62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
A LEITURA E A ESCRITA NA PERSPECTIVA DAS CRIANÇAS MORADORAS DE UM ASSENTAMENTO RURAL
Cristiane Sulino Gonçalves 1
Débora de Barros Silveira 2
1. Acadêmica do Curso de Letras / Habilitação Português e Espanhol - UEMS
2. Professora adjunta da UEMS
INTRODUÇÃO:
O ensino da leitura e da escrita é uma das principais tarefas da escola em nossa sociedade. A capacidade de ler e escrever são importantes para a aprendizagem em todas as disciplinas escolares e para que as pessoas exerçam seus direitos, possam trabalhar e participar da sociedade com cidadania, se informar e aprender coisas novas ao longo de toda a vida. Este estudo teve como objetivo principal identificar o que as crianças de um assentamento rural falam sobre o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita oferecido pela escola que frequentam. Além disso, procuramos também conhecer as perspectivas delas sobre a escola e sobre as aulas de Língua Portuguesa; verificar quais são as leituras que costumam fazer no seu dia a dia; apresentar as condições vividas pelas crianças nos assentamentos e apontar quais são os pontos favoráveis e desfavoráveis em relação à vivência em um assentamento rural e a frequência a uma escola localizada em uma zona urbana. Identificar aquilo que as crianças pensam sobre a leitura e a escrita, escola e as aulas de Língua Portuguesa podem nos auxiliar a pensarmos em melhorias na prática pedagógica ocorrida nas escolas.
METODOLOGIA:
A coleta de dados para este estudo foi realizada com crianças que residem no assentamento rural Raimundo Lopes Pereira, no município de Nova Alvorada do Sul - MS. Para a elaboração desse estudo, o caminho escolhido foi a realização de uma pesquisa de caráter qualitativo. A metodologia utilizada foi composta por estudo bibliográfico e estudo de campo, este último constituído por entrevistas com as crianças, a escrita de um diário relatando as atividades que realizam em um dia todo e o preenchimento de um questionário. Nesse questionário elas escreveram sobre o que achavam da escola, sobre a vida no assentamento, o que mudariam em suas vidas como moradoras do assentamento e o que mudariam na escola que frequentam. Nesses instrumentos escritos, além de conhecermos as concepções das crianças pudemos também ter acesso à escrita de cada uma delas. As entrevistas foram realizadas com cada uma das crianças, foram gravadas e depois transcritas. Cinco crianças de sete a doze anos de idade participaram do processo de coleta de dados que ocorreu no mês de janeiro de 2009.
RESULTADOS:
Todas as crianças afirmaram que gostam de ir à escola e justificaram o fato citando os amigos, os professores, as conversas e as brincadeiras. Além disso, todas apontam também as aprendizagens ocorridas por meio da instituição escolar. Das cinco crianças entrevistadas, quatro afirmam que gostam da disciplina Língua Portuguesa e, em geral, elogiam a professora da disciplina ou a maneira que esta ministra as aulas. Elas esperam que as aulas de Língua Portuguesa serão importantes para as suas vidas quando adultas. Em se tratando das aprendizagens e do ensino de leitura e escrita ou suas concepções sobre estes processos, obtivemos várias respostas. Todas disseram que apreciam ler, três afirmaram que gostam de escrever e duas que não. Sobre as leituras todas elas dizem que lêem em suas casas. Apontam a leitura de livros infantis, livros de poesias, contos e o livro didático adotado e distribuído pela escola. Todos afirmam seguramente que sabem ler e escrever e pudemos constatar que realmente sabem, embora apresentem certas deficiências na escrita, pois em alguns aspectos ortográficos, cometem alguns tropeços, que poderiam ser trabalhados pela escola para a possível superação dos mesmos.
CONCLUSÃO:
Ler e escrever é um conhecimento indispensável para a aprendizagem de todos os conteúdos das matérias escolares e por isso todos os professores devem se preocupar em auxiliar no desenvolvimento dessas habilidades e esse não deve ser um trabalho isolado do professor da disciplina de Língua Portuguesa. As crianças devem ser instigadas a lerem textos de diversas tipologias. É evidente que os professores terão que ler também, para demonstrar que há prazer na leitura. Ler sem que exista uma exigência da escola ou do professor e ter a leitura como fonte de conhecimento deve ser um objetivo da escola. Se os professores quiserem intensificar o trabalho de leitura e escrita, isso é possível, pois todas as crianças disseram que apreciam ler e a maioria respondeu que gostam de escrever. Ao expressarem que gostam de ler, dá para supor que é possível intensificar esse exercício, que contribuirá para que ocorra o domínio ortográfico da escrita. Ouvir o que as crianças têm a nos dizer sobre a leitura, a escrita, a escola e suas vidas pode contribuir para o direcionamento de ações que visem à melhoria das instituições escolares existentes para recebê-las e nos auxiliar na delimitação de caminhos que torne o ensino da leitura e da escrita e a frequência a escola mais atrativa para elas.
Instituição de Fomento: Programa de Iniciação Científica - PIBIC/UEMS
Palavras-chave: Criança, Leitura, Escrita.