM residentes em Campina Grande - PB, averiguar quais os hábitos de vida dessas pessoas e descrever a etiologia da LM apresentada pelos sujeitos do estudo.

METODOLOGIA:

Estudo epidemiológico, censitário, transversal e quantitativo. Foi realizado no ano de 2009 em todas Unidades Básicas de Saúde da Família-UBSF existentes em Campina Grande, cidade localizada no Agreste da Borborema, com 383.764 habitantes, área de 621 Km2 e PIB per capta de 8.349 reais. A cidade está dividida em seis distritos sanitários e 62 UBSF. A população foi composta por todos lesados medulares adscritos às UBSF. A amostra foi composta por 47 participantes. Critérios de inclusão: possuir 18 anos ou mais, LM, residir em Campina Grande e aceitar participar. Foram excluídas da amostra as pessoas que apresentavam déficit da função cognitiva. Foi utilizado um questionário com 26 questões, que foi preenchido pelo pesquisador mediante as respostas dos participantes. As questões versavam sobre variáveis sócio-demográficas, hábitos de vida e etiologia da LM. A estratégia para aproximação dos sujeitos e coleta de dados foi a visita domiciliar, com o acompanhamento do Agente Comunitário de Saúde da Estratégia Saúde da Família. Os dados foram implantados e analisados no programa Epi Info versão 3.5.1 e apresentados em tabelas. A resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde foi respeitada e a coleta de dados só foi iniciada após aprovação no Comitê de Ética da UEPB.

RESULTADOS:

Utilizando-se a estatística descritiva das medidas de posição, verificou-se: 91,5% do sexo masculino e 8,5% do feminino; Idade: 19-29: 17%, 30-40: 29,8%, 41-51: 23,4%, 52-62: 23,4% e 63-73: 6,4%; Na época da lesão a maior parte (48,9%) tinha entre 13 e 30 anos; Raça: Branca (31,9%), Negra (29,8%) e Parda (38,3%); As etiologias foram: arma de fogo (31,9%), queda (27,7%), impacto de objeto (10,6%), pós-cirúrgico (10,6%), tumores (6,4%), acidente automobilístico (6,4%), esquistossomose (4,3%) e levantamento de peso (2,1%); A maioria era alfabetizado com um percentual de 61,7; Eram de baixa renda, pois 70,2% possuía renda mensal de um a dois salários mínimos; No concernente aos hábitos de vida a maioria afirmou não fumar (85,1%). Nos tabagistas, 85,7% fumam menos de uma carteira por dia; A maioria não ingere bebida alcoólica (72,3%); A maioria toma café (89,4%). Destes 31% ingere uma vez ao dia, 45,2% de duas a quatro vezes e 23,8% mais de quatro vezes. A maioria não pratica qualquer atividade física (63,8%). Os dados supracitados são preocupantes e corroboram com a literatura, pois as sequelas da LM associadas aos maus hábitos de vida podem aumentar a incidência de problemas cardiovasculares, circulatórios e metabólicos nos acometidos.

CONCLUSÃO:

Pode-se concluir que a maioria das LM ocorrem em homens, jovens, com baixa renda e baixa escolaridade; Que as etiologias mais frequentes estão relacionadas com a violência das cidades, sendo os acidentes por arma de fogo a mais presente; E que, apesar da maioria dos lesados medulares não fumar e não beber, apresentam risco para desenvolver doenças do aparelho cardio-circulatório, pois somadas às sequelas, vivem de maneira sedentária. A limitação do estudo foi a impossibilidade de diferenciar os participantes com LM completa dos com LM incompleta. Sugere-se a realização de estudos de intervenção com atividades físicas para lesados medulares. Recomenda-se o aperfeiçoamento das políticas públicas para pessoas com deficiência e o desenvolvimento de atividades específicas para pessoas com LM nas UBSF, bem como a capacitação para os profissionais da Estratégia Saúde da Família no tocante à assistência de pessoas com necessidades especiais.

Instituição de Fomento: Programa Institucional de Iniciação Científica - PROINCI/UEPB
Palavras-chave: Pessoas com Deficiência, Fatores Socioeconômicos, Hábitos.